Nove em 10 MEIs criados na pandemia são ligados à moda

De acordo com levantamento feito pelo Sebrae, com base em dados da Receita Federal, nos dois primeiros semestres de 2020 e 2021 quase meio milhão de brasileiros resolveram empreender em moda. O resultado representa um aumento de 16,5% se comparado com o mesmo período de 2018 e 2019. A pesquisa revela ainda que cerca de 90% desses empreendimentos são compostos por microempreendedores individuais (MEI), totalizando 440,9 mil negócios formalizados.

Entre as atividades levantadas pelo Sebrae, a que conta com maior número de pequenos negócios é o comércio varejista do vestuário e acessórios, que engloba mais de 78% dos negócios da moda, com 390,6 mil microempreendedores individuais e micro e pequenas empresas. Logo em seguida, estão os negócios que comercializam tecidos e roupas de cama, mesa e banho, com 57,5 mil empresas abertas nos dois primeiros semestres de 2020 e 2021.

De acordo com a 9ª edição da Pesquisa de Impacto do Coronavírus nas Micro e Pequenas, realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), o segmento da moda foi o que mais realizava vendas pela internet nessa edição do estudo: 84% dos empreendedores disseram que estavam utilizando o comércio eletrônico para negociar seus produtos, número bem superior à média de 70%. O canal preferido para realizar negócios citado pelos empreendedores foi o WhatsApp, adotado por 89% dos pequenos negócios da moda que usam o comércio eletrônico, seguido pelo Instagram (67%), Facebook (57%) e site próprio, com apenas 19%. Esses empreendedores ainda citaram plataforma como Mercado Livre, OLX e aplicativos de entregas como canais de comercialização de seus produtos.

Mesmo assim, quando o assunto é item de beleza, com a alta do comércio eletrônico, seis em cada 10 consumidores ainda preferem ir às lojas. Pesquisa realizada com a startup Opinion Box, a Flora (detentora das marcas Neutrox, Kolene e Francis) constatou que o motivo para a preferência do presencial fica por conta da experimentação, com os consumidores escolhendo testar cheiros, texturas e diferenciais dos cosméticos ainda na loja: 64% do público preferem realizar as compras em lojas físicas, principalmente de cosméticos e produtos para cuidados pessoais.

O estudo entrevistou 449 homens e 672 mulheres acima de 16 anos de todas as regiões do país, para mais de 60% dos entrevistados, o grande motivo de escolher a loja física é “ver e sentir” o produto pessoalmente. A experimentação, inclusive, é um fator transformador na opinião dos consumidores entrevistados, visto que 84% informaram que já compraram produtos que receberam como amostra grátis.

Quando não há a possibilidade de experimentar o produto, a opinião de amigos ou familiares vale tanto ou até mais que a indicação de especialistas, quase metade dos entrevistados (48%) indicaram que estariam mais propensos a comprar um produto caso tenha recebido uma indicação, contra 44% que compraria caso tivesse a sido recomendado por um especialista.

Segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), no terceiro trimestre as franquias injetaram cerca de R$ 41,140 bilhões na economia. Comparado com anos anteriores, obteve-se uma variação de -35,7% de 2019 para 2020, e de +48,4% para 2021.  Ainda segundo a ABF, as franquias cresceram quase 7% e o segmento de beleza e estética é um dos mais lucrativos: dados feitos pelo Euromonitor International, o Brasil é o quarto maior mercado de beleza e cuidados pessoais do mundo, sendo superado apenas pelos EUA, China e Japão. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o setor cresceu cerca de 567%, envolvendo mais de 480 mil profissionais. No ramo de franquias, na área da saúde, beleza e bem-estar, faturou-se aproximadamente R$ 34,2 bilhões. Também dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) mostraram que seis em cada 10 pessoas dizem-se vaidosas e mais de 60% consideram que cuidar da beleza não é um luxo em si, mas uma necessidade. Desses, mais da metade expressaram que gastar dinheiro para melhorar a aparência física é digno de investimento, ainda mais com a sensação contemplativa após algum procedimento realizado.

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