Novembro Roxo: prevenção da prematuridade e o cuidado com o bebê prematuro

Por: Tilza Tavares é pediatra, neonatologista, diretora técnica do Neocenter Maternidade, em Belo Horizonte/MG

Todos os anos, a campanha Novembro Roxo é celebrada internacionalmente no dia 17 de novembro para promover o reconhecimento da prematuridade e desempenhar ações de conscientização sobre a importância de prevenir o parto prematuro, além de ressaltar os cuidados para uma gestação mais segura.

Conforme recente levantamento realizado pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz), esta realidade é assustadora. De acordo com o estudo, nascem no mundo, anualmente, cerca de 15 milhões de prematuros, ou seja, 10% do total de nascimentos. No Brasil, a taxa chega a 11,5%.

Diante dessa realidade, nossa mensagem se sustenta em três pilares: o primeiro, a importância da prevenção; o segundo, o cuidado com o prematuro que já nasceu (os desafios desse pequeno são muito grandes e a caminhada por vezes muito longa); e o terceiro, a conscientização da sociedade ao receber esse indivíduo na comunidade.

O evento foi lançado em 2009 e, desde então, vem acontecendo todos os anos.  Símbolo de sensibilidade e individualidade, a cor roxa da campanha representa características peculiares aos prematuros, como transmutação, mudança e magia.

O bebê prematuro é toda criança que nasce com menos de 37 semanas, isto é, até 36 semanas e 6 dias. Os prematuros são classificados em: prematuro extremo (bebê que nasce com menos de 28 semanas), o muito prematuro (que nasce entre 28 e 31 semanas e 6 dias), o prematuro moderado (entre 32 e 33 semanas e 6 dias), e o prematuro tardio (de 34 a 36 semanas e 6 dias).

A sobrevida é menor nos prematuros extremos. A taxa gira em torno de 85%. Nos prematuros de 24 a 26 semanas, essa sobrevida cai para 60%. A sobrevivência não é o nosso ponto final, mas sobreviver com qualidade nos importa tanto quanto.

Importante ressaltar também que os prematuros tardios, que nascem por algum equívoco do cálculo da sua idade gestacional, principalmente os próximos ao termo, vêm diminuindo. E isso se deve muito à conscientização dos profissionais da saúde.

As causas da prematuridade são várias. Entre elas, podemos citar a gestação múltipla, tabagismo, uso de álcool na gravidez, a insuficiência placentária (quando a placenta não consegue nutrir o feto), doenças maternas como diabetes e hipertensão e infecção materna. Dentro deste quadro, os bebês prematuros extremos têm maior risco, pois estão mais sujeitos à displasia broncopulmonar, à retinopatia, à hemorragia intraventricular e à leucomalácia periventricular. Mas, como já dissemos, esses desfechos vêm diminuindo a cada ano.

Outro ponto importante a ser observado é que os bebês prematuros e suas famílias podem administrar muito bem, e de forma notável, as suas dificuldades. A presença de uma deficiência, inclusive, não impossibilita a qualidade de vida na adolescência.

A prematuridade acompanha os bebês por um bom tempo em suas vidas. Eles podem ter um cognitivo normal, mas, geralmente, são pessoas muito introjetadas e frágeis. Nesse sentido, a escola precisa saber e entender o que é esta luta pela sobrevivência. O papel de nossos educadores é de extrema importância no acolhimento desses pequenos guerreiros.

Por sua vez, os pais têm um poder de superação que não conseguimos imaginar. Aprendem a viver um dia de cada vez e sabem que os seus filhos serão sempre o melhor que puderem ser, dia após dia. Os prematuros de extremo baixo peso têm um desfecho mais favorável do que as pessoas esperam. Apesar das dificuldades, têm uma vida independente, estão empregados e não têm uma vida menos favorável do que aqueles que nasceram com bom peso.

Em geral, um bebê prematuro fica um bom tempo hospitalizado. Quanto mais prematuro, maior tempo de internação. Em se considerando que precisa amadurecer, ele levará, então, mais tempo para alcançar a maturidade ideal. A caminhada deles é mais difícil, como também são maiores os seus desafios.

Mas, hoje, houve muito avanço na assistência médico-hospitalar à prematuridade. O grande divisor de águas foi o corticoide materno, administrado durante a gestação. Os ventiladores mais modernos também fizeram a diferença no desfecho desses bebês. Nos dias atuais, também, o refinamento do cuidado faz muita diferença na qualidade de vida deles.

Um pré-natal bem acompanhado, principalmente nas mulheres com algum risco, é de fundamental importância na prevenção da prematuridade, além do cálculo da data provável do parto para evitar nascimentos antes do tempo. História de outro parto prematuro, mãe com problema prévio de pressão alta, diabetes, gestação gemelar, infecção durante a gravidez são também fatores de risco para nascimento prematuro.

Finalizando, importante dizer para a futura mãe seguir as orientações de seu obstetra. Assim, terá uma gestação segura.