Sua pele está sensível? Veja o que fazer e o que não fazer enquanto o problema não estiver resolvido

Há uma lista do que você pode fazer para melhorar o estado sensibilizado da sua pele e outras coisas que você deve evitar a todo custo

Recentemente, dermatologistas notaram uma verdadeira epidemia de peles sensíveis, por inúmeras razões, com pacientes reclamando de eritema (vermelhidão ou erupções), descamação, inchaço ou aspereza da pele, além de sinais sensoriais como coceira, sensação de estiramento, ardor ou formigamento. A dermatologista Dra. Patrícia Mafra, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica que a pele sensível é caracterizada pelo comprometimento da função protetora de barreira da pele, fazendo com que ela fique suscetível a fatores externos irritantes, como bactérias, substâncias químicas, alérgenos, entre outros. “A pele sensível é um estado. Porém, essa sensibilidade da pele pode ser um sintoma de algumas doenças, que podem, por exemplo, alterar essa função de barreira protetora tornando a pele sensível. É o que ocorre nas dermatites seborreica e atópica”, acrescenta a médica. Segundo o geneticista Dr. Marcelo Sady, Pós-Doutor em Genética e diretor geral Multigene, a genética também influencia na sensibilidade da pele. “No caso da pele sensível, que é mais vulnerável aos agressores, vários marcadores estão envolvidos: TNF ALFA, IL-6 e IL-1BETA. Eles são sentidos com maior desconforto cutâneo e inflamação, enquanto a expressão do gene GSTP1 pode indicar maior propensão a alergias. Saber de tudo isso, por meio de um exame genético, pode impactar na escolha de cremes, para estimular a defesa imunológica cutânea”, completa o geneticista. “Ela pode ocorrer no rosto, lábios, mãos, corpo e no couro cabeludo. E também pode ser desencadeada por mudanças físicas, sejam elas temporárias, como a gravidez, ou contínuas, como o envelhecimento”, explica a dermatologista. Abaixo, consultamos especialistas para saber o que fazer e – definitivamente – o que é proibido durante o período em que sua pele estiver sensível.

O QUE FAZER

*Leia os rótulos – “Não use ingredientes agressivos (sintéticos ou naturais) ou trate demais a pele. Na hora da limpeza, evite surfactantes agressivos que retiram a oleosidade natural da pele e desnaturam as proteínas. Tenha o mesmo cuidado com ingredientes irritantes (sintéticos ou naturais), como conservantes, óleos essenciais e outros produtos químicos, nos produtos que você aplicar depois”, diz a Dra. Roberta Padovan, médica pós-graduada em Dermatologia e Medicina Estética. Procure sempre no rótulo as palavras “suave” ou “pele sensível”. Em seguida, dê um passo adiante. Verifique os ingredientes. Você pode identificar o que provavelmente o fará incendiar e evitá-lo. Como regra geral, quanto menos ingredientes, melhor. “Evite álcool no rosto. Eles são frequentemente encontrados em toners, e as pessoas com acne ou pele oleosa adoram como eles desengorduram a pele, mas isso tem um custo tremendo. Esses álcoois ressecantes danificam o microbioma e, por sua vez, a barreira da pele. Eles costumam ser listados nos rótulos como álcool SD, álcool desnaturado, álcool etílico ou álcool isopropílico”, explica a Dra. Roberta.

*Hidrate – A pele seca pode causar irritação na pele e o aparecimento de doenças como eczema. A melhor maneira de evitar que a pele resseque é reter água dentro dela. O dermatologista Dr. Daniel Cassiano, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, orienta: “Use sabonete tipo syndet (detergente sintético que contém menos de 10% de sabonete); nunca esfoliar ou esfregar a pele com bucha; usar água termal após lavar e sempre hidratar a pele. Também é importante preferir filtros minerais”, explica o Dr. Daniel. Filtros minerais são aqueles compostos pelo dióxido de titânio e o óxido de zinco, sem a presença da fotoproteção química. Segundo a Dra. Patrícia, para restaurar as peles sensíveis e secas, é importante escolher produtos que reforcem a função de barreira e proteja contra a perda de umidade. “Ao escolher um produto de cuidados para peles sensíveis, não basta apenas garantir que ele não tenha substâncias irritantes. O produto deve funcionar ativamente abaixo da superfície da pele, estimulando os seus próprios processos de renovação e as defesas naturais. Ceramidas e ácidos graxos são constituintes naturais da barreira do corpo. Produtos com esses agentes podem auxiliar, assim como glicerina, vitamina E e óleos vegetais de alta qualidade, ricos em ácido linoléico, pois eles fortalecem a função natural de barreira da pele. Atualmente existem bons produtos no mercado destinados a peles sensíveis”, explica a Dra. Patrícia. “Mas o mais importante é buscar ajuda de um médico dermatologista para ajudar a identificar a causa e tratar essa irritação na pele”, acrescenta.

*Encurte os banhos – Já te disseram que o banho quente e longo retira lentamente a oleosidade natural da pele? Pois isso é a mais pura verdade. “A água quente retira a barreira de proteção da pele, o manto lipídico. E isso é ainda pior se houver exagero no uso de sabonete. Portanto, o ideal é um banho morno e rápido! Pode demorar na hidratação, após o banho!”, explica a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Esses hidratantes são parte fundamental do tratamento e os pacientes devem ser encorajados a aplicá-los em todo corpo diariamente. Quanto mais, melhor (o inverso do banho!). Podem ser aplicados com a pele ainda úmida. O hidratante ideal deve ter substâncias umectantes (como glicerina e erythriol), componentes lipídicos (como ceramidas e ácidos ômega), e osmorreguladores (como imperata cilindrica e homarine). Hidratantes mais recentes com ativos anti-inflamatórios e prebióticos foram criados e estão apresentando bons resultados”, diz a Dra. Paola.

*Faça um teste de contato – Se você ainda está aprendendo o que o irrita, é uma ideia inteligente fazer um teste de patch com qualquer novo produto antes de se comprometer. Escolha uma pequena seção de sua pele e aplique um pouco. Se notar uma reação em 72 horas, você saberá que esse não é um produto para você.

*Esqueça produtos com fragrância – Muitos produtos de beleza prometem cheiros doces como um argumento de venda. Mas a fragrância é um complemento que sua pele sensível não precisa – e muitas vezes não consegue lidar. “Os hidratantes devem ser isentos de fragrâncias, preservativos e álcool. Evitar também lactato de amônio e ureia nas fórmulas. Resumindo: hidratante branco sem perfume. Ativos como ceramidas e vitamina E são bem-vindos”, explica a Dra. Paola.

*Escolha roupas com cuidado – Lã e outros tecidos ásperos podem causar coceira, mesmo que sua pele não seja sensível. A lã pode até causar erupções alérgicas. A lanolina é uma cera natural encontrada na lã e algumas roupas ainda a apresentam. Opte por opções mais suaves, como algodão e seda.

O QUE EVITAR (A TODO CUSTO)

*Lidar com produtos de limpeza agressivos – Os produtos químicos encontrados em produtos de limpeza comuns podem causar estragos na pele sensível. “Poeira, produtos químicos, giz, partículas, todos esses irritam a pele”, afirma o dermatologista Dr. Abdo Salomão Jr, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Fique longe de produtos com rótulos de advertência sobre irritação da pele e evite ingredientes como alvejante, álcool, amônia, acetato de monobutila de etilenoglicol, hipoclorito de sódio e fosfato trissódico. Na dúvida, use luvas!

*Esfregar a pele – Os dermatologistas dizem que você não precisa esfoliar para limpar a pele. Isso pode piorar seus sintomas. “O erro mais comum é esfregar muito a pele no banho. A pele já sofre com um ressecamento e alguns pacientes ainda no banho passam muito sabonete e muita bucha, removendo o pouquinho de oleosidade que ainda têm; e aí ressecam ainda mais a pele”, explica o dermatologista Dr. Abdo Salomão Jr.

*Entupir a pele com cosméticos – Você não precisa jogar fora todos seus cosméticos se sua pele estiver sensível. Mas você também não deve usar vários produtos, um atrás do outro. “Opte por opções não impermeáveis que não sejam muito grossas. Procure ‘não comedogênico’ no rótulo e produtos dermatologicamente testados”, explica o Dr. Abdo. Isso vale também para a maquiagem.

*Expor a pele às agressões climáticas – Cubra-se quando estiver frio lá fora. Envolva a pele sensível do rosto com um lenço macio. Cubra as mãos com luvas para evitar queimaduras pelo vento e ressecamento. “Siga uma rotina diária de protetor solar durante todo o ano para bloquear os raios prejudiciais. Sim, mesmo em dias nublados eles danificam o tecido cutâneo”, explica a Dra. Paola. “Para crianças e adultos com pele sensível, recomendamos o uso de filtros solares físicos”, afirma o Dr. Daniel Cassiano.

*Fumar – “O cigarro basicamente prejudica a circulação sanguínea e, consequentemente, a oxigenação e aporte de nutrientes de tecidos periféricos, incluindo a pele. As substâncias tóxicas do cigarro também levam a um quadro altamente inflamatório, sensibilizando a região que pode sofrer com irritação”, explica a Dra. Paola. Evite a todo custo fumar!

*Estressar-se – É normal ficar ocupado ou preocupado de vez em quando, mas isso pode afetar você por dentro e por fora. “Muitos tipos de células da pele, incluindo células imunológicas e células endoteliais (células que alinham os vasos sanguíneos), podem ser reguladas por neuropeptídeos e neurotransmissores, que são substâncias químicas liberadas pelas terminações nervosas da pele. O estresse ajuda a liberar um nível maior dessas substâncias e, quando isso ocorre, pode afetar o modo com o qual nosso corpo responde a muitas funções importantes, como sensação e controle do fluxo sanguíneo. Além disso, a liberação desses produtos químicos pode levar à inflamação da pele, o que reduz a eficácia dessa função barreira da pele”, explica a Dra. Patrícia Mafra. Tentar controlar o estresse é fundamental!

*Comer Junk foods – Segundo a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), as intolerâncias não diagnosticadas ou não tratadas e as alergias alimentares, tais como ao glúten, laticínios, aditivos, polióis, ovos e outras proteínas, podem resultar em inflamação e erupções da pele, que culminam com maior sensibilidade no tecido cutâneo. “Da mesma forma, uma dieta altamente inflamatória, rica em carboidratos de alto índice glicêmico, como as farinhas brancas, doces, guloseimas e produtos ultraprocessados, pode influenciar também na função barreira da pele, o que traz consequências negativas, aumentando a irritação e descamação da pele. A desidratação, por excesso de transpiração ou baixo consumo de água, também pode ressecar a pele e colocá-la sob estresse”, finaliza a médica nutróloga.

FONTES:

*DR. ABDO SALOMÃO JR: Doutor em Dermatologia pela USP (Universidade de São Paulo). É sócio Efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Membro da American Academy of Dermatology (AAD), Sociedade Brasileira de laser em Medicina e Cirurgia e do Colégio Ibero Latino Americano de Dermatologia. Professor universitário, Dr. Abdo Salomão Jr. ministra aulas nos principais congressos nacionais da especialidade. Além disso, já deu aulas na Austrália, Itália e Coréia do Sul. É uma referência em conhecimento de lasers e tecnologias para fins dermatológicos e estéticos. Diretor da Clínica Dermatológica Abdo Salomão Junior.

*DR. DANIEL CASSIANO: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. Cofundador da clínica GRU Saúde, o Dr. Daniel Cassiano é formado pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e Doutorando em medicina translacional também pela UNIFESP. Professor de Dermatologia do curso de medicina da Universidade São Camilo, o Dr. Daniel possui amplo conhecimento científico, atuando nas áreas de dermatologia clínica, cirúrgica e cosmiátrica.

*DRA. PAOLA POMERANTZEFF: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), tem mais de 10 anos de atuação em Dermatologia Clínica. Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina Santo Amaro, a médica é especialista em Dermatologia pela Associação Médica Brasileira e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, e participa periodicamente de Congressos, Jornadas e Simpósios nacionais e internacionais. http://www.drapaola.me/

*DRA. PATRÍCIA MAFRA: Dermatologista, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Graduada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCM-MG), com estágio em Dermatologia pelo Grupo Santa Casa e acompanhamento do Serviço de Ginecologia e Sexologia do Hospital Mater Dei, Dra. Patrícia Mafra é expert em injetáveis e speaker em eventos nacionais e internacionais, palestrando sobre temas ligados à área de atuação. A dermatologista também foi preceptora de Medicina Estética do Instituto Superior de Medicina (ISMD). https://patriciamafra.com.br/

*DRA. ROBERTA PADOVAN: Médica Pós-graduada em Dermatologia. Graduada em Medicina pela Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE) e especialista em Medicina Estética e Dermatologia pela INCISA. Com participação regular em congressos, jornadas e cursos nacionais e internacionais, a médica é proprietária de duas clínicas, no Maranhão e em São Paulo, com diversos tratamentos para saúde e beleza da pele. Além disso, atuou como médica residente no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. www.robertapadovan.com.br

*DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo.

*DR. MARCELO SADY: Pós-doutor em genética com foco em genética toxicológica e humana pela UNESP- Botucatu, o Dr. Marcelo Sady possui mais de 20 anos de experiência na área. Speaker, diretor Geral e Consultor Científico da Multigene, empresa especializada em análise genética e exames de genotipagem, o especialista é professor, orientador e palestrante. Autor de diversos artigos e trabalhos científicos publicados em periódicos especializados, o Dr. Marcelo Sady fez parte do Grupo de Pesquisa Toxigenômica e Nutrigenômica da FMB – Botucatu, além de coordenar e ministrar 19 cursos da Multigene nas áreas de genética toxicológica, genômica, biologia molecular, farmacogenômica e nutrigenômica.