PIX só perde para boleto em lista de meios de pagamento do e-commerce

Em janeiro de 2022, a aceitação de PIX pelas maiores lojas virtuais atingiu o patamar recorde de 64,4%, segundo a edição mais recente do Estudo de Pagamentos Gmattos, um salto de 8,5 pontos percentuais na comparação com a edição de dezembro do levantamento. No monitoramento efetivado no último mês do ano passado, o meio de pagamento era aceito por 55,9% dos comércios virtuais, dado que representava uma pequena oscilação negativa em relação ao seu desempenho em novembro (59,3%).

Com a retomada de janeiro último, fomentada inclusive pela adesão de lojas de grande representatividade ao PIX, ele passa a ameaçar, no ranking das formas de pagamento no comércio eletrônico no país, a posição do boleto, cujo segundo lugar, com 74,6% tanto em dezembro de 21 quanto em janeiro de 22, parecia inabalável, embora com uma penetração estacionada.

“Mantida a velocidade média de crescimento do PIX, sua aceitação poderá alcançar os boletos em março ou, no mais tardar, em maio deste ano. Contudo, novas inclusões tendem a ser mais difíceis do que aquelas conquistadas até agora, devido ao alto patamar já alcançado”, estima Gastão Mattos, cofundador e CEO da Gmattos.

Na avaliação do especialista, alguns fatores devem ajudar a manter a modalidade em crescimento. “Se confirmada a agenda de novas funcionalidades para o PIX em 2022, como o PIX parcelado, um novo impulso na sua aceitação poderá ser observado”, afirma.

Ainda segundo o estudo, o PIX não tem roubado espaço do boleto, e sim do débito. Das lojas que aceitavam PIX em janeiro, 84% também trabalhavam com boletos, enquanto um percentual bem menor (34%) operava com algum tipo de débito. Este, por sinal, se mantém no patamar de 30,5% desde setembro de 2021, sustentado pela oscilação positiva do débito bandeira, que compensa a decadência acentuada do débito banco.

O meio de pagamento que apresentou queda entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022 foi o das wallets, passando de 49,1% para 45,8%. Este foi seu pior resultado em todo o histórico do levantamento, mantendo a modalidade em quinto lugar no ranking, à frente apenas do débito.

Consolidado em primeiro lugar desde janeiro de 2021 está o crédito, com uma aceitação de 98,3% em todas as edições do Estudo de Pagamentos Gmattos. Funcionalidades como o parcelamento dito “sem juros” e pontuação em programas de milhagem incentivam o consumidor a utilizá-lo.

O estudo analisou 59 lojas virtuais de destaque no mercado brasileiro, dos mais diversos segmentos, as quais, juntas, representam 85% do comércio eletrônico do país. A maior parte das observações dessa edição aconteceu entre os dias 24 e 25 de janeiro de 2022.

Já para o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços (Abecs) e CEO da Getnet, Pedro Coutinho, o PIX não deve tomar o espaço dos cartões. De acordo com o executivo, a solução representa um importante ganho de eficiência, mas as vantagens oferecidas pelos cartões, como parcelamento sem juros, devem continuar atraindo os usuários.

De acordo com Coutinho, as mudanças provocadas pela pandemia, como o aumento das compras virtuais e a criação de soluções como o CaixaTem, contribuíram para a digitalização da economia. Em 2021, a indústria de cartões transacionou R$ 2,6 trilhões, alcançando um crescimento de 30%.

Hoje uma a cada três compras já acontecem por meios não presenciais. A modalidade cresceu 41% no ano passado e deve crescer mais de 30% este ano, passando a representar cerca de 26% do total do setor. Apesar da tendência de digitalização, o executivo destacou que as lojas físicas nunca foram tão importantes.

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