Gastronomia e Hotelaria de Ponta Grossa e região já sentem a alta da inflação

Em 2021, segundo o IBGE, a inflação fechou acima de 10%, o que acendeu um alerta

Com a inflação acima da meta estipulada pelo governo, combustíveis e gás aumentando, muitas vezes semanalmente, energia elétrica na bandeira da crise hídrica e alimentos com alteração de preços constante, empresas precisaram apertar o bolso, diminuir seus lucros e repassar esse aumento aos clientes.

Isso é unanime na maioria dos negócios, principalmente aqueles diretamente ligados aos itens que mais tiveram reajuste, como bares, restaurantes e os hotéis.

Na hotelaria, o que mais deixou a conta cara foi o gás usado para aquecer a água do banho. Segundo o IBGE, o aumento neste item essencial foi de 36,99% em 2021. Os alimentos também preocuparam com o aumento acima de 10%.

Com isso, muitas marcas precisaram se adaptar ou reforçar as suas boas práticas, como o Ibis Ponta Grossa que desde a sua inauguração em 2020, usa energia solar para os chuveiros e torneiras dos apartamentos. “(…) dessa forma, a utilização de gás para aquecimento da água é esporádica, mas de qualquer forma ainda é utilizado, tanto nos apartamentos como também em nossa cozinha”, comenta Júlie Alves de Azevedo Rosa, Gerente Geral do hotel.

Se a energia solar deu um alívio no bolso do Ibis, do outro lado o aumento dos alimentos e da energia elétrica fez com que a empresa tivesse readequações. “Os valores de nosso bar e restaurante precisaram passar por adequação no final de 2021, infelizmente um repasse ao cliente dos aumentos frequentes dos insumos se faz necessária, para que possamos manter a qualidade dos produtos e serviços oferecidos”, comenta.

Entretanto, a diária média continua sem reajuste. “Com certeza o aumento do gás impacta negativamente a lucratividade do hotel, porém ainda não transmitimos esse aumento de maneira significativa ao cliente, ainda tentamos driblar de diversas formas a diluição desse custo”. Comenta.

Na gastronomia, os empresários seguraram os aumentos até onde puderam e aos poucos foram repassando aos clientes. “De modo geral isso aumentou muito nosso custo sobre o produto, mas acabamos fazendo reajustes [cardápio] no decorrer do ano, então acho que como a maioria dos empresários, acabamos absorvendo durante um período antes do repasse”, comenta Alisson de Matos, sócio da Brigata Pizzeria.

Na empresa, eles optam por fazer reajustes de maneira trimestral, evitando assustar os clientes. “(…) não temos o costume de fazer os repasses no primeiro aumento de qualquer insumo, até pra não assustar os clientes (…)”, comenta o empresário.

Economia é a palavra-chave no momento e a empresa está em busca dos melhores preços. “E quanto a luz, entramos para uma companhia de energia elétrica onde compramos a energia a um preço fixo, assim quando a energia da Copel entra em bandeira vermelha, não sofremos tanto com o aumento”, finaliza.

Daniel Wagner, presidente do Sindicato Empresarial de Hotelaria e Gastronomia dos Campos Gerais, se mostra preocupado com os aumentos. “Entendemos que há reajuste dos valores dos insumos periodicamente, entretanto, as atuais variações são assustadoras, ainda mais em um período de pandemia onde o fluxo de clientes caiu, caixas ficaram no vermelho e empresários batalham para manter as contas em dia”, enfatiza.

 

 

Vilões da inflação

  • Alimentação e bebidas: 7,94%
  • Habitação: 13,05%
  • Artigos de residência: 12,07%
  • Vestuário: 10,31%
  • Transportes: 21,03%
  • Saúde e cuidados pessoais: 3,70%
  • Despesas pessoais: 4,73%
  • Educação: 2,81%
  • Comunicação: 1,38%

 

Itens com maior impacto na inflação do ano

  • Gasolina: 47,49% (impacto de 2,34 pontos percentuais)
  • Energia elétrica: 21,21% (impacto de 0,98 p.p)
  • Automóvel novo: 16,16% (impacto de 0.48 p.p.)
  • Gás de botijão: 36,99% (0,41 p.p.)
  • Etanol: 62,23% (0,41 p.p.)
  • Refeição: 7,82% (0,29 p.p.)
  • Automóvel usado: 15,05% (0,28 p.p.)
  • Aluguel residencial: 6,96% (0,26 p.p.)
  • Carnes: 8,45% (0,25 p.p.)
  • Produtos farmacêuticos: 6,18% (0,20 p.p)