Desconhecido no Brasil, poeta negro Langston Hughes ganha coletânea em campanha de financiamento coletivo

Eu sou o irmão mais escuro, que será publicado pela editora independente ÊCOA – Faça
você mesmo, reúne poemas das primeiras fases de Hughes.

Desconhecido no Brasil, poeta negro Langston Hughes ganha coletânea em campanha de financiamento coletivoA editora independente ÊCOA – Faça você mesmo lança, a partir do dia 29 de
junho, a campanha de financiamento coletivo para a publicação de Eu sou o irmão mais
escuro, coletânea organizada por Matheus Peleteiro e que reúne poemas inéditos no
Brasil do escritor norte-americano Langston Hughes (1901 – 1967). Conhecido como
uma das principais vozes negras da literatura dos Estados Unidos, Hughes construiu uma
obra sólida e extremamente atual, inspirada pela segregação racional e luta pelos direitos civis dos negros.

A chegada de Hughes ao leitor brasileiro, ainda mais por meio de uma casa
editorial que acaba de estrear e que aposta em autores e títulos distantes do óbvio,
responde à necessidade cada vez mais forte de oferecer nomes, vozes e corpos que não
estejam no cânone ou não integrem os grupos já privilegiados pelos espaços e
instituições culturais. Para Matheus Peleteiro, editor e um dos sócios da ÊCOA, Eu sou o
irmão mais escuro é a prova cabal de que um autor engajado não está esvaziado do
caráter literário.

“O discurso combativo deve, sim, ser levantado, mas com sofisticação e grandeza,
pois assim ele chega com mais força e maior potência”, afirma Peleteiro, que é também
responsável pela tradução da obra. “Trazer Langston é uma forma de afirmar essa
filosofia.”

Eu sou o irmão mais escuro não é somente uma introdução à poesia de Langston
Hughes, mas um olhar significativo sobre a sua produção nos primeiros anos de carreira.
Peleteiro, que conta a assessoria do poeta e professor norte-americano Dan Hanraram,
compôs a coletânea a partir do material publicado em revistas na década de 1920, como
a Crisis, e também no livro The Weary blues, de 1926.

A campanha

Muito mais que viabilizar uma obra em específico, a campanha de financiamento
coletivo pretende colocar a ÊCOA – Faça você mesmo como articuladora de novos
diálogos entre autores e leitores, permitindo a descentralização da literatura, seja na
publicação de novos escritores nacionais ou na valorização e redescoberta de nomes
internacional esquecidos, como é o caso de Hughes.

“Tenho garimpado grandes autores que ficaram no limbo da história para trazer ao
Brasil pela primeira vez”, comenta Peleteiro. “No radar, posso dizer que há um grande
poeta que lutou e morreu lutando contra uma ditadura na América, uma romancista
uruguaia, Dan Fante (sim, filho de John Fante) e um poeta moçambicano”.

A campanha começa com contribuições a partir de R$30, que dá direito ao e-book
de Eu sou o irmão mais escuro. Para quem gosta de sentir o cheiro do livro, é possível
participar em duas categorias: R$45 (mais R$8 de frete), cuja recompensa é um exemplar físico da obra, ou R$100 (mais R$10 de frente) para receber dois exemplares.

A campanha possui ainda uma cota de R$500, destina a empresas, e que tem como contrapartida a veiculação da marca na contracapa do livro.

Serviço
Campanha de financiamento coletivo
Livro: Eu sou o irmão mais escuro
Organização e tradução: Matheus Peleteiro
Autor: Langston Hughes

Editora: ÊCOA – Faça você mesmo
Valor: a partir de R$30
Para participar, acesse: https://www.catarse.me/eusouoirmaomaisescuro
Sobre o autor
Langston Hughes nasceu em 1901, na cidade Joplin, no Missouri, Estados Unidos. Além
de poeta, sendo um dos inventores da chamada jazz poetry, escreveu peças de teatro,
romances, contos, narrativas infantis e não-ficção, atuando fortemente como ativista pelos
direitos civis das populações negras norte-americanas. Seu primeiro livro, The Weary
blues (1926), recebeu o Witter Bynner Undergraduate Poetry Prize. Faleceu em 1967, ano
em que publicou Black magic: a pictorial history of the negro in american entertainment,
com Milton Meltzer, e The Panther and the lash: poems of our times.