Técnicas inovadoras para preservar a fertilidade de mulheres com câncer

Tratamentos como a quimioterapia e a radioterapia podem causar infertilidade

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Dr. Reitan Ribeiro, cirurgião oncológico do Instituto Paranaense de Cirurgia Robótica. Foto Denis Ferreira Netto Divulgação

Em todo o Brasil são esperados 625,9 mil diagnósticos de câncer a cada ano, sendo 316,2 mil em mulheres, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Apenas no Paraná o total de casos chega a 35 mil, com 16 mil mulheres afetadas ao ano. Estudos estimam que, do total, 13% das neoplasias afetam mulheres em idade fértil, abaixo dos 50 anos de idade.

Uma pesquisa que ouviu 630 mulheres jovens com câncer de mama, em relação à preocupação com a fertilidade após o tratamento, apontou que 37% das participantes desejavam ter filhos no futuro, 51% se preocupavam com a infertilidade e 26% disseram que o risco foi determinante na escolha do tratamento.

O câncer não é uma doença que torna a paciente infértil, a não ser que tenha atingido órgãos reprodutivos femininos ou masculinos, mas muitas vezes o tratamento contra a doença, que envolve quimioterapia e radioterapia, pode levar à morte dos óvulos ou dano a outros órgãos do sistema reprodutivo, causando a infertilidade nas mulheres.

TRATAMENTOS INOVADORES – De acordo com o cirurgião oncológico e membro do Instituto de Cirurgia Robótica do Paraná (ICRP), Dr. Reitan Ribeiro, quando a doença ocorre em idade reprodutiva, existem algumas medidas que podem ser adotadas para evitar que a infertilidade aconteça. Entre as opções está uma técnica desenvolvida pelo próprio especialista que preserva o útero no tratamento de radioterapia na região pélvica. “Chamamos de transposição uterina e trata-se de uma cirurgia que retira o útero do seu local original e o reposiciona na parte de cima do abdômen, para preservá-lo durante o tratamento. No final das sessões de radioterapia, os órgãos reprodutivos são realocados no local original”.

A técnica mantém a saúde dos órgãos reprodutivos, mas o câncer não pode comprometer o útero, trompas ou ovários. A cirurgia é feita de forma minimamente invasiva, com o auxílio da plataforma robótica. “O robô permite mais precisão e preservação da região tratada, mantendo a qualidade das funções sexuais”, ressalta.

FERTILIZAÇÃO IN VITRO – Para aquelas que não tiveram acesso ou indicação para a realização da cirurgia de transposição uterina, é possível realizar a fertilização in vitro em alguns casos. “Esse método pode ser feito por todas as mulheres que têm um útero saudável para receber um embrião, com a possibilidade de coletar os óvulos ainda saudáveis antes do tratamento e congelar. Em caso de necessidade esses óvulos são descongelados e fecundados em vitro, na sequência, os embriões formados são transferidos para o útero”, explica Reitan.

É essencial ressaltar que nem todas as mulheres que são submetidas ao tratamento para o câncer com a radioterapia e a quimioterapia perdem a fertilidade. Isso depende de uma série de fatores, inclusive a idade da paciente.

INSTITUTO DE CIRURGIA ROBÓTICA DO PARANÁ – O ICRP reúne quatro cirurgiões renomados em cirurgia robótica do Sul do Brasil – e em suas respectivas áreas de atuação, com certificação e know-how para oferecer melhor atendimento ao paciente, com o que há de mais atual e seguro na medicina.

Fazem parte deste projeto os cirurgiões Christiano Claus – Cirurgia de Hérnias Abdominais e Aparelho Digestivo; Eduardo Ramos – Cirurgia Hepática e Pancreática; Giorgio Baretta – Cirurgia Bariátrica e Metabólica e Reitan Ribeiro – Cirurgia Oncológica. Andreza Paula Rossini 

Referência: Fertilidad y anticoncepción en mujeres con cáncer en tratamiento quimioterápico