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]]>*Maria Isabel Tancredo
O carnaval é momento de folia e alegria, de ocupar as ruas, encher as praças de cultura e de cor. Tempo de desfilar pela cidade criativas fantasias que, muitas vezes, passam importantes recados aos foliões. É hora de preencher os espaços do país de gente. No Rio de Janeiro não é diferente, mas para que a festa corra bem é preciso muito investimento, organização e comprometimento do poder público.
Um dos lugares mais famosos do mundo, a cidade maravilhosa, se viu lotada e, ao mesmo tempo, profundamente carente de logística para tanto. O resultado não surpreendeu: insegurança, falta de banheiros e orientação, trânsito caótico e por aí vai.
Embora sobrem pontos negativos resultantes da falta de preparo para uma das maiores festas do planeta, faltou a presença do Governador e do Prefeito. O primeiro optou por descansar no interior do estado, desprezando a óbvia necessidade de máximo empenho e trabalho durante o período. Não menos indispensável é um cuidadoso preparo anterior que, como ele mesmo admitiu, também faltou à festa.
Crivella, por sua vez, anunciou que aproveitou a “folguinha” para viajar para a Alemanha, ignorando tratar-se de uma das semanas mais importantes para a cidade. Indicada pelo político como destino de sua viagem para buscar tecnologias para segurança pública, a Agência Especial Europeia (ESA) tem, na verdade, como principal meta “entender o surgimento do espaço e os buracos negros” e não fornece tecnologia de segurança. E mais, os representantes da agência informaram à imprensa o constrangimento causado na instituição ao descobrirem que a visita foi anunciada como “oficial”, uma vez que a viagem do Prefeito à Europa tem “caráter puramente privado”. O cunho particular da viagem foi também confirmado por representantes do governo alemão.
Para fechar o Carnaval e agravar o sumiço de nossos representantes, o Rio de Janeiro foi atingido por intensa chuva, deixando quatro mortos e mais de duas mil pessoas desalojadas. Foram cinco horas em estágio de crise, afetando cinco hospitais e diversas vias, bem como fechando duas estações de trem. Sem falar da falta de luz que perdurou por mais de 24 horas em diversos pontos da cidade.
Enquanto isso segue o Prefeito na Europa. Talvez seja a hora de aprender por lá que governar é escolha responsável que envolve, entre muitas outras coisas, um antes, um durante e um depois.
*Advogado
*Acadêmica em Direito
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]]>Na prática, o combate ao narcotráfico e ao contrabando de armas não vem surtindo efeito, a não ser que seu objetivo fosse o extermínio da população jovem e negra, uma vez que, segundo dados da Anistia Internacional, dos 56 mil homicídios que ocorrem por ano no Brasil, mais da metade é entre os jovens e, destes, 77% são negros.
Com essa política ostensiva ganhamos o ‘status’ de cidade na qual a polícia é a que mais mata e a que mais morre. São baixas comparáveis a países em guerra, comprovando que a estratégia é falha e fomentadora de mais violência.
A segurança está absolutamente comprometida, e a vida humana, banalizada. Dados do Instituto de Segurança Pública do Rio constataram no primeiro semestre de 2017 aumento de 15% nas mortes violentas em relação ao mesmo período de 2016. O pior primeiro semestre desde 2009.
Em relação aos PMs, foram mais de 130 mortos, a maior média dos últimos 10 anos. Tal realidade reflete as vias equivocadas em que temos caminhado, apontando para um destino ainda mais nebuloso. Perdem-se tempo, dinheiro e, principalmente, vidas. Tudo em vão.
É necessário aproveitar o momento de reflexão e retrospecção para entender quem afinal se beneficia com tantas mortes e resultados desastrosos. Há, sabemos, um setor que muito lucra com o incremento do uso de armas, bombas e outros ingredientes de uma infindável guerra. Ao mesmo tempo, andam lado a lado de outros setores que tem pesadelos com uma sociedade mais justa, digna e de garantia de direitos o que, a exemplo de diversos outros países, produz cidades muito mais seguras.
Em suma, que neste ano tenhamos força e vontade para questionarmos as antigas estruturas e repensarmos, entre outros, o modelo de segurança pública. Que caia este velho em desuso diante de não apenas sua brutalidade, mas também por ser evidentemente imprestável na construção de uma sociedade mais segura e em paz.
João Tancredo é advogado
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