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]]>Na prática, o combate ao narcotráfico e ao contrabando de armas não vem surtindo efeito, a não ser que seu objetivo fosse o extermínio da população jovem e negra, uma vez que, segundo dados da Anistia Internacional, dos 56 mil homicídios que ocorrem por ano no Brasil, mais da metade é entre os jovens e, destes, 77% são negros.
Com essa política ostensiva ganhamos o ‘status’ de cidade na qual a polícia é a que mais mata e a que mais morre. São baixas comparáveis a países em guerra, comprovando que a estratégia é falha e fomentadora de mais violência.
A segurança está absolutamente comprometida, e a vida humana, banalizada. Dados do Instituto de Segurança Pública do Rio constataram no primeiro semestre de 2017 aumento de 15% nas mortes violentas em relação ao mesmo período de 2016. O pior primeiro semestre desde 2009.
Em relação aos PMs, foram mais de 130 mortos, a maior média dos últimos 10 anos. Tal realidade reflete as vias equivocadas em que temos caminhado, apontando para um destino ainda mais nebuloso. Perdem-se tempo, dinheiro e, principalmente, vidas. Tudo em vão.
É necessário aproveitar o momento de reflexão e retrospecção para entender quem afinal se beneficia com tantas mortes e resultados desastrosos. Há, sabemos, um setor que muito lucra com o incremento do uso de armas, bombas e outros ingredientes de uma infindável guerra. Ao mesmo tempo, andam lado a lado de outros setores que tem pesadelos com uma sociedade mais justa, digna e de garantia de direitos o que, a exemplo de diversos outros países, produz cidades muito mais seguras.
Em suma, que neste ano tenhamos força e vontade para questionarmos as antigas estruturas e repensarmos, entre outros, o modelo de segurança pública. Que caia este velho em desuso diante de não apenas sua brutalidade, mas também por ser evidentemente imprestável na construção de uma sociedade mais segura e em paz.
João Tancredo é advogado
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