8 rios monitorados no Paraná estão no limite dos padrões definidos na legislação

Na semana em que o Brasil sedia o Fórum Mundial da Água, a Fundação SOS Mata Atlântica apresenta o estudo “Observando os Rios 2018 – O retrato da qualidade da água nas bacias da Mata Atlântica“, um panorama sobre a qualidade da água de 8 rios, córregos e lagos do bioma no estado do Paraná. Apenas 1 dos 11 pontos de coleta avaliados possui qualidade de água boa, enquanto 81,8% (9) estão em situação regular e 9,1% (1) com qualidade ruim. Isso significa que, em 90,9% dos pontos monitorados no Estado, a qualidade da água não é boa e está longe do que a sociedade quer para os rios. Nenhum dos pontos analisados foi avaliado como ótimo.

O levantamento foi realizado em 5 municípios paranaenses (Almirante Tamandaré, Campo Largo, Curitiba, Piraquara e São José dos Pinhais), entre março de 2017 e fevereiro de 2018. Os dados foram obtidos por meio de coletas e análises mensais de água realizadas por 9 grupos de voluntários do programa “Observando os Rios”, com supervisão técnica da Fundação SOS Mata Atlântica. O projeto tem patrocínio da Ypê e Coca-Cola Brasil e o estudo completo, com a lista dos rios avaliados, está disponível em: https://www.sosma.org.br/quem-somos/publicacoes.

Comparativo 2017-2018
Para a análise comparativa foram considerados indicadores de qualidade da água na bacia
hidrográfca do Alto Iguaçu, levantados pela sociedade em 10 pontos de coleta distribuídos nos rios Bacacheri, Barigui, Belém, Cambuí, Ganchinho, Iguaçu e Itaqui. Todos eles apresentam pouca variação, com tendência de estabilidade na condição regular. O único ponto bom foi mantido ao longo dos ciclos de chuva, em regiões mais preservadas do rio Itaqui, em São José dos Pinhais. Já na região da estação de tratamento houve perda da qualidade de água devido aos materiais no rio e usos do solo de característica urbana.

Em Piraquara, importante área de manancial de abastecimento de água de Curitiba, houve perda na qualidade da água no ponto de coleta no Córrego das Pedras, que deixou de manter qualidade boa na média do ciclo de 2018, passando a regular. Na sub-bacia do rio Belém, uma das mais degradadas da área urbana de Curitiba, os pontos de coleta localizados na região de cabeceira do rio têm indicadores que apontam tendência de melhora. Em área que conta com uma pequena mata ciliar, próxima ao Colégio Nossa Senhora Medianeira, o indicador passou da condição ruim para regular.

“A melhora em alguns rios mostra a importância da conservação da floresta e das matas ciliares para a perenidade dos recursos hídricos“, afirma Tiago Félix, educador ambiental da Fundação SOS Mata Atlântica.

Cenário nacional
Neste ciclo, foram avaliados 230 rios, córregos e lagos de bacias hidrográficas do bioma. Apenas 4,1% (12) dos 294 pontos de coleta avaliados possuem qualidade de água boa, enquanto 75,5% (222) estão em situação regular e 20,4% (60) com qualidade ruim ou péssima. O levantamento foi realizado em 102 municípios dos 17 estados da Mata Atlântica, além do Distrito Federal, entre março de 2017 e fevereiro de 2018.

Para Marcia Hirota, diretora executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, esse levantamento é uma contribuição da sociedade, representada pelos voluntários do projeto engajados pela melhora dos rios de onde vivem e ao aprimoramento de políticas públicas que impactam na gestão da água limpa para todos. “Ao reconhecer os rios como espelhos da qualidade ambiental das cidades, regiões hidrográficas e países, conseguimos identificar rapidamente os valores da sua comunidade, a condição de saúde na bacia e de desenvolvimento“, completa.

“Para que os indicadores reunidos nesse estudo possam se traduzir em metas progressivas de qualidade da água nos milhares de rios e mananciais das nossas bacias hidrográficas, é fundamental que a Política Nacional de Recursos Hídricos seja implementada em todo território nacional, de forma descentralizada e participativa, e que a norma que trata do enquadramento dos corpos d’água seja aprimorada, excluindo os rios de classe 4 da legislação brasileira“, conclui Malu Ribeiro. A classe 4na prática permite a existência de rios mortos por ser extremamente permissiva em relação a poluentes e mantém muitos em condição de qualidade péssima ou ruim, indisponíveis para usos.

A mais recente edição do estudo “Observando os Rios“ será um dos destaques da participação da SOS Mata Atlântica no Fórum Mundial da Água. Veja a programação completa da organização no evento em: http://bit.ly/2GDeP6N.

Waldir Beira Júnior, Presidente Executivo da Ypê, celebra a parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica na realização do Projeto Observando os Rios, que completa três anos. “A parceria permite ecoar o cuidado e o respeito de nossa empresa ao meio ambiente a cada um dos 230 rios monitorados pelos engajados voluntários. A Ypê oferece a seus consumidores produtos de alta qualidade e que possuem, ao mesmo tempo, uma ótima relação custo x benefício, além de uma pegada sustentável, gerando transformação positiva enquanto cuida. Em todos os seus processos a Ypê se preocupa e trabalha com inúmeras iniciativas que visam a evitar a geração de efluentes e desperdícios”, afirma ele.

Sobre o Observando os Rios
O programa surgiu em 1991, com uma campanha que reuniu 1,2 milhão de assinaturas em prol da recuperação do Rio Tietê e originou o primeiro projeto de monitoramento da qualidade da água por voluntários, o “Observando o Tietê”. Para agregar outras bacias hidrográficas, a iniciativa foi ampliada e passou a se chamar “Observando os Rios”. Nessa fase, com o patrocínio da Ypê e Coca-Cola Brasil, o projeto conta com 3,5 mil voluntários que monitoram 230 rios nos 17 estados da Mata Atlântica 17 estados do bioma Mata Atlântica – Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo –, e Distrito Federal.

Sobre a Fundação SOS Mata Atlântica
A Fundação SOS Mata Atlântica é uma ONG ambiental brasileira. Atua na promoção de políticas públicas para a conservação da Mata Atlântica por meio do monitoramento do bioma, produção de estudos, projetos demonstrativos, diálogo com setores públicos e privados, aprimoramento da legislação ambiental, comunicação e engajamento da sociedade em prol da recuperação da floresta, da valorização dos parques e reservas, de água limpa e da proteção do mar. Os projetos e campanhas da ONG dependem da ajuda de pessoas e empresas para continuar a existir. Saiba como você pode ajudar em www.sosma.org.br.

sosmataatlantica@maxpressmail.com.br

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