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Estudo britânico diz que acne está ligada a aumento significativo do risco de depressão

A saúde mental pode ser drasticamente influenciada por problemas de pele. Essa é uma das conclusões do estudo britânico Risk of depression among patients with acne in the U.K.: a population-based cohort study, publicado no começo de fevereiro deste ano no British Journal of Dermatology. Os pesquisadores analisaram registros de pacientes do Reino Unido entre os anos de 1986 e 2012 para chegarem a uma conexão convincente: no primeiro ano após o diagnóstico de acne, os pacientes têm um risco aumentado de 63% de desenvolver depressão em comparação com pacientes que não têm acne. “Este estudo confirma o que as pessoas com essa doença sentem há muito tempo: a acne pode ter um impacto profundo na autoestima, podendo levar à ansiedade e à depressão, principalmente quando não é tratada”, afirma a dermatologista Dra Valéria Marcondes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia. Os dados preocupam, pois o Brasil é um país tropical e, por conta disso, há uma tendência para desenvolver a patologia. “Muitas vezes geneticamente, pessoas que moram em países tropicais têm as glândulas sebáceas aumentadas de tamanho, elas são hiperplasiadas, e com isso também produzem mais sebo – o que facilita o aparecimento da acne”, acrescenta.

Outra conclusão importante da pesquisa e que respalda o perigo do não-tratamento é a de que o nível de risco de depressão volta ao normal à medida que a pele é tratada e limpa. “Ou seja, há uma conexão emocional entre a qualidade da sua pele e o seu bem-estar”, explica a dermatologista. O estudo ressalta ainda que as condições da pele podem ter um impacto sério na saúde mental. “Há uma ênfase de que o problema é grave, com desenvolvimento de uma verdadeira depressão clínica e não apenas um humor triste”, conta a Dra. Valéria. “Dessa forma, as pessoas afetadas pela acne que têm preocupações com sua saúde mental devem ser absolutamente levadas a sério. E, se o dermatologista observar essa necessidade, além de prescrever o tratamento completo, pode orientar a procura por um psicólogo ou psiquiatra”, explica.

Causas e tratamentos – “Quando se fala em tratamento, o primeiro passo é propor uma rotina investigativa para descobrir se há histórico familiar, se tem origem na adolescência (uma abordagem diferenciada), ou se é acne da mulher adulta (mais comum, mas o homem também pode ter), por stress, enfim, a diagnose vai ajudar a tratar”, diz a médica.

No caso dos adolescentes, o surgimento da acne está associado, quase sempre, à formação de muita queratina, que acaba obstruindo o folículo piloso. “As glândulas sebáceas, neste caso, são extremamente produtoras, há uma grande formação de ácidos graxos, o que alimenta a flora bacteriana, o Propionibacterium acnes, que é o grande responsável pela patologia quando ela é inflamatória e infecciosa”, afirma a dermatologista. Vale destacar ainda que a secreção sebácea depende da ação de hormônios androgênicos, dessa forma, é justamente na puberdade que ocorre o seu crescimento e observa-se, então, o aumento de secreção da glândula.

Contudo, independentemente da adolescência, a presença da acne pode estar relacionada ao consumo de alimentos com alto índice glicêmico, que colaboram para a hiperprodução sebácea; além disso, situações de estresse também estão relacionadas ao aparecimento da acne, uma vez pode ocorrer descarga de adrenalina na corrente sanguínea.

Erupções acneiformes também podem surgir devido ao uso de drogas (tabagismo, medicamentos, etc.), produtos cosméticos e filtro solar com veículo não adequado, calor e exposição a agentes químicos, uso de roupas sintéticas ou produtos de contato com a pele tendem a causar essas erupções. A Dra. Valéria lembra que acne em mulheres adultas é considerada hoje uma patologia à parte. “Isso porque existe a influência de pílulas, presença de miomas, ovário policístico, estresse, uso abusivo de maquiagem, cosméticos sem orientação e terapia de reposição de hormônios”, afirma.

Com relação aos tratamentos, a dermatologista explica que além do uso habitual da Isotretinoína e o uso dos probióticos, alternados com os ácidos com a vitamina C (nicotinamida e azeloglicina) e Vitamina A, é possível utilizar o Hidroxitirosol por via oral e tópica. “Trata-se de uma substância que é usada com sucesso hoje em dia, que ajuda muito no controle inflamatório da patologia”, afirma a dermatologista. A médica indica também o uso de peróxido de benzoíla.

Além disso, a utilização do LED de luz azul também é benvinda. “Esse recurso tem uma ação bacteriostática muito importante, que faz um controle cicatricial, anti-inflamatório e com melhora da pigmentação, que invariavelmente permanece, quando uma lesão perdura por mais tempo”, afirma. Outra opção para complementar esse tratamento, segundo a Dra. Valéria Marcondes, é usar a luz infrared – que tem um potencial cicatricial, calmante e anti-inflamatório.

Quando surgem as cicatrizes, outro problema estético que mexe com a autoestima e é comum em quem teve acne por muito tempo, o microagulhamento de ouro, com a ponteira Intensive, também é uma opção que propicia resultados eficazes. “O tratamento com microagulhamento não tira o paciente da rotina e é pouco doloroso. Com isso, é feito o reparo e estimulação desse colágeno que foi danificado pelo próprio processo inflamatório que destruiu o tecido de boa qualidade local”, afirma. O microagulhamento, segundo a dermatologista, é ideal para tratar casos de cicatrizes profundas ou superficiais.

Outros cuidados – “É importante a higienização, que deve ser feita regularmente, com uso de sabonetes (duas a três vezes ao dia) que tenham extratos calmantes e com ação adstringente e anti-inflamatória”. Os ativos mais indicados são: Acneol SR (que pode ser encontrado nas farmácias de manipulação), extrato de Hamamélis, o Cobre e o Zinco. A dermatologista lembra que as peles com acne precisam ser sempre hidratadas. “É importante usar hidratante e filtro solar para formar uma barreira contra os agressores, que são o calor, a luz solar infravermelha, a luz visível, as mudanças de temperatura e exposição ao ar condicionado. Tudo isso leva a uma mudança e estímulo da produção de óleo na tentativa de compensar a agressão que a pele está sofrendo”, destaca.

Além disso, a médica ressalta a importância do acompanhamento nutricional. “Eu peço que o paciente faça o controle alimentar e aumente a ingesta hídrica e reduza os índices glicêmicos dos alimentos, diminuindo o consumo de açúcar e de hidrato de carbono”, afirma.

Nos cuidados com a pele, a médica indica o uso de hidratantes serosos, ricos em água e pobres em óleo, para o efeito compensatório externo – coibindo a produção de óleo exagerado. No período noturno, é essencial a complementação do uso do sabonete com o esfoliante, que consegue remover as impurezas que, em geral, o sabonete não consegue retirar, segundo a dermatologista. “O uso da loção tônica deve conter extratos calmantes, anti-inflamatórios, higienizadores dos resíduos mais resistentes. E logo depois, então, é importante a aplicação de produtos que o próprio dermatologista recomenda. Nós usamos desde Vitamina C, em formulação de 10% a 20%, além de derivados da Azeloglicina, a Nicotinamida, de vitamina ácida, os alfa-hidroxiácidos, combinados a extratos”, finaliza.

Fonte: Dra. Valéria Marcondes

Dermatologista da Clínica de Dermatologia Valéria Marcondes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia com título de especialista e da Academia Americana de Dermatologia. Foi fundadora e é membro da Sociedade de Laser. www.valeriamarcondes.com.br

paula.amoroso@holdingcomunicacoes.com.br

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