Muito além das rugas, toxina botulínica também ajuda a tratar acne, rosácea e até depressão

A toxina botulínica já é uma velha conhecida na hora de corrigir rugas e marcas de expressões, sendo um dos procedimentos estéticos não cirúrgicos mais realizados no Brasil e no mundo. “Se aplicada corretamente, a toxina botulínica age interrompendo a ação entre o nervo motor e o músculo, o que paralisa a musculatura. Desse modo, eliminamos as rugas, já que estas são consequências da contração muscular”, explicar o dermatologista Dr. Jardis Volpe, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia. Porém, com o avanço da ciência e das pesquisas no campo estética, novas – e até curiosas – indicações para o uso da toxina botulínica surgiram.

Acne
Uma das doenças de pele mais comuns, a acne ocorre quando as glândulas sebáceas produzem uma quantidade excessiva de sebo, que se mistura com as células mortas da pele, e isso acaba obstruindo os poros. Então, as bactérias que ficam localizadas nessa região geram uma inflamação, levando a formação de espinhas. “O tratamento da acne com o auxílio da toxina botulínica ainda está sendo estudado. Porém, a experiência clínica de diversos dermatologistas mostra melhora nas espinhas após o uso da substância, principalmente devido a sua ação anti-inflamatória e de redução da oleosidade e do tamanho dos poros”, destaca o Dr. Jardis.

Rosácea
Segundo o dermatologista, a rosácea é uma doença inflamatória crônica que deixa a pele extremamente sensível e é caracterizada pelo surgimento de bolinhas e vermelhidão na região das bochechas, queixo, testa e nariz. “Apesar de não ter cura, a condição pode ser tratada e amenizada com o auxílio da toxina botulínica, que age diminuindo a inflamação e a oleosidade na pele e regulando o fluxo sanguíneo nos vasos, o que melhora o avermelhamento causado pela rosácea. Além disso, a toxina parece ser uma opção mais duradoura do que outros tratamentos já conhecidos para a doença”, completa.

Para afinar o rosto

Ao tratar o bruxismo, com a aplicação do produto no masseter (músculo da mastigação), médicos notaram que o método afina o rosto. “Dessa forma, é indicado para as mulheres que querem ter um rosto em formato de V. Outra aplicação é na flacidez de pescoço, quando o músculo platisma puxa o pescoço para baixo durante sua contração”, afirma.

Depressão

Emoções negativas como raiva, medo e tristeza, que prevalecem na depressão, estão associadas com a ativação dos músculos corrugador e prócerus na região glabelar da face. “O tratamento da região glabelar com toxina botulínica produz mudança relativa nas expressões faciais de nervoso, tristeza e medo para expressão de felicidade, podendo impactar no emocional, segundo estudo da Universidade do Texas”.

Hiperidrose
Caracterizada pela transpiração excessiva em áreas específicas do corpo, principalmente mãos, pés, axilas, face e couro cabeludo, a hiperidrose é uma condição comum que atinge cerca de 3% da população mundial e pode desencadear problemas psicológicos, sociais e ocupacionais. “Até recentemente, as opções de tratamento eram ineficazes, complicadas ou extremamente invasivas. Porém, a toxina botulínica mostrou-se um método seguro e eficaz para o tratamento da doença, pois a substância bloqueia a liberação do suor pelas glândulas sudoríparas na área, sem aumenta-lo em outros lugares do corpo”, afirma o especialista.

Cicatrizes
As cicatrizes são formadas toda vez que existe uma interrupção da integridade dos tecidos, ou seja, quando uma célula passa a não encontrar a célula ao lado, seja por um corte, acidente ou cirurgia. Porém, algumas pessoas têm problemas no processo de cicatrização, o que leva a formação de cicatrizes grandes, espessas e inestéticas. “A toxina botulínica pode ajudar para que a cicatrização ocorra de forma adequada, sendo usada preventivamente, já no dia da cirurgia, ou quando há necessidade de dar pontos na pele para reduzir a tensão local. Além disso, a toxina age nos vasos sanguíneos, diminuindo a vermelhidão nas cicatrizes”, explica o médico.

Outras aplicações – Além dessas novas aplicações, novos estudos estão em desenvolvimento, dentre os quais: nova toxina que pode durar 50% mais tempo que as convencionais; aplicação para dores musculares crônicas a fim de reduzir o consumo de opióides; e mais estudos para a depressão.

Fonte: Dr. Jardis Volpe, dermatologista; Diretor Clínico da Clínica Volpe (São Paulo). Formado pela Universidade de São Paulo (USP); Especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia; Membro da Sociedade Americana de Laser, da SBD e da Academia Americana de Dermatologia; Pós-graduação em Dermatocosmiatria pela FMABC; Atualização em Laser pela Harvard Medical School. www.clinicavolpe.com.br

paula.amoroso@holdingcomunicacoes.com.br

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