O organismo humano é interligado de tal forma que algumas doenças em um órgão podem refletir negativamente em outro. No caso da queda capilar, ela pode ser resultante – ou acentuar-se – por conta de três doenças não tão raras: anemia, alterações na tireoide e lúpus. “A preocupação com a queda capilar deve ser um alerta se os fios se desprendem espontaneamente, em número igual ou maior que 100, se ocorre uma perda de densidade, se o volume capilar diminuir acentuadamente ou a queda persistir por tempo acima de sessenta dias ou ainda aparecimento de falhas. Muitas dessas doenças interferem no crescimento capilar de modo rápido, antes mesmo de serem diagnosticadas”, afirma a dermatologista Dra Valéria Marcondes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da American Academy of Dermatology (AAD).
LÚPUS – Quando o lúpus não é tratado adequadamente, antes do seu diagnóstico ou ainda por conta de algumas medicações, pode ocorrer a queda excessiva de cabelo. Lúpus é uma inflamação crônica da pele e órgãos internos onde o sistema imunológico do paciente, que deveria protegê-lo, passa a atacar as próprias células e se caracteriza principalmente pela aparição de ulcerações ou manchas no corpo. “Assim como a intervenção do médico reumatologista é fundamental no controle do lúpus, é indicado também que o paciente busque a orientação de um dermatologista ou tricologista, para a indicação do que pode ser feito para prevenir ou amenizar o problema da queda, com a ingestão de vitaminas, tratamentos em consultório ou home care”, afirma a dermatologista. “Além disso, é essencial a fotoproteção, porque no lúpus quando os raios ultravioleta destroem o DNA da célula, ocorre a formação de anticorpos que agem contra o próprio DNA da pessoa”, afirma.
TIREÓIDE – A glândula tireóide se localiza na parte inferior do pescoço e determina o bom funcionamento do corpo humano, pois regula a função de órgãos importantes. “Quando o seu funcionamento está comprometido devido alguma disfunção, a energia disponível para as células trabalharem e as vitaminas presentes são direcionadas para áreas vitais do organismo em vez de serem direcionados para cabelos, pele e unhas, deixando em déficit tais regiões”, afirma a médica. “Ou seja, nessa situação, o cabelo não recebe os nutrientes necessários para um crescimento saudável e com isso a aparência muda e a queda de cabelo pode começar a ser perceptível.” Dessa forma, é necessário procurar um dermatologista para iniciar o tratamento.
ANEMIA – A má alimentação é o principal motivo para a anemia, que se caracteriza pela deficiência de alguns nutrientes no organismo, em principal o ferro, que tem papel muito importante para o crescimento saudável dos cabelos. “A deficiência nesse micronutriente causa queda capilar por falta de oxigênio, nutrientes e disfunção de hormônios no processo de crescimento. É importante saber que a queda dos cabelos é apenas um dos sintomas da anemia. Por isso deve-se observar se a queda está associada com episódios de fraqueza, e assim procurar um médico o mais rápido possível”, recomenda.
Bad Habits – Além das doenças, alguns hábitos também levam à queda de cabelos. “Prender os cabelos com tração ou penteados que puxem a raiz; dormir com os cabelos molhados; usar escovas inadequadas para cabelos finos e frágeis; deixar o couro cabeludo oleoso (o que leva a formação de dermatite seborreica); aplicar condicionador ou leave on no couro cabeludo; o hábito de coçar a cabeça de forma constante; aplicar gel ou cera nos fios masculinos de maneira constante; usar bonés de modo contínuo; fazer uso de extensões em fios muito finos ou com técnica inadequada ou repetidas vezes”, cita a dermatologista.
Com relação ao tratamento, a médica diz que é necessário um aporte nutricional; a ingestão de vitaminas como biotina, ferro e silício; fazer uso dos xampus específicos e loções de uso local com minoxidil, latanoprosta e fatores de crescimento. “Mas tudo isso é feito após a averiguação clínica desse paciente com dosagens laboratoriais, com exame de tricoscopia capilar, com exames que consistem em fotos do couro cabeludo e raízes dos fios para registro e diagnóstico do tipo de alopecia e grau de comprometimento, assim também oferecem dados para avaliação do tratamento. Então, o tratamento vai ser caso a caso e sempre o dermatologista especialista que vai escolher a melhor conduta. No caso dos tratamentos em cabine, há opções como radiofrequência microagulhada, lasers fracionados não ablativos e aplicação posterior do drug delivery com substâncias como o minoxidil, vitaminas como biotina, piridoxina, b-pantenol, enfim, existe um mix muito grande de vitaminas que usamos logo após os procedimentos”, explica a médica.
Em casa, o uso de bonés de LED também é recomendado. Ele utiliza a tecnologia LLLT, com Led na cor vermelha. “A luz vermelha no comprimento de 660 nanômetros fornece energia, na medida em que a estrutura celular localizada nas membranas da mitocôndria são estimuladas a produzir mais ATP nas células. Com mais energia e nutrientes, as células operam em condições otimizadas no desempenho de suas funções, o que promove um aumento da quantidade e volume dos fios, que também ficam mais grossos”, explica a médica. “Existe muita tecnologia hoje à disposição, e com o complemento do tratamento em casa, os resultados aparecem mais rápidos e são mais expressivos”, finaliza a médica.
Fonte: Dra. Valéria Marcondes
Dermatologista da Clínica de Dermatologia Valéria Marcondes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia com título de especialista e da Academia Americana de Dermatologia. Foi fundadora e é membro da Sociedade de Laser. www.valeriamarcondes.com.br
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