Início Vida e Saúde Por que bebês prematuros têm risco aumentado de ter hidrocefalia?

Por que bebês prematuros têm risco aumentado de ter hidrocefalia?

Apesar dos avanços na medicina neonatal, os bebês que nascem prematuros (pré-termo), ou seja, com idade gestacional inferior a 37 semanas e peso inferior a 2,5 kg, apresentam um risco aumentando para algumas condições, como a hidrocefalia, acúmulo anormal de líquido cefalorraquidiano (LCR) na cavidade craniana. A incidência de hidrocefalia no período neonatal é de 0,48 a 0,81 por 1000 nascidos vivos. A causa mais comum da hidrocefalia em recém-nascidos prematuros são as hemorragias intracranianas, ligadas a 90% dos casos.

“A hemorragia intracraniana é uma condição grave, que precisa de tratamento imediato para evitar ou minimizar possíveis sequelas neurológicas futuras, como paralisia cerebral, déficit intelectual, motor e atrasos no neurodesenvolvimento em geral”, comenta a neuropediatra Dra. Andrea Weinmann.

Segundo a médica, as estruturas cerebrais nos bebês pré-termo são imaturas, ou seja, ainda não estão totalmente desenvolvidas, especialmente nas áreas em que acontece a proliferação celular e vascular do cérebro, chamada de matriz germinativa. “Os vasos sanguíneos em um bebê prematuro são muito finos e podem se romper facilmente com qualquer alteração no fluxo sanguíneo, evoluindo para a hidrocefalia secundária em alguns casos”, explica Dra. Andrea.

Estima-se a hemorragia intracraniana afeta de 20 a 40% dos recém-nascidos que nascem com menos de 1,5 kg. Os primeiros três ou quatro dias de vida são críticos, pois é neste período que há maior risco de acontecer uma hemorragia cerebral, sendo as primeiras 24 horas decisivas.

Hidrocefalia secundária à hemorragia
Uma das consequências da hemorragia intracraniana é a hidrocefalia. “Isso acontece porque o sangue proveniente da hemorragia prejudica a drenagem do líquor, acarretando no aumento da pressão intracraniana, já que o volume do líquor produzido a cada oito horas não é drenado adequadamente”, explica o neurocirurgião Dr. Iuri Weinmann.

Derivação Ventrículo-Peritoneal (DVP)
O quadro clínico, assim como o tratamento, irá depender da gravidade da hemorragia. O método mas usado para diagnosticar é o ultrassom transfontanelar. A hemorragia nos graus III e IV são consideradas mais graves, pois podem levar à danos no cérebro de forma crônica. Nestes casos, os bebês são monitorados para detectar e tratar a hidrocefalia pós-hemorrágica de forma precoce.

“O tratamento mais usado é a Derivação Ventrículo-Peritoneal (DVP). Trata-se de um dispositivo usado para aliviar a pressão intracraniana causada pelo acúmulo de liquido. O sistema irá drenar o líquor e enviá-lo para outras partes do corpo, geralmente para a região peritoneal”, explica Dr. Iuri.

O procedimento inicia-se com uma pequena incisão atrás da orelha e um pequeno orifício no crânio para inserção do cateter, que irá drenar o líquido. Esse cateter se estende até o abdômen, permitindo que o excesso de líquido seja drenado para a cavidade abdominal, onde será absorvido. É colocada uma espécie de válvula em ambos os cateteres que é ativada quando o líquido aumenta.

Prognóstico
Infelizmente, a hidrocefalia pode deixar sequelas neurológicas, porém isso vai depender de uma série de fatores. Entre as sequelas podemos citar atrasos no desenvolvimento, dificuldades de aprendizagem, paralisia cerebral e déficit intelectual. Por isso, os bebês que apresentam a hidrocefalia devem ser acompanhados por equipe multiprofissional com neurologista infantil e neurocirurgião.

 

carol@agenciahealth.com.br

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