Termina no dia 22 exposição de Portinari em Curitiba

A exposição que trouxe a Curitiba um dos maiores nomes da arte brasileira chega ao fim no próximo dia 22 de abril (domingo). “Portinari – A construção de uma obra” apresenta esboços, desenhos e estudos de Candido Portinari na Caixa Cultural, além de oito esculturas de Sérgio Campos que exploram a tridimensionalidade das obras do pintor paulista. Prevista para encerrar no dia 18 de março, foi estendida em função de sua relevância e pela procura do público. Os curitibanos tem até o próximo fim de semana para apreciarem o processo artístico de um dos grandes artistas nacionais, com entrada franca.

Inaugurada em 17 de janeiro, a mostra acompanha a trajetória do pintor, muralista e desenhista em 30 estudos. Retratando o cotidiano do país e suas mazelas sociais, Portinari conquistou reconhecimento com obras que possuem uma atualidade surpreendente. “São pedaços preciosos de um artista singular, de quem buscou originalidade na própria poesia do homem”, explica o curador da exposição, Luiz Fernando Dannemann.

A desigualdade social é tema constante em suas telas e murais, explorada em “Menino morto” e “Grupo com homem doente”, por exemplo. Outro estudo relevante na mostra é o de “Guerra e Paz”, painel que Portinari criou para a sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, entre 1952 e 1956. “Portinari era um cronista que, ao invés de escrever, pintava as desigualdades, as efemérides”, pontua Dannemann. “‘Os Retirantes’ é a realidade do Brasil – pessoas rumando para as grandes cidades em busca de melhores oportunidades. E muitas dessas obras continuam atuais porque ainda vivemos em um país marcado pela desigualdade”.

Quatro trabalhos executados em 1955 revelam uma retomada da série Retirantes, quando Portinari experimentava novas maneiras de pintar. Devido a um tipo raro de envenenamento com tinta a óleo, o artista buscava outras maneiras de continuar se dedicando à arte – o que se torna visível em “Portinari – A construção de uma obra”.

“Essa mostra é uma oportunidade única para os curitibanos conhecerem um acervo especial que pertencia ao mestre Portinari, do qual ele nunca se separou”, comenta o curador. “Para os olhares atentos, movidos pela sensibilidade da arte, a exposição revela o momento exato em que acontecia a inspiração do artista para realizar as obras mais representativas de sua intensa e extraordinária carreira, tal como o primeiro estudo para os painéis ‘Guerra e Paz’; os desenhos de transporte para vários painéis célebres, como o ‘Café’; as maquetes de ‘São Francisco de Assis’ para a Igreja da Pampulha; o desenho preliminar da ‘Primeira Missa’; e estudos para painéis não executados, entre muitas outras atrações”.

Esculturas

Luiz Fernando Dannemann e Victoria Dannemann

A exposição tem ainda oito esculturas assinadas pelo desenhista, pintor e escultor Sérgio Campos, que contracenam com as obras. Ele finalizou o planejamento do próprio Portinari de transformar suas figuras em esculturas, dando uma perspectiva tridimensional. “Ele pretendia eternizar alguns de seus personagens em bronze. Como morreu prematuramente, não conseguiu concluir este projeto”, conta Dannemann. “Sérgio Campos, membro da família do pintor, decidiu finalizar a ideia e criou esculturas fidedignas em cada detalhe”.

Formado na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Campos desenvolveu uma técnica para elaboração de esculturas em aço e cobre, executando monumentos públicos de grande porte. Seus desenhos têm forte identidade com os personagens de Portinari.

Candido Portinari

O artista nasceu em 30 de dezembro de 1903, em Brodowski, no interior de São Paulo. Filho de imigrantes italianos, teve uma infância humilde e recebeu apenas a instrução primária. Manifestou sua vocação artística desde criança, começando a pintar aos nove anos. Estudou na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro e visitou países como a França e a Itália, onde concluiu os estudos. Em 1935, recebeu, em Nova York, um prêmio por sua obra “Café”, que o projetou para o mundo. Faleceu em 1962, aos 58 anos, tendo como causa aparente uma intoxicação causada por produtos químicos presentes nas tintas.

Artes Visuais: “Portinari – A construção de uma obra”

Local: CAIXA Cultural Curitiba – Rua Conselheiro Laurindo, 280 – Curitiba (PR) – Galeria do Mezanino
Visitação: até 22 de abril (domingo)
Horário: terça a sábado, das 10h às 20h, e domingo, das 10h às 19h.
Ingressos: Entrada franca
Informações: (41) 2118-5111
Classificação etária: Livre para todos os públicos

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