Quem somos e de onde viemos? Essas são algumas das perguntas respondidas pelo documentário “O Poema Imperfeito”, baseado no livro de mesmo nome do professor do Departamento de Ecologia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e membro da Rede de Especialistas em Conservação Natureza, Fernando Fernandez, que será lançado neste mês durante a 1ª Mostra de Cinema Ambiental da UFRJ.
Antes da apresentação oficial, Fernandez e a diretora Zulmira Coimbra irão participar de um pré-lançamento, realizado para colaboradores e parceiros da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza – patrocinadora do material – na próxima sexta-feira (18/05), em Curitiba (PR). “Divulgaremos primeiramente para parceiros e públicos estratégicos. Após o pré-lançamento, a divulgação será voltada para alunos e docentes de graduação e pós-graduação de cursos ligados à área ambiental, assim como para outras pessoas e instituições com interesse pela conservação da natureza. O filme será disponibilizado para visualização e download no site do projeto e nas redes sociais. Além disso, em seguida, também temos a intenção de inscrever o filme em festivais de cinema ambiental”, comenta Zulmira.
Dividido em oito capítulos, o documentário contesta a ideia de que a destruição da natureza é algo recente. O filme inicia mostrando como os grandes animais, como os mamutes, mastodontes e as preguiças gigantes, foram desaparecendo da Terra à medida que os humanos saíram do continente africano e começaram a povoar outros continentes. Além desses animais, o filme mostra outras espécies que foram extintas recentemente e sobre as quais poucas pessoas ouviram falar, como é o caso do golfinho do Yangtse, extinto há pouco mais de uma década.
Nos capítulos seguintes, o documentário produzido pelo Instituto Pró-Carnívoros fala sobre a perda de espécies por destruição e fragmentação de habitat; sobre refaunação, que visa a reconstrução de fauna e processos ecológicos; sobre como os problemas ambientais são tipicamente criados por situações em que benefícios individuais geram prejuízos coletivos; e dá dicas do que cada um de nós pode fazer para reduzir o seu impacto no planeta.
Segundo Fernandez, existem três grandes mensagens que, tanto o livro, quanto o documentário, passam para o público. “A primeira é que temos uma falsa percepção de que a crise ambiental é algo dos últimos anos. Nós causamos estragos imensos à natureza, extinguindo espécies há mais de 50 mil anos. A destruição da natureza vem acontecendo ao longo de toda a história humana e isso precisa ser entendido. Este primeiro ponto tem a ver com o título do livro e do filme. O Poema Imperfeito é a natureza já desfalcada que chegamos a conhecer. O segundo ponto é que não conseguiremos melhorar nossa relação com o resto da natureza se não compreendermos quem somos e de onde viemos, ou seja, que somos mais uma espécie animal e produtos do processo evolutivo, e portanto partes e não proprietários da natureza. E o terceiro ponto é histórico e mostra como as civilizações colapsaram ou se recuperaram dependendo de como lidaram com problemas ambientais, mostrando que os problemas ambientais têm sido um dos grandes determinantes da história humana”.
Por fim, os três últimos capítulos contextualizam o nosso lugar no mundo, e fazem uma reflexão sobre quem somos e de onde vivemos – mostrando, inclusive, que poderíamos nem ter existido.
A primeira edição do livro foi lançada em 2000 e, neste ano, a obra chegou ao seu quarto relançamento. Para o autor, o lançamento do filme pode ajudar a suprir a demanda que possa existir do público mais jovem. “O livro não é encontrado em livrarias e, neste ano, foi relançado mais uma vez, chegando em sua quarta edição, o que mostra que o Brasil tem uma demanda por assuntos desse tipo. Acredito que colocar o material disponível em uma nova plataforma pode reforçar ainda mais a procura pelo tema”, comenta Fernandez.
“A mensagem deixada pelo filme nos faz refletir sobre as ações humanas ao longo da história, o que nos leva a questionar nossas atitudes no presente. A partir disso, entendemos que aquilo que fazemos hoje será nosso legado para as próximas gerações. Por isso, a conservação da natureza é tão importante. Patrocinamos o filme porque acreditamos que o cinema é uma arte com uma linguagem que possibilita fazer essa reflexão e que aproxima as pessoas da nossa natureza”, analisa a diretora-executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes.
O trailer do filme pode ser conferido no site do projeto: http://theimperfectpoem.
(centralpress