As temperaturas despencaram, e o outono vai antecipando o inverno, que começa daqui a um mês. Com a baixa dos termômetros, se tornam mais frequentes os problemas de saúde, entre eles irritações no ouvido, nariz e garganta. Mas é possível se proteger?
Segundo a otorrinolaringologista do Hospital Otorrinos Curitiba Andressa Gervasoni Sagrado, a proteção está ao alcance de todos com medidas simples no dia a dia, como por exemplo, manter os ambientes sempre ventilados.
“Durante os meses mais frios aumenta a circulação de vírus típicos do inverno, e uma das maneiras de se proteger é manter sempre os ambientes abertos e ventilados. Nos ônibus, abra as janelas, não deixe as crianças confinadas e coloque a casa para arejar”, orienta a especialista.
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Caso o paciente tenha sensibilidade ao frio e sofra com os sintomas de congestão nasal, coriza e espirros na presença de mudança brusca de temperatura e umidade, vale se lembrar dos bons conselhos das mães e das avós: “capriche nos agasalhos e evite mudanças súbitas climáticas após o banho e ao sair de casa, por exemplo”, acrescenta Andressa.
Para os alérgicos e sensíveis ao pó e mofo, a dica é trocar com frequência as roupas de cama e cobertores, abrir os armários para ventilar e lavar os casacos mais quentes antes do uso.
Dor de ouvido nas crianças
Quando chega nesta época do ano, as crianças são as que mais sofrem com a dor de ouvido. Isso acontece porque a tuba auditiva, responsável por ventilar o ouvido, ainda está imatura e é mais horizontal do que a tuba auditiva no adulto, fazendo com que a inflamação e as secreções nasais contaminem a orelha média da criança com maior facilidade.
De acordo com a otorrino, a dor de ouvido que afeta mais as crianças nos meses mais frios geralmente é decorrente de uma otite média aguda. “Essa inflamação da região que fica atrás do tímpano (orelha média) é mais comumente causada por vírus, que provocam gripes resfriados e outras infecções. Mas também pode ser causada por bactérias, fazendo necessário, em menor número de casos, o uso de antibióticos no tratamento”.
Vale lembrar, ainda, que até os 5 anos a criança ainda apresenta um sistema imunológico mais frágil, sendo mais suscetíveis a infecções de vias aéreas.
Cuidado com as receitas caseiras
Utilizar substâncias ou materiais estranhos no ouvido, como grampos e cotonetes, podem levar a uma série de complicações, entre elas, machucar a pele da parte externa do ouvido (o que pode levar a sangramentos e infecções), retirar a camada de cerume que protege o ouvido contra inflamações, e o mais grave, perfurar ou machucar a membrana timpânica, causando inclusive uma perda auditiva.
“Por isso”, orienta Andressa, “é sempre importante procurar um médico otorrinolaringologista na presença de desconforto nos ouvidos”.
De olho no ar-condicionado!
Tem gente que não vive sem ar-condicionado, mas é preciso ficar atento às condições de higiene do aparelho, já que ele pode ser um grande foco de disseminação de vírus.
“O uso do ar-condicionado em ambientes com aglomerações evita a ventilação do ambiente, favorecendo a contaminação por vírus circulantes nesta época do ano. Outro ponto importante é que mudanças bruscas na temperatura e na umidade do ambiente, como ocorre com o uso do ar-condicionado, podem ser o gatilho das chamadas rinites não alérgicas, gerando uma inflamação no nariz (a famosa rinite) e seus sintomas de congestão nasal, coriza e espirros”, explicou a otorrino.
Para os que são sensíveis a essas mudanças, a dica é intensificar os cuidados com a lavagem nasal diária com soro fisiológico, e manter-se agasalhado. “O uso de umidificadores em ambientes fechados e secos devido ao ar-condicionado também auxilia um melhor funcionamento nasal”, acrescenta Andressa.
Outras dicas para se proteger
A doutora Andressa listou outras dicas importantes para passar pelas baixas temperaturas com a saúde em dia. Confira:
– Vacinação em dia: mantenha a vacinação contra a gripe (Influenza) atualizada. Ela deve ser realizada todo ano para crianças a partir dos seis meses. Vale lembrar que como o vírus se modifica anualmente, o mesmo ocorre com a vacina.
– Casa arejada: mantenha a casa sempre ventilada e, se possível, evite ambientes fechados com aglomerações.
– Lavagem nasal: capriche sempre na lavagem nasal com soro fisiológico, para adultos e crianças. Ele retira do nariz irritantes nasais e vírus e na maioria das vezes não é muito valorizada nem lembrada pelo paciente. Essa prática deveria ser realizada pelo menos algumas vezes ao dia.
– Assim que a criança conseguir, é importante ensiná-la a assoar o muco nasal.
Diretor Técnico: Dr. Ian Selonke CRM-PR 19141 | Otorrinolaringologia