Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatรญstica (IBGE), de 2016, mostrou que o Brasil possuรญa, no ano anterior, 4,5 milhรตes de idosos empregados. Com um nรบmero cada vez maior de integrantes da terceira idade dispostos a se manterem economicamente ativos, a tendรชncia รฉ que essa estatรญstica aumente ano a ano, principalmente em tempos de economia incerta. O grande problema รฉ a falta de qualificaรงรฃo. Dados do MEC indicam que apenas 11% dos brasileiros entre 55 e 64 anos possuem Ensino Superior. O nรบmero รฉ baixo se comparado aos EUA, onde 40% das pessoas nessa faixa etรกria possui um diploma universitรกrio.
No Brasil, essa realidade pode comeรงar a mudar. A entrada do pรบblico idoso nas universidades รฉ um movimento que estรก ganhando forรงa. ย O acesso ร internet รฉ um dos fatores que tem aproximado a terceira idade do Ensino Superior.ย Uma pesquisa do IBGE aponta que, entre 2005 e 2011, o grupo de pessoas acima dos 50 anos foi o que mais cresceu entre os consumidores de internet. O estudo mostra um incremento de 222,3%, no perรญodo de seis anos, por parte deste pรบblico. Mais de 5,6 milhรตes de pessoas nessa faixa etรกria passaram a usar a web nas suas atividades cotidianas. Inseridos no mundo digital, ainda que com certa dificuldade e precisando se familiarizar melhor com esse contexto, surge entรฃo para esses idosos uma nova oportunidade nas universidades: a Educaรงรฃo a Distรขncia (EaD).
A educaรงรฃo a distรขncia vem na esteira do avanรงo da tecnologia, fazendo com que as pessoas com mais de 60 anos possam se atualizar no uso de novas ferramentas para adquirir conhecimentoโ, afirma o coordenador-geral do EAD da Universidade Positivo, Everton Renaud. “Pela comodidade proporcionada ao aluno, que pode acessar todo o conteรบdo do seu computador de casa, o EAD surge para essa parcela da populaรงรฃo brasileira como uma oportunidade natural para quem quer voltar ร universidade ou ter a chance de fazer um curso superior pela primeira vezโ, completa.
ร o caso da caloura Anete Barison dal Sasso, estudante do curso de Gastronomia na Universidade Positivo, em Londrina. Com 75 anos, ela encara o desafio de realizar um sonho de juventude e viu no curso a chance de continuar aprendendo e evoluindo. Com uma trajetรณria cheia de altos e baixos, Anete fez um pouco de tudo na vida: jรก foi professora, dona de restaurante e malharia. Sempre gostou de estudar e acalentava o sonho de fazer uma faculdade, mas a vida de casada, a criaรงรฃo dos filhos e algumas dificuldades financeiras sempre faziam com que o sonho fosse adiado. Aos 60 anos precisou recomeรงar do zero e trouxe ร tona a experiรชncia de infรขncia na cozinha da avรณ, quando aprendeu a fazer doces e gelรฉias. Sem dinheiro para fazer os investimentos iniciais no novo negรณcio, ela foi para a cozinha de casa com sete quilos de abรณbora doados por um vizinho. Nascia ali a DUGA, uma marca de gelรฉias, patรชs e conservas. O negรณcio foi vendido hรก um ano e meio e, entรฃo, jรก viรบva e com os filhos e netos criados, percebeu que tinha tempo e condiรงรตes para ir em busca do que sempre quis. โComecei o curso agora, jรก me dei conta que nรฃo serรก fรกcil, principalmente por causa da barreira da tecnologia, mas isso nรฃo me desanimaโ, conta Anete, que estรก fazendo aulas particulares para melhorar o seu desempenho diante de um computador. A determinaรงรฃo de sempre querer aprender e fazer mais e melhor faz Anete olhar ainda mais longe. โApesar de ter vendido a DUGA, continuo trabalhando lรก, oferecendo assessoria para a criaรงรฃo de novos produtos, Quero continuar investindo nessa รกrea. Depois do curso de gastronomia, quero fazer uma Pรณs-Graduaรงรฃo em Tecnologia de Alimentos. Isso, se ainda der tempoโ, brinca a estudante.
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