Por que o futuro da Indústria 4.0 está ligado à mudança na cultura educacional do Brasil?

Por Paulo Marcelo, CEO da Resource

 

Eu poderia, facilmente, criar um paralelo entre a Indústria 4.0 e a terceira Revolução Industrial. Essa quarta revolução industrial vem reforçar o conceito de que a cadeia de produção também é passível de automação e digitalização, ou seja, da mesma forma que lá atrás a primeira revolução industrial trouxe uma perspectiva de transformação no modelo de produção, hoje, a Indústria 4.0 também faz isso, mas em diferentes perspectivas.

Isso porque a Indústria 4.0 é um ciclo que teve início da sociedade para o mercado, no qual a transformação digital começou primeiro baseada nos consumidores e hoje impacta as indústrias. A sociedade demanda que as empresas atuem de forma mais simples e alguns setores já estão conseguindo caminhar nessa direção. O varejo, por exemplo, tem um relacionamento direto com os consumidores e conseguiu incluir o mundo digital na relação que possui com eles.

Mas e os demais setores: as indústrias? Como elas estão sentindo esse impacto? Um dos maiores choques que eu prevejo está diretamente relacionado ao mercado de trabalho e à oferta de mão de obra. Se por um lado as indústrias precisam aumentar a sua eficiência para competir com as empresas globais, por outro, podemos nos deparar com o risco do desemprego já que temos a automação industrial, robôs e inteligência artificial substituindo a mão de obra. E como preservar o capital intelectual das empresas?

A resposta é simples, mas desafiadora para ser implementada na prática: investimento na educação. O grande risco quando há um atraso na educação, como é o caso do Brasil, é que não é possível preparar a sociedade para atuar trabalhando diretamente com a tecnologia digital. Hoje, muitos dos nossos cursos, como os de formação superior e, principalmente, os técnicos ainda não preparam os profissionais para a transformação digital da Indústria 4.0. Eles precisam estar prontos para atuar lado a lado com automação e Inteligência Artificial e não mais para os modelos das máquinas da terceira revolução industrial.

Se não prepararmos a nova geração para esse modelo teremos um gap enorme na formação de mão de obra em um futuro próximo de, no máximo, 5 a 10 anos. Essa geração precisa estar atualizada com a tecnologia e criar um mix de experiência com máquinas e conhecimentos.

Quando você não prepara a nova geração para esse modelo, os recursos humanos acabam sendo inegavelmente substituídos por robôs. É urgente a necessidade de mudança na formação técnica e profissional para que seja possível equilibrar, no primeiro momento, as tarefas repetitivas em que a automação deve substituir a mão de obra para então direcionar esse colaborador para atividades que vão requerer o capital intelectual e a intervenção humana. E isso só vai acontecer com a mudança na formação tecnológica desses futuros profissionais.

Para que o Brasil possa competir globalmente com países como Alemanha e Estados Unidos, que estão muito em nossa frente, a indústria nacional precisa fazer urgentemente essa transformação digital e ter uma integração completa de todos os processos nas empresas. O Brasil precisa parar de engatinhar e dar passos ousados no desenvolvimento para que realmente possa entrar na era da Indústria 4.0 não só com a tecnologia em si, mas com pessoas capazes de lidar com ela.

Destaque da Semana

Teste de DNA é aliado para detectar HPV e pode substituir papanicolau

Pesquisa da Unicamp mostra que o exame é capaz...

Rapidinha de Natal: mais da metade dos brasileirosjá fugiu para transar

Por trás das tradições, há quem explore suas fantasias...

Dengo inaugura primeira loja em Maringá, com opções de presentes

Nova marca chega ao Catuaí Shopping Maringá com opções...

Manter o equilíbrio em uma perna ajuda a avaliar a saúde ao envelhecer

Estudo sugere que, com a idade, o chamado equilíbrio...

Artigos Relacionados

Destaque do Editor

Mais artigos do autor