“Quando há dificuldade na deglutição, algumas complicações podem aparecer, tais como desnutrição, desidratação, perda do prazer de comer e, consequentemente, redução da qualidade de vida”, acrescenta Carla.
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Sinais da disfagia
Alguns sinais importantes podem indicar que o paciente está com problemas na deglutição. São eles:
– retenção de alimento na boca;
– demora para engolir;
– tosse durante ou após a alimentação;
– afogamentos constantes ao alimentar-se com determinados alimentos;
– afogamentos inesperados;
– sensação de algo parado na garganta;
– cansaço/falta de ar ao se alimentar;
– perda de peso involuntária;
– pneumonias de repetição.
Outro sinal pode ser a dificuldade de mastigar os alimentos por falta de força das musculaturas mastigatórias ou por falta de elementos dentários. Segundo a doutora, essa situação implica na mudança da consistência dos alimentos para mais cozidos que o normal e mais pastosos.
“Vale lembrar que a mudança na consistência reflete diretamente na perda de peso, emagrecimento e fraqueza do estado geral do paciente. Observa-se também afogamentos constantes com líquidos, alimentos pastosos, sólidos, com farofas”, acrescenta a especialista.
Pacientes oncológicos e neurológicos também apresentam dificuldades para deglutir, ou seja, ‘empurrar’ o bolo alimentar da boca para a fase da faringe, afogando-se. Isso pode se dar pelo fato de o alimento penetrar na laringe, podendo levar o paciente a aspirar este alimento, alojando-se nos brônquios e/ou nos pulmões.
“Quando o alimento se aloja no pulmão, dizemos que esta pessoa broncoaspirou, podendo levar a um quadro de pneumonia. Dependendo do estado nutricional deste paciente a pneumonia pode ser fatal”, alerta a doutora.
Sem pressa para mastigar!
Outro ponto destacado pela especialista é que a correria do dia a dia também pode influenciar no problema. A recomendação é que os alimentos sejam muito bem mastigados.
“Pode parecer óbvio, mas devemos nos lembrar de que temos dentes na boca e não no estômago. Por isso, engolir alimentos inteiros com pressa pode causar danos ao aparelho digestivo, pois os alimentos mal triturados são deglutidos basicamente por inteiro, impondo ao estômago o aumento da concentração de ácido clorídrico para a dissolução deste fragmento. Quando há o aumento da concentração desse ácido, isso pode causar sensação de desconforto digestivo”, lembra Carla. É muito comum, ainda, que esses pacientes apresentem, ao longo do tempo, quadros de gastrites, inflamação do duodeno, úlceras gástricas e quadros de Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE).
“Por isso”, aconselha a doutora, “mastigue bem os alimentos e com calma, e engula somente quando o bolo alimentar estiver na forma de uma pasta homogênea, sem pedaços”.
Tratamento para disfagia
Em caso de suspeita de disfagia, a orientação é buscar uma equipe médica especializada para avaliar e tratar os problemas de deglutição.
“É fundamental uma equipe multidisciplinar composta pelo médico, fonoaudióloga especialista na área de disfagia, otorrinolaringologista, nutricionista e demais profissionais. Existem dois exames indicados para o diagnóstico da disfagia: o exame de videonasofibroscopia da deglutição, realizado pelo otorrinolaringologista e a fonoaudióloga em conjunto, e o exame de videodeglutograma (exame por rádio imagem),” ressalta a doutora.
Na maioria das vezes a disfagia pode ser reabilitada pela fonoaudióloga, com possibilidades de o paciente voltar a se alimentar via oral, retomando a rotina normal de vida familiar e social durante as refeições, e não mais necessitar fazê-lo por sondas enterais ou gastrostomias.
Diretor Técnico: Dr. Ian Selonke CRM-PR 19141 | Otorrinolaringologia