Inovação e tecnologia não são mais estratégias e ferramentas adotadas apenas em ambientes empresariais e acadêmicos. Inúmeras soluções inteligentes vêm ganhando espaço nas mais diversas áreas de atuação, e o meio ambiente tem sido uma delas. Há algum tempo, os pesquisadores se perguntam: por que não usar todo o conhecimento adquirido e as possibilidades tecnológicas existentes para criar soluções que promovam a conservação da natureza?
Com esse intuito, a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza incluiu nos seus editais de apoio – abertos para inscrições até 31 de agosto – uma nova linha temática “Soluções para a Conservação da Natureza”. A novidade contempla a aplicação ou desenvolvimento de soluções inovadoras e ferramentas tecnológicas em benefício da conservação da natureza, a exemplo de novas formas de monitoramento da biodiversidade e desenvolvimento de dispositivos que contribuam para a conservação de espécies e ecossistemas.
“O uso de tecnologias e de ferramentas inovadoras para solucionar problemas e desafios de nossa sociedade não é novidade. No entanto, acreditamos que há um grande potencial para a aplicação de soluções inovadoras em ações de conservação da natureza. Dessa forma, percebemos que abrir um espaço específico para isso no nosso edital seria mais uma forma de promover e incentivar o uso desses novos métodos em benefício da natureza”, analisa a diretora executiva da Fundação, Malu Nunes.
Motivos para se orgulhar
Existem diversas inovações que podem favorecer a convivência dos seres humanos com o planeta, além de promover de forma sustentável a conservação de espécies. Dessa forma, universidades brasileiras e instituições têm se destacado por suas práticas e contribuído com soluções que trabalham pela redução do impacto ambiental.
Desde 1991 a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza apoia projetos pelo Brasil e, nesses 27 anos, alguns deles se destacaram por suas ações inovadoras. Entre eles está o “Dronequi”, uma tecnologia que tem ajudado no monitoramento de macacos em Minas Gerais e que consiste na utilização de um drone com câmera termal, adotado em benefício da conservação dos muriquis-do-norte (Brachyteles hypoxanthus). Apoiada pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, a iniciativa utiliza o aparelho desenvolvido pela Storm Security para monitorar a população desses primatas ameaçados de extinção.
O sistema é extremamente inovador e, de acordo com Fabiano Melo – professor da Universidade Federal de Viçosa, membro do MIB (Muriqui Instituto de Biodiversidade) e da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza – o drone chega como uma revolução para o monitoramento das espécies nas matas. “Nosso método anterior era entrar na mata e contar os macacos individualmente. Agora temos duas câmeras de alta resolução de imagem e sensibilidade ao calor que nos auxiliam na localização e contagem dos animais”, explica Fabiano.
Em um contexto semelhante, o projeto “Desenvolvimento e difusão de tecnologia inovadora aplicada ao monitoramento satelital e conservação dos peixes-bois marinhos (Trichechus manatus) no Brasil”, realizado no litoral do Nordeste pela Fundação Mamíferos Aquáticos, também com apoio da Fundação Grupo Boticário, tem o objetivo de monitorar esses animais para, a partir dessa observação, elaborar novas iniciativas para conservação da espécie. Neste caso, o monitoramento é realizado por meio de uma parceria com uma empresa brasileira de tecnologia, a Nortronic, que desenvolve todo o aparato utilizado para controlar os animais via satélite. “Inicialmente essa tecnologia foi criada especificamente para a espécie e, futuramente, poderá ser aplicada em outras atividades ambientais semelhantes”, destaca João Carlos Gomes Borges, veterinário e responsável pelo projeto realizado pela.
Inscrições para novos projetos
As inscrições para a segunda chamada de 2018 dos tradicionais editais de apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza estão abertas e podem ser realizadas até 31 de agosto, por meio do site da instituição. São três categorias de apoio: o Edital de Apoio a Projetos, que nesse semestre será destinado a ações no ambiente costeiro-marinho; Edital Biodiversidade Paraná, restrito ao território estadual paranaense; e o Apoio a Programas, de temática livre e aberta a todo o Brasil. Após optar por um edital, o proponente escolhe uma linha temática para inscrever seu projeto, são elas: Unidades de Conservação de Proteção Integral e RPPNs, Espécies Ameaçadas, Ambientes Marinhos e Soluções para a Conservação.
Podem se inscrever instituições sem fins lucrativos, como fundações ligadas a universidades e organizações não governamentais (ONGs). Para o Edital Biodiversidade do Paraná, instituições privadas e públicas também podem se candidatar, por meio do site da Fundação Araucária (http://www.fappr.pr.gov.br/), parceria da Fundação Grupo Boticário neste edital.
Dúvidas podem ser encaminhadas por e-mail para edital@fundacaogrupoboticario.
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