Prestes a completar 40 anos, a lipoaspiração, técnica de cirurgia plástica criada em 1979, pelo médico cirurgião francês Yves Gerard Illouz, se tornou um dos procedimentos estéticos mais realizados em todo o mundo.
No Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), é a segunda cirurgia plástica mais realizada, perdendo apenas para o aumento das mamas. Entretanto, também é um dos procedimentos que mais requerem profissionais especializados e treinados, já que a prevalência de complicações é alta quando certas condutas de segurança não são seguidas.
Segundo o cirurgião plástico Dr. Luiz Molina, membro Titular da SBCP, graças ao melhoramento das técnicas cirúrgicas, dos equipamentos usados e da seleção dos pacientes que têm indicação para a lipoaspiração, a morbidade e a mortalidade diminuíram.
“Ainda assim, muitas pessoas se arriscam quando não se atentam a detalhes importantes na escolha do médico, do local e até mesmo quanto à necessidade ou não de fazer a lipoaspiração. A saúde é o bem mais precioso que temos. Portanto, o paciente precisa estar ciente dos riscos e escolher um profissional qualificado”, comenta Dr. Molina.
Veja agora as principais questões que você deve ter conhecimento se está pensando em fazer uma lipoaspiração:
1-A lipoaspiração pode ser feita em qualquer local?
A lipoaspiração é uma cirurgia. Portanto, deve ser feita em um hospital devidamente equipado para qualquer emergência, como uma parada cardíaca ou respiratória, por exemplo. No Brasil, o local da cirurgia precisa seguir as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
2 – Qualquer médico pode fazer lipoaspiração?
Não! O médico precisa, obrigatoriamente, ter formação em Cirurgia Plástica com título de especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e pelo Conselho Federal de Medicina. O cirurgião plástico que possui esses titulos foi treinado de acordo com os critérios estabelecidos por serviços credenciados da SBCP e possui condições técnicas específicas para realizar uma lipoaspiração. Ao escolher seu médico, cheque as credenciais dele junto a estes órgãos e avalie se há processos por erros médicos.
3- Pessoas de todas as idades podem fazer lipoaspiração?
Embora a idade não seja um fator isolado de contraindicação, o médico irá avaliar a condição de saúde como um todo. Pacientes com mais de 40 anos serão avaliados minuciosamente em relação ao risco cardiovascular. Todos os pacientes devem ser avaliados quanto à capacidade de contração da pele, pois há o risco de retirar a gordura e gerar flacidez. Crianças naturalmente não tem indicação e adolescentes são avaliados caso a caso.
4- Quais doenças prévias podem impedir uma pessoa de fazer uma lipoaspiração?
Toda cirurgia implica riscos. Assim, o médico nas consultas pré-operatórias irá traçar um perfil e levantar todas as doenças que contraindicariam a cirurgia. Histórico de hemorragias, diabetes, doenças da tireoide, tumores, trombose ou antecedente familiar de trombose, insuficiência cardíaca, isquemia coronariana e problemas de coagulação são algumas doenças prévias que podem impedir a cirurgia. Mas, cada caso é isoladamente avaliado pelo médico.
5- Posso fazer lipoaspiração acima do peso?
O IMC (Índice de Massa Corporal) tem sido usado para a indicação cirúrgica. Pessoas com IMC>30, ou seja, obesas classe I, têm contraindicação relativa. Porém, IMC > 35 tem contraindicação absoluta devido ao risco de complicações respiratórias, circulatórias, infecciosas e a um maior tempo de recuperação. Assim, a lipoaspiração não é uma técnica que deve ser usada como recurso para perda de peso. O paciente deve estar dentro do IMC normal e usar a cirurgia para ajudar na remoção da gordura localizada que não diminuiu com atividade física ou com dieta.
6- Quais os limites da lipoaspiração?
Essa é uma das principais dúvidas dos pacientes e acaba sendo um mito pensar que é possível tirar toda a gordura do corpo. De acordo com SBCP e o CFM, existem três variáveis maiores a serem analisadas para definir os limites da lipoaspiração: A primeira é o volume de gordura retirado, que não pode ser maior que 7% do peso corporal. Uma pessoa que pesa 70 kg pode retirar até 4,9 kg de gordura, por exemplo. A segunda variável diz respeito à composição do material aspirado, que varia conforme a infiltração usada e região aspirada (p. ex. o dorso tem maior perda sanguínea que culote). Por fim, a terceira variável é a superfície corporal aspirada. A recomendação é não aspirar mais que 40% da superfície corporal.
7- Como é a recuperação?
Outro mito em torno da lipoaspiração é que como não há cortes abertos, já que é feita por meio de pequenas incisões, as pessoas tendem a pensar que a recuperação é menos complexa que uma cirurgia com grandes incisões. Mas não é bem assim. Embora cada organismo reaja de uma maneira diferente, nos primeiros dias é esperado sentir dores, apresentar edema (inchaço) e hematomas. O resultado final do procedimento poderá ser visto em cerca de 6 meses e o pós-operatório requer cuidados que deem ser seguidos à risca pelo paciente.
8- Quanto custa uma lipoaspiração?
O Conselho Federal de Medicina proíbe a divulgação de valores de cirurgias e procedimentos por qualquer meio de comunicação. Os custos só podem ser informados pelo médico, após consulta e avaliação do paciente.
Entretanto, a pessoa que pensa em realizar uma cirurgia plástica deve estar ciente de que os valores incluem diversos custos, como custos do hospital, honorários da equipe, honorário do cirurgião plástico, honorário do médico anestesista, custos com medicamentos, drenagem linfática no pós-operatório e cinta compressiva. Trata-se de uma cirurgia com custo médio a elevado quando feita dentro dos padrões e normas de segurança estabelecidas pelo CFM e pela SBCP. Portanto, desconfie quando o valor for muito abaixo da média do mercado.
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