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A engenharia moderna pode preservar o mundo?

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Por Timoteo Muller, gerente de vendas da Dassault Systèmes para a América Latina

 

Às vezes parece que cada inovação tecnológica nos afasta ainda mais do nosso mundo natural. No entanto, projetos de engenharia modernos estão conectando o passado e o futuro como nunca antes.Quanto mais avançamos no futuro, mais distantes ficamos do passado. O futuro e o passado estão em lados opostos de um espectro cada vez maior – e às vezes parece que as inovações da humanidade ameaçam o mundo natural. No entanto, pensar inteligentemente no presente pode permitir que o novo mundo e o natural coexistam em harmonia – e até se beneficiem mutuamente.

Stonehenge é um dos mais famosos locais do patrimônio mundial do planeta. Um lugar de beleza mística que é uma parte importante da herança britânica; atrai cerca de 1,3 milhão de visitantes por ano. O problema é que há uma enorme autoestrada ao lado de Stonehenge. Eles a chamam de A303 e é conhecida por congestionamentos pesados e longos engarrafamentos. Isso estraga o ambiente de um local que remonta a cerca de 3100 a.c.

Boa notícia. Recentemente, a Secretaria de Transportes do Estado anunciou uma rota preferível em relação a auto estrada A303, passando por Stonehenge. Os planos incluem um túnel de 1,8 milhas e pistas duplas abaixo do consagrado patrimônio mundial da humanidade. O objetivo é devolver a Stonehenge seu formato mais pastoral, onde os amantes da herança patrimonial possam passear através dos mistérios da história em paz. Não há dúvida de que o som do canto dos pássaros é preferível ao ruído estridente do trânsito intenso da estrada. Dependendo do resultado de uma consulta pública, a construção do túnel deverá começar em 2021.

Ele traz à mente o projeto do Túnel Hindhead, em Surrey, Reino Unido, que foi inaugurado em 2011. Anteriormente, a estrada A3 contornava a borda da “Devil’s Punch Bowl”, um local de interesse científico especial e um dos mais belos pontos turísticos de Surrey. A construção de um túnel subterrâneo reuniu o aro do Devil´s Punch Bowl com o Hindhead Common pela primeira vez em quase 200 anos. Com a terra recuperada, os passeadores de cães e os amantes do campo agora percorrem os bancos de grama onde o tráfego percorreu no passado.

Cerca de metade da população mundial vive em ambientes urbanos. Por que não estamos fazendo mais para essa experiência não ser tanto como viver em uma selva de pedra? Essa foi a questão nas mentes do governo de Cingapura, quando formularam os planos do Gardens by the Bay, um parque natural de 250 acres com mais de um milhão de plantas.

O objetivo do governo era transformar Cingapura de uma cidade-jardim para uma cidade em um jardim, elevando a qualidade de vida, melhorando a vegetação e a flora. Eles conseguiram. Mais de 6 milhões de visitantes por ano reúnem-se para aproveitar as delícias florais, sendo a peça central um conjunto de grandes árvores, criadas pelo homem, que se elevam de 25 a 50 metros de altura.

Essas estruturas tipo árvores feitas pelos homens contêm aproximadamente 300 espécies diferentes de trepadeiras que se espalharão pelos galhos para criar um espetáculo visual impressionante. As árvores também são equipadas com tecnologias ambientais que imitam funções ecológicas. Isso significa células fotovoltaicas que aproveitam a energia solar para propiciar, de forma deslumbrante, a iluminação noturna vibrante e a coleta de água da chuva que é utilizada para irrigação e exibição de fontes.

Além de mais de um milhão de plantas, o Gardens by the Bay é o lar de um carnaval da vida selvagem, incluindo pássaros que se aninham entre os galhos. Ele redefine como os ambientes urbanos interagem com o mundo natural; um exemplo luminoso de como as cidades podem projetar um ambiente mais propício à natureza.

As árvores de rua vivem em média por menos de 20 anos nas cidades norte-americanas. Elas simplesmente não têm a oportunidade de crescer o suficiente para fornecer benefícios ecológicos adequados. Isto é um problema, porque é preciso mais do que algumas mudas para limpar o ar imundo das grandes cidades. Agora, uma equipe de designers industriais e engenheiros sediados em São Francisco está chegando à raiz deste problema.

O ambiente construído é super ocupado abaixo da superfície – com as fundações de edifícios, não menos importantes. A empresa Deeproot criou e patenteou as células exclusivas Silva Cells, um sistema de “post-and-beam” que transfere a carga da infraestrutura urbana para um solo mais profundo. Isso permite com que as raízes se espalhem e promovam o crescimento de árvores grandes, felizes e saudáveis. Há muito o que amar sobre isso – incluindo a melhora da qualidade do ar, uma defesa contra os efeitos de inundações repentinas e um ambiente construído que é muito mais agradável aos olhos.

Pensar no amanhã não precisa ser às custas do passado. Veja a partir do ângulo certo e é possível criar inovações tecnológicas que abordem os desafios atuais, de uma forma que ajude a preservar o passado e forme elos mais fortes com o mundo natural.

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