Muitas são as formas de bullying que principalmente as crianças sofrem quando são consideradas ‘fora do padrão’: se estão com excesso de peso, se são magras demais, se têm cabelos crespos ou se têm cabelos ruivos, por exemplo. E quando o assunto são as famosas orelhas de abano?
Segundo a otorrinolaringologista do Hospital Otorrinos Curitiba, membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial (ABORL-CCF) e da Academia Brasileira de Cirurgia Plástica da Face (ABCPF) Denise Braga Ribas, a orelha de abano nada mais é que uma orelha com deformidades, onde ela se afasta da cabeça e, com isso, se torna muito evidente aos olhos de todos. Mas a correção é possível e pode ajudar a evitar incômodo e prejuízo às crianças.
“A otoplastia, cirurgia plástica realizada para mudar a aparência das orelhas do paciente, além de corrigir essa má formação, auxilia no aumento da autoestima, melhora a aparência e evita casos de bullying. Porém a cirurgia na criança deve ser feita quando a própria criança reconhece o ‘problema’ e quer resolvê-lo”, ressalta Denise.
Problema estético ou funcional?
Outro ponto que a otorrino destaca é que esteticamente a orelha de abano pode causar incômodo e prejuízo aos pequenos, mas não causa alterações na audição, como muitos pensam.
“A orelha de abano é considerada um problema estético e não funcional. Porém também pode ser considerado um problema de ordem psicológica. Em alguns casos acaba causando timidez, retração social e até mesmo depressão”, avalia.
Faixas para orelhas de abano funcionam?
Quando o bebê nasce e os pais percebem que as orelhas estão um pouco afastadas da cabeça, muitos usam faixas ou até mesmo adesivos para tentar amenizar o problema da orelha de abano. Mas de acordo com Denise, essa não é uma solução indicada, já que é uma característica genética.
“Não adianta colocar faixa, micropore ou fita segurando a orelha para trás: isso é uma característica genética. Apenas a cirurgia corrige o ‘problema’ definitivamente. Além disso, adesivos e outros apetrechos podem machucar a pele da criança, que é muito sensível. A orelha é uma estrutura elástica, então, assim que o adesivo for retirado, ela volta para o seu local”, esclarece.
Idade ideal para cirurgia
A idade ideal para a correção das orelhas de abano é de 5 a 7 anos, ou seja, quando a orelha já tem o tamanho da orelha de um adulto e a cartilagem auricular é amolecida – mais fácil de ‘moldar’, mas também pode ser realizada na adolescência ou fase adulta.
“É importante lembrar que a orelha de abano é uma característica pessoal hereditária, e normalmente é bilateral. O ‘mau posicionamento’ da orelha normalmente ocorre pelo tamanho exagerado da concha ou pela dobra inadequada da anti-hélix (canto da orelha interna, o mais comum). O problema pode acometer tanto homens quanto mulheres”, acrescenta a especialista.
A anestesia utilizada na cirurgia depende de cada paciente. Pode ser realizada com anestesia local e sedação pois o procedimento não é demorado. Em pacientes muitos ansiosos, é melhor optar por anestesia geral.
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Cuidados pós-operatório
Para a otorrino, o acompanhamento pós-operatório é tão importante quanto o pré e intraoperatório. A orientação é que o paciente mantenha faixa compressiva por um ou dois dias de pós-operatório. Após a retirada desse curativo, a indicação é manter uma compressão suave por mais 30 dias – a retirada dos pontos atrás da orelha se faz entre 7 a 10 dias.
“O ideal é que o paciente fique pelo menos uma semana afastados de suas atividades e 30 dias de atividades como educação física, academia, futebol e corridas. Mas nada impede de o paciente fazer atividades leves já no primeiro dia de pós-operatório”, lembra.
Resultado da cirurgia
O resultado cirúrgico é imediato, mantendo os cuidados pós-operatórios, porém os primeiros 30 dias de pós-operatório são fundamentais para o bom resultado cirúrgico.
“Existe a necessidade de uso de faixa sobre as orelhas por este período, principalmente durante a noite, para dormir, para evitar que a orelha se dobre durante o sono”, finaliza a especialista.
Diretor Técnico: Dr. Ian Selonke CRM-PR 19141 | Otorrinolaringologia