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Fisioterapia ajuda animais a superarem dor e limitação física

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Restabelecer a saúde, prevenir o avanço de doenças e melhorar a qualidade de vida de animais de companhia e de competição são os principais objetivos da Fisioterapia Veterinária, especialidade que vem avançando no País. A fisioterapia é indicada para o tratamento de distúrbios ortopédicos e neurológicos que acometem os animais por diversas razões, como traumas, doenças, atividades físicas, idade, sobrepeso, entre outros.

Segundo a médica-veterinária Maira Rezende Formenton, integrante da Comissão Técnica de Fisioterapia Veterinária do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), os profissionais contam, atualmente, com aparelhos de ponta e um avançado conjunto de técnicas capazes de promover a reabilitação e garantir o bem-estar dos animais de forma não invasiva e, na maior parte dos casos, indolor.

Nos últimos anos, a modalidade teve avanços importantes no País, sobretudo com a chegada de novos aparelhos e plataformas de oscilação ou vibratórias. A médica-veterinária esclarece que as técnicas da Fisioterapia Veterinária são semelhantes às utilizadas em humanos, porém, são adaptadas à anatomia, à fisiopatologia e à biomecânica animal, portanto, só pode ser exercida por profissional médico-veterinário habilitado. “Diversos aparelhos costumeiramente utilizados em humanos, como laser, tens (neuroestimulação elétrica transcutânea), ultrassom, entre outros, também são empregados em nossa rotina”, revela.

Espécies beneficiadas com a fisioterapia

Os cães e cavalos, tanto por sua proximidade com o homem quanto pela facilidade de manejo, estão entre as espécies mais beneficiadas com a Fisioterapia Veterinária. Mas, além deles, podem ser tratados felinos, bovinos e até mesmo animais silvestres. “Temos relatos de tartarugas marinhas, com feridas nos cascos, que foram tratadas com laser e também de pinguins com lesões que foram reabilitados para voltar ao mar”, diz Maira.

Os tratamentos variam de acordo com o distúrbio e com as características do animal. Em cães, os problemas mais comuns são as hérnias de disco, artrites e artroses, displasias coxofemoral e de cotovelo, obesidade, problemas de coluna e pós-operatório ortopédico.

Em felinos, as artroses têm tido uma grande incidência, especialmente em função do crescente número de animais com idade mais avançada. Porém, de acordo com a integrante da Comissão Técnica de Fisioterapia Veterinária do CRMV-SP, ainda há muitos casos de gatos que precisam ser tratados devido a sequelas ocasionadas por traumas, como atropelamentos e fraturas de coluna. Já em equinos, são mais comuns as lesões relacionadas ao esporte, como tendinites e lombalgias.

A Fisioterapia Veterinária também pode envolver a parte de cuidados paliativos, especialmente em animais com câncer ou convalescentes. Técnicas como massoterapia, alongamentos e mobilizações articulares ajudam a impedir que o animal permaneça imóvel e sofra com a perda de massa muscular ou a formação de escaras. “Também buscamos, por meio da Fisioterapia Veterinária, amenizar a dor e reduzir o uso de medicações, a fim de diminuir a sobrecarga renal e hepática, além de conferir um alívio maior ao paciente”, complementa a médica-veterinária.

Em relação à obesidade, a Fisioterapia Veterinária e a reabilitação têm o papel de melhorar o condicionamento físico do animal e tratar lesões decorrentes do excesso de peso, como a sobrecarga em articulações. Nestes casos, destaca-se o trabalho com a hidroterapia, que facilita a locomoção e traz os resultados físicos necessários ao animal. “A dieta também é primordial. Sem o acompanhamento nutricional, não é possível o emagrecimento”, reforça Maira.

No geral, os animais costumam aceitar bem o tratamento. “Cães que gostam de água, por exemplo, adoram as terapias que envolvem natação ou esteira aquática” relata a médica-veterinária, que há mais de 10 anos atua nesta área. Além disso, diversos aparelhos, como a eletroterapia e a magnetoterapia, têm como função a liberação de endorfinas e opióides endógenos, que geram uma sensação de relaxamento e bem-estar durante a sessão.

Um dos maiores desafios dos médicos-veterinários, de acordo com a Maira, é tratar animais de natureza mais agressiva, exigindo criatividade do terapeuta para achar a técnica que seja mais eficaz e menos estressante para o animal.

Caso de superação

Algumas doenças podem deixar os animais com sequelas e, em alguns casos, a Fisioterapia Veterinária é recomendada para tentar reverter o quadro. “Recentemente atendi uma cachorrinha, chamada Esmeralda, que chegou à clínica com tetraparesia por sequela de cinomose. Ela não levantava nem o pescoço”, comenta Maira.

Poucas semanas após o início do tratamento, a Esmeralda começou a mexer o pescoço, logo depois os membros anteriores e, em seguida, os posteriores. Após cerca de três meses de reabilitação, ela começou a andar. “Foi um caso emocionante para todos os envolvidos e nos recompensa por toda dedicação à profissão.”

Maira reforça, ainda, que no caso da Esmeralda os tutores foram essenciais para a recuperação do animal e se mostraram extremamente dedicados ao tratamento.

Tutores são fundamentais para sucesso do tratamento

A participação ativa dos tutores durante todo o tratamento é fundamental. “Além de levarem o animal para as sessões, os tutores são responsáveis pelos exercícios que são prescritos, por adaptar a rotina do animal e fazer as alterações necessárias no seu manejo”, diz a médica-veterinária.

Os cuidados com pequenos animais podem ser decisivos para o sucesso do tratamento e incluem, por exemplo, não deixar que o animal circule em piso liso ou que ele pule de camas e sofás. Quanto aos equídeos, há diversos exercícios que devem ser conduzidos pelos proprietários ou tratadores, como parte do processo de reabilitação. Além disso, é preciso respeitar o tempo de recuperação do cavalo, de forma a permitir a plena cura da lesão antes que o animal volte a praticar o esporte.

De acordo com Maira, alguns tutores desejam resultados rápidos, o que muitas vezes não é possível, principalmente no caso de doenças crônicas, como artrose. “Um dos papéis do médico-veterinário é explicar e ensinar o tutor que a reabilitação é um processo a ser desenvolvido e que não haverá resultados em um dia ou dois.” Por isso, paciência e dedicação não podem faltar.

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