Alimentos ricos em sódio, açúcares, gorduras saturadas e outros nutrientes críticos à saúde em breve vão ter de trazer essas informações estampadas em seus rótulos em forma de alerta ao consumidor. As mudanças nesse sentido foram sinalizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e têm como objetivo garantir uma escolha mais informada na hora da compra.
Com o aumento do nível de informação, espera-se que o brasileiro passe a optar por alimentos realmente mais saudáveis e bons para a saúde. “Informação é fundamental para o consumidor. Sem isso, muitas vezes, ele acaba fazendo escolhas que não são adequadas. Quanto mais informação para a população, mais escolhas saudáveis ela poderá fazer”, avalia o endocrinologista fundador do Centro de Diabetes Curitiba e diretor da Unimed Laboratório, Mauro Scharf.
Problemas e soluções
De forma geral, as embalagens dos alimentos no Brasil escondem as tabelas nutricionais e destacam apenas os aspectos positivos do alimento, mascarando os negativos. Além disso, não existe uma padronização em relação às porções usadas como referência e essas, geralmente, não refletem a quantidade consumida.
Esses problemas e os novos modelos de rotulagem sugeridos estão no Relatório Preliminar de Análise de Impacto Regulatório de Rotulagem Nutricional – aprovado no fim de maio pela Anvisa. O documento está aberto ao público na página da agência, que também abriu um processo de consulta pública – espécie de pesquisa sobre o tema, que ajudará na elaboração do texto final da regulamentação e que deve ser encerrado ainda esta semana.
Entre as propostas de mudanças nos rótulos já apresentadas pela Anvisa, a que deverá ter mais impacto visual é a adoção de uma rotulagem nutricional complementar que informe o alto teor de açúcares adicionados, gorduras saturadas ou sódio. A informação deverá vir estampada na frente da embalagem, em modelo a ser definido pela Agência.
A base para o cálculo dos nutrientes também passará a ser padronizada: 100g para sólidos e 100ml para líquidos. Essa padronização das porções facilitará a comparação entre os alimentos e evitará que os nutrientes ruins sejam mascarados. Além disso, a definição do que é alto teor de um nutriente ruim passará a ser a definida pela Anvisa com base nessa porção.
Scharf elogia as propostas, mas ressalta a necessidade de as mudanças virem acompanhadas de uma campanha de educação nutricional para a população. “Eu só posso ver essas propostas de mudanças com bons olhos. Mas é preciso que isso venha acompanhado de uma ampla campanha de educação de esclarecimento que possa atingir o consumidor, diz.
A Anvisa faz a seguinte classificação para nutrientes de baixa qualidade:
– Alto teor de açúcares adicionados:
10g para sólidos
5g para líquidos
– Gorduras saturadas:
4g para sólidos
2g para líquidos
– Sódio:
400mg para sólidos
200mg para líquidos
*Valores para cada 100g ou 100ml de alimento.
Principais modelos de alerta nas embalagens, que estão em discussão:
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