A peça marca a consolidação da parceria artística entre a companhia “Academia de Palhaços” e o diretor José Roberto Jardim, que já trabalharam juntos em diversas ocasiões e configurações, mas que pela primeira vez se encaram como elenco e diretor. O espetáculo recebeu o prêmio Shell de Melhor Cenário, o Prêmio Aplauso Brasil de Melhor Espetáculo de Grupo e o prêmio de Melhor Direção pela Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro (Prêmio APTR). A montagem representou o Brasil no Festival “World Stage Design 2017”em Taipei (Taiwan) e nos Festivais Internacionais de Trabzon e Antália, ambas na Turquia.
A Academia de Palhaços se encontra com a obra de Matei Visniec
A Academia de Palhaços foi fundada por atores oriundos do curso de Artes Cênicas da Unicamp. Em 2018 comemora 11 anos de sua trajetória de pesquisa e produção teatral continuadas. A companhia deu início a uma investigação cênica sobre o palhaço de picadeiro brasileiro e, nos 10 espetáculos produzidos até o momento, transitou pelo universo do ator popular. Cinco desses espetáculos foram realizados sobre uma Kombi-Palco num projeto de teatro itinerante.
Em 2015, essa Kombi pegou fogo e teve queimados os cenários, figurinos, palco e equipamentos de som e iluminação. Diante dessa catástrofe, que reduziu anos de trabalho literalmente a cinzas, a companhia viu seu próprio fim. Dois de seus integrantes desistiram do teatro. Dispostas a seguir com o trabalho, restaram as artistas Laíza Dantas e Paula Hemsi que tiveram de lidar com o inevitável fim, assim como enfrentaram o recomeço e a mudança de ciclo. Diante da necessidade de se reinventar,convidaram o diretor José Roberto Jardim justamente no intuito de reler sua trajetória artística a partir de outras lentes. Afinal, Jardim trabalha numa perspectiva estética bastante distante da pesquisa da companhia, tendo seu olhar voltado ao teatro contemporâneo, suas performatividades (quando o ato da fala implica na realização simultânea pelo locutor), porosidades, fundamentos e raízes.
José Roberto Jardim respondeu ao chamado da companhia trazendo o texto “Um Trabalhinho Para Velhos Palhaços” de Matei Visniec, que trata justamente de três artistas circenses diante do fim de suas existências, de suas carreiras e da Arte. Uma metáfora perfeita para catalisar artisticamente o momento de fim/recomeço da Academia de Palhaços e seus atores.
Essa empreitada entre a companhia e o diretor, apoiada pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, reúne também uma premiada equipe de criadores: Tiago de Mello, o diretor musical, é um dos expoentes mais profícuos da música experimental eletroacústica do Brasil; o cenário e as vídeoprojeções ficaram a cargo do Coletivo BijaRi, um grupo de arquitetos, artistas plásticos e videomakersespecializados em instalações e mapping. Já o figurino foi criado e desenhado pelo estilista Lino Villaventura; e o visagismo é assinado por Leopoldo Pacheco. Essa equipe e suas contribuições alçaram o projeto a novos patamares. Em cena estão os atores Laíza Dantas, Paula Hemsi e Maurício Schneider.
O texto original de Matei Visniec conta a história de três palhaços velhos num tom de comédia do absurdo, ao melhor estilo de seu conterrâneo Eugène Ionesco. Já a adaptação assinada pelo diretor José Roberto Jardim essencializa o texto, universalizando muitas de suas questões, deixando suas contradições mais aparentes e o transformando num ácido mergulho existencial sobre o fazer artístico. A encenação potencializa ainda mais a adaptação ao reduzir elementos, apostando no minimalismo e na essencialidade, traços marcantes da assinatura de Jardim como diretor.
“Cada cena é um recorte num espaço-tempo descontínuo e fragmentado. São fotogramas vagando nas memórias individuais e coletivas daquela trupe circense. São vozes do passado ecoando em busca de algum sentido” diz o diretor José Roberto Jardim. O espectador, ao ser impactado pela violência dos deslocamentos espaço-temporais, é convidado a um passeio pelas questões que movem esses velhos artistas desde seu passado de glória até seu inevitável futuro. “Propusemos uma experiência sensorial que transita entre o abismo da morte e a devoção de uma vida voltada à Arte e que, portanto, mira a imortalidade”, conclui Paula Hemsi, uma das atrizes da Academia de Palhaços.
Serviço
Teatro: “Adeus, Palhaços Mortos”
Local: CAIXA Cultural Curitiba – Rua Conselheiro Laurindo, 280 – Curitiba (PR).
Data:de 31 de agosto a 02 de setembro de 2018 (sexta a domingo).
Horário:sexta e sábado, às 20h e domingo, às 19h.
Ingressos:vendas a partir de 25 de agosto (sábado).R$ 30 e R$ 15 (meia – conforme legislação e correntistas que pagarem com cartão de débito CAIXA). A compra pode ser feita com o cartão vale-cultura.
Bilheteria: (41) 2118-5111 (De terça a sábado, das 12h às 20h. Domingo, das 16h às 19h.)
Classificação etária:12 anos
Lotação máxima: 125 lugares (2 para cadeirantes)
(fernandodproenca