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Combate ao câncer de fígado está diretamente ligado à prevenção da hepatite C

Reduzir em 90% o número de novos casos e diminuir em 65% a mortalidade global causada pela hepatite, doença viral infecciosa que ataca o fígado e pode ser aguda ou crônica. Essa é a meta da Organização Mundial de Saúde (OMS) até 2030.

E entre os cinco subtipos da doença, a que mais preocupa é a hepatite C, que, segundo dados do últimoBoletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, é a maior causa de morte entre as hepatites virais no Brasil (75,8%). O número de óbitos por esse tipo da doença vem aumentando ao longo dos anos em todas as regiões brasileiras. Entre 2000 a 2016 foram identificados 50.179 óbitos associados à hepatite C. Destes, 54% (27.103) tiveram essa infecção como a causa básica, ou seja, a doença levou a outros eventos que ocasionaram a morte do indivíduo, como nos casos de câncer de fígado.

Rastreamento preventivo

Descoberto na década de 1980, o vírus da hepatite C (HCV) atinge cerca de 2,5 milhões de brasileiros. O mais grave é que, por ser uma doença silenciosa, que demora anos para manifestar sintomas, a maioria dessas pessoas nem desconfia que está doente. Além disso, ao contrário dos demais tipos da doença, não existe vacina para a hepatite C.

“O tratamento precoce leva a uma menor probabilidade de complicações potencialmente fatais, como cirrose e câncer de fígado. Essa medida, porém, só terá impacto na mortalidade daqui a alguns anos, pois a maior parte das pessoas que falece hoje devido à hepatite C contraiu a doença há muito tempo”, esclarece André Machado Alvim, infectologista do Hospital BP, principal hospital da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Os resultados de um estudo conjunto entre pesquisadores do Riken Center for Genomic Medicine, do Hiroshima University Hospital e do Sapporo-Kosei General Hospital, ambos do Japão, revelaram que a presença da hepatite C pode aumentar em até 70% a incidência de carcinoma hepatocelular (HCC), tipo mais comum de câncer de fígado.

“Estudos apontam que em indivíduos com uma boa resposta ao tratamento da hepatite C há uma redução de até 78% da chance de surgimento do câncer de fígado. Isso reforça a necessidade de diagnosticar precocemente e tratar a hepatite C como uma das estratégias para a redução dos casos não só de câncer de fígado, mas também de cirrose hepática”, ressalta Fernando Maluf, diretor médico associado do Centro Oncológico da BP.

 taynara.duarte@mslgroup.com

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