HOME Geral Direito e Justiça IPDA abre XIX Congresso Paranaense de Direito Administrativo abordando temas emergentes

IPDA abre XIX Congresso Paranaense de Direito Administrativo abordando temas emergentes

Ao abrir os trabalhos do XIX Congresso Paranaense de Direito Administrativo, terça-feira (21.08), na sede da OAB Paraná, em Curitiba, o presidente do IPDA – Instituto Paranaense de Direito Administrativo, Edgar Guimarães, destacou que o tema central do encontro “Direito Administrativo do medo” surgiu da percepção de um cenário que impera na administração pública brasileira. O encontro prosseguiu até sexta-feira (24).

“Constatamos que nos últimos anos, o administrador público tem se omitido na tomada de decisões sensíveis devido a uma série de fatores como, por exemplo, a ausência de estrutura adequada e a falta de capacitação dos servidores”, observa. Além disso, prossegue, o gestor público se omite por medo de ter seu patrimônio pessoal e sua moral ameaçados por ações de órgãos controladores e fiscalizadores, e deixa de agir de forma proativa.

Por compreender essa postura de temor dos agentes públicos que atuam na esfera administrativa, Guimarães sublinhou que a programação do Congresso foi pensada visando reduzir e até estancar este medo que assola a administração pública. “O mesmo medo que afeta os advogados públicos, muitas vezes responsabilizados pela emissão de pareceres”, observa o presidente do IPDA. O conteúdo do evento coloca na mesa de debates de forma aberta e sincera temas emergentes, polêmicos e contemporâneos do Direito Administrativo.

Compuseram a mesa de abertura do evento ao lado do presidente do IPDA, Edgar Guimarães, o ministro do Tribunal de Contas da União, Benjamin Zymler; o presidente da OAB Paraná, José Augusto Araújo de Noronha; o professor doutor Márcio Cammarosano, o conselheiro Ivan Bonilha, presidente do Instituto Rui Barbosa, o presidente do Tribunal de Contas do Estado do Paraná, Durval Amaral, o presidente do Instituto de Direito Administrativo do Mato Grosso do Sul, João Paulo Lacerda, e a  vice-presidente do Instituto dos Advogados do Paraná, Adriana D’Ávila Oliveira. Os presentes foram recepcionados pela voz de Karine Blum ao cantar o Hino Nacional.

Homenagens

Todas as edições do Congresso prestam uma homenagem a pessoas que contribuem para a ciência do Direito Administrativo. Este ano, o grande homenageado foi o professor doutor Márcio Cammarosano. Ele recebeu de Edgar Guimarães, uma placa alusiva à sua atuação no Direito Público. “É com muito respeito e administração que o IDPA tem a honra de homenageá-lo pelo seu caráter, honradez, dignidade e coragem”, declarou. Também foram homenageados os presidente do Tribunal de Contas do Estado do Paraná, Durval Amaral, e da OAB Paraná, José Augusto Araújo de Noronha, que receberam a placa, respectivamente, das mãos do diretor do IPDA, José Anacleto Abduch Santos, do conselheiro federal Renato Cardoso de Almeida Andrade. A diretora acadêmica do IPDA, Adriana da Costa Ricardo Schier entregou a placa ao conselheiro Ivan Bonilha.

Em seu pronunciamento, o presidente da OAB Paraná, citou números da advocacia paranaense, declarando que “somos 65 mil advogados ativos no Paraná e mais de 1 milhão no Brasil. Esse gigantismo da advocacia também mostra o tamanho dos problemas e a necessidade constante de aperfeiçoamento profissional”. Noronha assinalou que a OAB mantém o caráter independente num momento difícil no campo político, econômico e social. E garantiu que todos “queremos uma OAB ativa, combativa, livre de qualquer ideologia, sem vinculação partidária”. Aproveitou seu discurso para elogiar o tema do Congresso, mas enfatizou que o advogado não pode ter medo, “´precisa de coragem para enfrentar os duros caminhos percorridos para a realização da justiça, principalmente aqueles gestores que têm o dever de prestar um serviço público”.

Conferência magna

Coube ao ministro do TCU, Benjamin Zymler, fazer a conferência de abertura do Congresso. Ele abordou a consensualidade administrativa: o exemplo dos acordos de leniência e a jurisdição de contas. O conselheiro do TCE-PR, Ivan Bonilha, apresentou o conferencista aos congressistas. Zymler comentou sobre a atuação do órgão regulador nos processos referentes aos desvios apurados pelo Ministério Público em empresas como, por exemplo, a Petrobras.  De acordo com ele, o TCU procura aplicar, no exercício da jurisdição de contas,  sanções e imputar o dever de ressarcir, caso os administradores violem o dever de cuidado e diligência e causem prejuízo ao erário.

Mencionou várias leis que visam o controle o uso correto dos recursos públicos, regras para licitações e concessões, e mecanismos de freios, e importantes normas de governança. E citou a lei anticorrupção e a da improbidade administrativa. Informou que a as empresas estatais devem envidar esforços para adaptar seus estatutos as regras de governança estabelecidas pela nova lei, a fim de melhorar sua forma de atuação. Em relação aos acordos de leniência e delações premiadas afirmou que são dois instrumentos que beneficiam às empresas que se comprometem a cooperar com a jurisdição de contas, em especial com a quantificação e devolução do débito.

Colocou que cada órgão pode celebrar, nos limites da lei e de suas atribuições, acordos substitutivos das sanções de sua própria competência.  E observou que a Lei Orgânica do TCU estabelece que o tribunal pode apurar ilícitos, calcular débitos e decretar a indisponibilidade de bens do responsável. Salientou que a arbitragem também é importante mecanismo para a solução de conflitos e pode ser utilizado entre entidades pública e privadas, no entanto, “é muito pouco praticada no Brasil”, pontuou.

Solenidade de abertura do XIX Congresso Paranaense de Direito Administrativo – Foto: Bebel Ritzmann

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