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Sites de compra que emitem boletos para pagamento chegam a 75% no país

Pelo menos 75% dos sites de compras brasileiros já emitem boletos para pagamento, possibilitando que pessoas que não têm contas bancárias possam aproveitar a comodidade do e-commerce, de acordo com dados do Sebrae. Dados da Febraban mostram ainda que no país são pagos mais de 10 milhões de boletos por dia, ou 3,7 bilhões por ano. Mesmo assim, o documento ainda não se adaptou à tela dos smarthphones, que já respondem por 41% das compras online.

Segundo o diretor do Comitê de Facilitadores da Associação de Gestão de Pagamentos Eletrônicos (Pagos), Carlos Ogata, o boleto democratiza o acesso ao comércio eletrônico porque permite que consumidores que não têm cartão de crédito paguem por suas compras. “O boleto tem um grande apelo junto aos consumidores, pois permite comprar online mesmo sem ter uma conta bancária e ainda ter descontos especiais oferecidos pelos lojistas para quem escolhe esta forma de pagamento”, disse.

Os internautas brasileiros estão mais confiantes em fazer compras pela internet.
Cada vez mais compras pelo e-commerce são pagas por meio de boletos (Arquivo/Agência Brasil)

De acordo com a Pagos, em uma versão responsiva dos boletos, é possível copiar os dados para pagamento no aplicativo do banco do comprador e depois pagar em qualquer caixa eletrônico. Se os terminais de autoatendimento utilizados tiverem o leitor de código de barras com a tecnologia para a leitura da tela do celular, basta girar o telefone para visualizar e escanear o código. O cliente também pode imprimi-lo no formato convencional.

Ainda segundo a Pagos, a melhora na experiência de pagamento do boleto em smartphones e tablets é fundamental para converter mais vendas, independentemente do tipo de comprador que escolha esse método. Por isso, segundo o diretor, é essencial que os lojistas online se preparem para esse cenário e adaptem suas lojas para oferecer a seus consumidores não só uma excelente experiência de navegação, mas também a melhor experiência de pagamento, independentemente do método de pagamento escolhido.

“Apesar de o boleto bancário ser antigo, ele foi muito bem feito porque é um instrumento aceito universalmente em todos os bancos. Então, o boleto se tornou acessível àqueles que não têm conta bancária, e portanto ainda hoje ele é indispensável em qualquer transação eletrônica para aqueles que não têm cartão de débito ou crédito como opção para fazer compra no e-commerce. Por mais que se use a tecnologia online, em tempo real, o boleto continua sendo compensado no dia seguinte. É estranho, mas é a única forma que a gente vê ainda para incluir essas pessoas que não estão bancarizadas”, disse Ogata.

Vantagens

Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o boleto acaba sendo uma nova forma de pagamento, sendo uma das vantagens que o consumidor vê nas compras pela internet e sendo também interessante tanto para quem compra quanto para quem vende. “Do lado de quem recebe é bom porque cai na conta naquele mesmo dia. Se a empresa aceita cartão de crédito tem que pagar uma tarifa e as vezes demora para aquele valor cair na conta”.

Para Marcela, quem paga tem mais motivos para aderir a essa vantagem. “O primeiro é que muitas empresas dão descontos para pagamentos com boleto, justamente porque recebem o dinheiro antes. A segunda questão é porque no boleto eu preciso me forçar a pensar se vou conseguir pagar esse boleto, se tenho dinheiro na conta. Forçar o consumidor a ter essa consciência é muito importante, porque evita que ele fique com o cartão atrasado e tenha algum tipo de problema”, disse Marcela.

A terceira questão, segundo a economista, é que quando se coloca a compra no cartão de crédito, passa-se o valor e já fornece o número do cartão e a compra é feita naquele momento. Com o boleto é diferente porque depois da emissão há um prazo maior para pagar. “Isso pode ser importante para o consumidor ter um tempo para pensar também. Quando estamos em um site de compras ativamos uma parte do cérebro que é a mais impulsiva, portanto decidimos comprar muito mais por impulso do que por necessidade. Tendo um tempo para pensar pode-se racionalizar a compra e até desistir dela”.

Publicado em 23/08/2018 – 17:25

Por Flávia Albuquerque – Repórter da Agência Brasil  São Paulo

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