O mercado de bens de consumo vive da inovação e tem como base a criação de demandas e necessidades. A cada ano, dezenas de milhares de novos produtos são lançados e mais de 85% deles falham, segundo Medição Nielsen. O apelo consumista leva à aquisição de itens em excesso, muitos deles com pouca ou nenhuma utilidade. Um exemplo desse comportamento pode ser verificado em pesquisa realizada pelo jornal britânico Daily Mail que apontou que as mulheres inglesas compram, por ano, quantidades de roupas que equivalem a metade de seus pesos. Além disso, em média, elas possuem 22 itens não utilizados em seus guarda-roupas.
Em contrapartida ao consumismo, um novo estilo de vida tem despontado: o minimalismo. Com a ideia de que “menos é mais”, o estilo prega que a felicidade não está nos itens físicos e incentiva as pessoas a usarem suas energias em experiências, não em bens. Segundo o psicólogo e professor da Universidade Positivo (UP), Gilberto Gaertner, o minimalismo tem adquirido adeptos pelo mundo porque ajuda a repensar no consumo, na produção de lixo e no relacionamento com o espaço. “É uma busca clara de simplificar a forma de viver e experimentar somente o essencial para a sobrevivência”, comenta o professor.
O desapego de itens físicos pode ajudar a desestressar e ter mais tempo, já que manter menos itens pode significar uma economia de tempo para a limpeza, arrumação e até escolha do que vai ser usado, por exemplo. Além disso, Gaertner adiciona que pode ser um incentivo para a superação de emoções negativas: “Simbolicamente, ter mais espaço externo e se desapegar de muitas coisas pode dar margem para a pessoa abrir mais espaço interno e se desapegar também de lembranças, pessoas e sentimentos que não fazem mais sentido para a sua vida”.
Para fazer a mudança é necessário verificar se é a vontade de apenas seguir um modismo ou se é uma busca interna. O ideal é ir desapegando aos poucos, sem simplesmente se livrar de tudo que parece não ter utilidade. A gerente da Espaço A+ Self Storage, Rousy Mary Rojas, comenta que alugar um box pode ser uma ideia para esses momentos.
Ela também adiciona que há clientes que usam o local como uma extensão de suas casas, estocando bens como ferramentas, livros, artigos esportivos e até recordações. “É uma boa opção para guardar itens que são caros ou que possuem um grande valor sentimental, mas que ocupam muito espaço ou são usados raramente. Temos alguns clientes que possuem esse perfil, o que faz com que consigam utilizar de maneira mais inteligente e minimalista seus espaços”, ressalta a gerente.
Optar pelo estilo minimalista não é sinônimo de viver com muito pouco, apesar do que muitas pessoas pensam. O ideal é entender o que é importante, o que pode ser prático para o dia a dia e, também, reduzir o que apenas ocupa espaço. Há muita dúvida sobre o que deve ser guardado que não é funcional e que, simplesmente, tem apenas um apego sentimental. Sobre o assunto, o professor da UP ressalta: “Não existem fórmulas mágicas que sirvam para todas as pessoas. Para algumas, manter lembranças faz sentido e pode ter muito significado. Já para outras, dispensar as lembranças físicas do passado pode ser mais interessante. É uma decisão absolutamente pessoal e cada um deve respeitar seus sentimentos”.
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