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Desigualdade de gênero na área de segurança da informação

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Por Gina Van Dijk, Diretora Regional do (ISC)² América Latina

 

Projeções para 2022 indicam que o mercado mundial terá um déficit de 1,8 milhão de profissionais de segurança da informação, sendo que desse total a América Latina terá 185 mil vagas a serem preenchidas por profissionais capacitados. Uma das soluções para o gap profissional do setor passa, sem dúvida, pela conscientização de que homens e mulheres estão em situação de igualdade no que se refere a competências e habilidades.

Apesar dos constantes esforços das organizações do setor para promover a igualdade de gênero, ainda existem grandes lacunas entre homens e mulheres no que se refere a aspectos como representatividade, distinção no tratamento, diferença nos cargos ocupados e disparidade salarial. Assim, garantir a igualdade de gênero nos ambientes profissionais é um desafio em qualquer mercado, mas em especial na área de segurança da informação, onde as diferenças registradas no tratamento dispensado aos dois sexos são significativas.

Embora as mulheres representem a maioria da população mundial e estejam melhor preparadas que os homens em termos de educação formal, elas ainda são minoria e sofrem discriminação atuando no segmento. A pesquisa mundial Global Information Security Workforce Study: Women in CyberSecurity mostra que as mulheres geralmente ingressam na profissão com níveis educacionais mais altos que os dos homens, com 51% das profissionais habilitadas com mestrado ou certificados superiores, enquanto esse índice é de 45% entre os homens.

Mesmo assim, elas compõem apenas 11% da força de trabalho de segurança da informação no mundo. Na América Latina, a participação feminina é ainda menor, alcançando apenas 8%. Os resultados obtidos no levantamento também mostram que 51% das mulheres que atuam na área já sofreram variadas formas de discriminação, como falta de promoção e a proibição de exercer determinadas atividades.

Outro dado preocupante é que, de acordo com o estudo, a presença dos homens é muito maior em cargos de liderança, de gerência e de diretoria executiva, enquanto as mulheres ocupam a maioria das funções operacionais. Os números mostram que os homens têm nove vezes mais chances de alcançar a gerência e quatro vezes mais de se tornarem diretores e ocuparem cargos C-level. Na América Latina, a desigualdade é ainda mais forte. A maioria das mulheres ocupa funções que não são de liderança, com apenas 1% em colocações C-level, 3% na gerência e 1% como diretoras.

Quando se trata de remuneração, a diferença salarial entre os gêneros também é substancial. Em posições de diretoria, elas recebem 3% a menos do que os homens. No nível de gestão, a diferença é maior, com os homens recebendo remunerações até 4% maiores.

É necessário permitir que essas profissionais de alto potencial assumam posições de liderança, aumentando sua satisfação no trabalho, seu envolvimento e seu senso de valorização. Porém, uma mudança efetiva no ambiente profissional só será possível quando os líderes estabelecerem proativamente uma cultura organizacional que acolha e valorize a presença feminina ao invés de permitir comportamentos que, intencionalmente ou não, afastam as mulheres das profissões relacionadas à cibersegurança.

Essa estratégia precisa ser aproveitada pelas empresas que querem garantir o sucesso em plena era digital e em um momento em que tanto se discute inclusão e valores, contribuindo efetivamente para reduzir a falta de profissionais e, principalmente, a desigualdade entre homens e mulheres.

Poucos segmentos de mercado têm mais cargos que candidatos e, nesse cenário, as organizações precisam considerar medidas para engajar, desenvolver e reter mulheres competentes em sua força de trabalho.

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