A tarefa de cuidar de um idoso nem sempre é fácil. Sentimentos de culpa, de sobrecarga e dúvidas de como cuidar bem são comuns para cônjuges, filhos, netos e sobrinhos que cuidam de seus familiares idosos. Por outro lado, cuidar com amor e compreensão pode ser também uma experiência transformadora na trajetória de vida das pessoas que buscam crescimento pessoal. Para evitar que a rotina seja exaustiva é necessário que o familiar cuidador se mantenha bem informado. Dessa maneira, uma das fundadoras da plataforma Plug and Care e especialista na área de Gerontologia, Monica Perracini, tira dúvidas sobre dez Mitos e Verdades mais comuns no cuidado ao idoso. Confira:
1 – Idoso tem que tomar banho todo dia?
Mito! É fundamental que seja realizada uma higiene íntima frequente, de forma a evitar infecções urinárias e mau cheiro. Porém, a necessidade diária de banho é relativa. “Sabemos que as pessoas idosas, especialmente em dias frios não gostam de tomar banho. Muitos não percebem que estão cheirando mal. Cerca de 75% dos idosos com 80 anos ou mais tem um declínio importante do olfato. Mas isso não justifica a pressão dos familiares para que os idosos tomem banho todos os dias. Aqui vale o bom senso e o hábito de cada um. O importante é manter a higiene íntima, que se mal feita pode ocasionar as infecções urinárias de repetição tão comum nas mulheres idosas”, explica Monica Perracini.
2 – É mais seguro calçar o idoso com tênis para evitar quedas?
Mito! O calçado deve ser o mais confortável ao idoso, de modo que ele sinta firmeza e segurança ao andar. Para àqueles que passaram muitos anos de sua vida utilizando outro tipo de calçado, o tênis pode não ser bem aceito, gerando constrangimento e dificuldade no caminhar. Nada de calçados largos que saiam facilmente do pé ou ainda chinelos e sandálias sem alça na parte de trás. Os familiares devem ficar atentos a sapatos com muitos anos de uso, pois além de largos podem ficar gastos na sola.
3 – Idosos não sentem tanta sede?
Verdade! A desidratação ocorre com mais frequência com pessoas de idade avançada. Isso acontece, pois com o envelhecimento há um declínio na sensação de sede, e não por esquecimento. Segundo Monica Perracini, “existem algumas mudanças fisiológicas no organismo do idoso que ficam menos eficientes, deixando-o mais vulnerável a ficar desidratado rapidamente. Idosos sentem menos sede e consequentemente bebem menos água por conta própria. É importante que o familiar estimule que eles se hidratem, bebendo água, chás, café ou sucos durante o dia. A desidratação pode ser a causa de muitos problemas e o seu cuidador nem sempre se dá conta que pode ser decorrente de desidratação, como boca seca, tontura, fraqueza e até aumento dos batimentos cardíacos.”
4 – É normal um idoso ficar cansado e dormir a tarde inteira?
Mito! Uma soneca de 30 minutos nas primeiras horas da tarde é até recomendada, porém durante muito tempo é sinal de alerta. O excesso de tempo sentado ou deitado é totalmente prejudicial à saúde, em qualquer idade. Ficar assistindo televisão e cochilar entre um programa e outro também deve ser evitado. Dormir de dia pode significar pior sono durante à noite. Uma forma de colocar a preguiça de lado e promover uma melhora na qualidade de vida é realizar pequenas caminhadas ao ar livre, benéfica tanto ao familiar cuidador quanto ao idoso.
5 – Tomar um remédio após/antes do horário estabelecido pelo médico é prejudicial?
Verdade! É necessário respeitar o tempo do efeito do remédio, entre as doses recomendadas previamente pelo médico do idoso. Antecipar “somente uma hora” ou aguardar o horário da refeição para ingerir o remédio pode atrapalhar a sua absorção e o seu funcionamento. Atualmente, existem no mercado dispensadores de remédios e aplicativos que podem auxiliar na organização das tarefas relacionadas ao controle de remédios.
6 – Todo idoso com problema de equilíbrio deve usar bengala?
Mito! A bengala deve ser indicada após avaliação de um fisioterapeuta, que inclusive o ensinará a caminhar com este novo instrumento. “Muitos idososrecebem orientação para comprar uma bengala por indicação de um médico ou por palpite de familiares e conhecidos. No entanto, uma bengala mal indicada pode ser muito prejudicial para o idoso, podendo ocasionar quedas. Não só a altura da bengala e o lado de uso são importantes. Questões relacionadas ao alinhamento do corpo, eficácia das reações de equilíbrio e aspectos cognitivos como memória visual e atenção precisam ser avaliados”, alerta Perracini.
7 – Canja é uma refeição ideal para o idoso?
Mito! Embora seja nutritiva, a tradicional canja de galinha precisa de cuidados adicionais ao ser oferecida para o idoso. Na verdade não é só a canja, mas qualquer prato que contenha muitos pedaços pequenos e diferentes consistências é perigoso. Os idosos com dificuldades de mastigação e de deglutição podem engasgar com maior frequência e com isso apresentar infecções respiratórias frequentes. O familiar deve ficar também ficar atento a pigarro e tosse durante as refeições, que também são sinais de problemas que devem ser investigados.
8 – Idoso saudável tem que fazer academia?
Mito! É necessário respeitar a individualidade de cada um, e nem todos têm o perfil para frequentar uma academia. Fazer exercícios é importante, mas respeitando seus limites e atividades que proporcionem, principalmente, satisfação. Exercícios em academia feitos sem a supervisão próxima de um profissional podem causar lesões articulares e musculares.
9 – É verdade que idoso não precisa jantar todo dia?
Verdade! Muitos idosos gostam de substituir o jantar por um lanche. Basta equilibrar os nutrientes que fazem parte desse lanche, evitando excesso de carboidratos e equilibrando com outros nutrientes necessários, como verduras, legumes e proteínas. O ruim é quando esse lanche é pobre em nutrientes. O idoso deve comer de forma equilibrada e saudável.
10 – Pijama é a roupa ideal para o idoso?
Mito! O ideal são roupas confortáveis. É preciso entender que manter uma autoestima elevada é bom para saúde e importante para nosso bem estar. O idoso deve se manter confortável e, sobretudo, feliz. “Normalmente, usamos pijama durante o dia quando estamos doentes. Essa memória é parte da experiência vivida de muitos idosos e alimenta sintomas depressivos e apatia. É importante que o familiar ajude o idoso a manter o cuidado com sua aparência e o estimule a escolher que roupa vestir-se todos os dias”, esclarece Monica Perracini.
<ana@anavieiracomunicacao.com.br>