HOME + Mais Negócios Um holofote no setor de saúde para enxergar suas distorções

Um holofote no setor de saúde para enxergar suas distorções

Um holofote no setor de saúde para enxergar suas distorções

Sérgio Rocha é presidente da ABRAIDI

A Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde – ABRAIDI realizou um amplo estudo sobre o setor de fornecimento na área da saúde. O resultado do trabalho “O ciclo de fornecimento de produtos para a saúde no Brasil” foi alarmante. As empresas de distribuição no Brasil atuam de forma hercúlea, tendo que atender um país de dimensões continentais, investir em estoques elevados de equipamentos e materiais e ainda disponibilizar uma boa parte da estrutura necessária para as cirurgias em hospitais e/ou clínicas não tendo remuneração adequada e sofrendo com graves distorções que comprometem a saúde financeira das companhias. Nos países desenvolvidos, os hospitais são os responsáveis por essas estruturas, o que só reflete como o modelo brasileiro é insustentável.

A primeira distorção encontrada foi a retenção de faturamento que chegou a R$ 539,6 milhões, sendo R$ 331 milhões retidos por convênios, planos de saúde e seguradoras, R$ 113,8 milhões por hospitais privados e R$ 94,8 milhões por hospitais conveniados ao SUS. A retenção é quando uma fonte pagadora, após a realização de uma cirurgia previamente autorizada, não permite o faturamento dos produtos consumidos, postergando o pagamento. Em 29% dos casos, o distribuidor demorou 180 dias para receber.

O segundo ponto de deformação são as glosas. Essa prática totalizou R$ 100,8 milhões, atingindo 87% dos associados. Percebemos que existe uma glosa linear de cerca de 20%, sem qualquer critério, apenas para postergar os pagamentos. A terceira distorção foi a inadimplência que atingiu 91% dos pesquisados. A estimativa com perdas por conta da falta de pagamento foi de R$ 692,2 milhões.

O objetivo do levantamento não foi culpar ninguém, mas traçar um raio-x do segmento, jogar luz no problema para, juntos, encontrarmos uma solução. Vivemos a pior situação desde que atuo nesse segmento há mais de 38 anos e não dá mais para seguir assim e também não mais há espaço para discursos éticos se eles não forem colocados em prática. É preciso por o dedo na ferida para que ela seja curada de uma vez por todas.

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