Que a internet vem quebrando barreiras, todo mundo já sabe. Mas será que ela já quebrou as barreiras do escritório?
Basta ver a quantidade de vagas disponíveis para perceber que a demanda por bons profissionais, na área de TI, é grande. Ainda que cursos (universitários ou não) estejam cada vez mais acessíveis, as empresas estão ávidas por bons profissionais. Eu gosto de enfatizar o termo “bons”, porque para falar bem a verdade, existe sim uma certa disponibilidade. Mas poucos são os realmente bons.
Qual o perfil do profissional para Home Office?
Além dos requisitos básicos de um desenvolvedor (o mínimo para você ser contratado), é preciso um pouco mais. O bom profissional é proativo, comunicativo, responsável e comprometido.
Essas qualidades são imprescindíveis para quem anseia por trabalhar Home Office. Em casa não haverá um patrão dizendo a todo momento o que você tem de fazer. Aliás, este comportamento não é aceitável nem mesmo no escritório.
O profissional que trabalha em casa também precisa saber expressar suas ideias. Isso vai além do carisma natural. É preciso ter clareza para expressar ideias e compreendê-las. Saber como comunicar suas dúvidas, anseios, desejos. Ser bom em perceber as pessoas. E tudo isso sendo mediado por letras, webcam e Skype.
Responsabilidade e comprometimento, apesar de aparentemente muito próximas, são peculiarmente distintas. A pessoa responsável cumpre a palavra, garante acordos, cumpre as tarefas. A pessoa comprometida trabalha como se para si mesma. Preocupa-se com a qualidade do produto, com ganhos e perdas, como se ela mesma fosse a dona do negócio.
Você vai concordar que profissionais assim não estão disponíveis em toda esquina. As empresas já perceberam isso há algum tempo. E perceberam também que a abordagem “venha pra nossa cidade” nem sempre funciona. E com o crescimento, os custos com espaço tem aumentado exponencialmente.
Neste cenário, o Home Office aparece como uma bala de prata! Mas se por um lado é necessário um perfil profissional, por outro lado também é necessário um perfil empresarial.
Qual o perfil da empresa?
Um dos primeiros requisitos está relacionado às métricas. Medir se o trabalho está sendo efetivo e rentável não pode ser um exercício subjetivo, baseado em impressões. É preciso saber quantificar, valorar e estimar bem o trabalho, o tempo e a carga sob cada funcionário.
Modelos de métrica existem aos montes. O mais famoso — e também controverso — é a aferição por pontos de função. Este modelo atribui diversos pesos às features desenvolvidas, levando sempre em consideração o valor percebido pelo usuário final. O que leva a controvérsias, dado que os CRUD acabam gerando mais pontos de função que uma mega-rotina-faz-tudo-no-sistema.
Além de métrica, também é preciso que haja clareza nos processos. Times bagunçados, sem priorização e acompanhamentos de tarefas, nunca conseguirão ser performáticos. Sejam eles presenciais ou remotos. Neste momento, SCRUM, Safe, Kanban e suas variantes e “misturantes” fazem a diferença. Suas qualidades organizacionais permitem times comunicativos e ágeis (sacou?). Processos bem definidos tornam possível o trabalho. Não importa a distância.
“Mas a empresa onde trabalho não tem nada disso!”
É bem verdade que verdadeiros impérios foram erguidos sem o uso de nenhuma metodologia ágil e todas essas buzzwords do mercado. O mercado, no entanto, não é o mesmo de 30, 20, cinco anos atrás. As empresas que não se atualizarem estarão fadadas ao fracasso. Quer seja por falta de gestão, quer seja por falta de mão de obra. Afinal, quem vai querer trabalhar em um lugar que está mais preocupado com o teu horário de entrada do que com a tua saúde profissional?
Com vistas a tudo isso, a DB1 Global Software — meu atual local de trabalho — lançou este ano de 2018 a sua política de Home Office. Por já algum tempo, vínhamos rodando um piloto com profissionais de diversas áreas da empresa. Percebendo as dificuldades, bem como as possibilidades, que o modelo de Home Office poderia proporcionar.
Os resultados foram animadores. Contrariando todas as visões mais conservadoras, os resultados provaram que nem só a qualidade e a performance foram mantidas, como foram superadas com o trabalho remoto!
Por fim, se você chegou até aqui, deve ter percebido que a pessoa indicada para o trabalho remoto deve possuir um perfil bastante particular. Nem todo desenvolvedor o possui. No entanto, sua empresa DEVE possuir este perfil, ou estar procurando por ele. Não se trata apenas de seguir uma modinha ou uma tendência. Trata-se de gestão e garantir que você terá os melhores profissionais. Não importa onde.
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Francisco Thiago de Almeida é desenvolvedor há 14 anos, com experiência nos setores público e privado. Possui graduação em Teologia (UMESP) e atualmente é estudante de Sistemas de Informação na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Hoje faz parte da Unidade de IT Services na DB1 Global Software.