A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acaba de aprovar um novo medicamento para pacientes com câncer de próstata, desenvolvido pela Janssen, empresa farmacêutica da família de companhias Johnson & Johnson. A apalutamida é um inibidor do receptor de andrógeno, indicado em combinação com terapia de deprivação androgênica (ADT) para postergar o aparecimento de metástase naqueles pacientes que já realizaram o tratamento localizado, receberam ADT e, ainda assim, há aumento do PSA (marcador sanguíneo).
A terapia atual dos pacientes que progridem após o tratamento local consiste em castração cirúrgica ou química (deprivação androgênica), que reduz o nível de testosterona (hormônio que serve de alimento para os tumores crescerem). No entanto, muitos dos cânceres de próstata resistem à terapia nessa etapa e 90% dos pacientes acabam desenvolvendo metástases ósseas[i].
O novo medicamento demonstrou diminuir em 72%[ii] o risco de progressão para metástase ou de morte e proporcionou 40,5 meses de sobrevida livre de metástase (mediana), o que representa um ganho de dois anos quando comparado ao placebo (16,2 meses).
“Esse medicamento representa um grande avanço para uma situação grave do câncer de próstata que já falhou ao tratamento hormonal. A apalutamida possibilita postergar o aparecimento da metástase, que é justamente a parte mais temida da doença, e adia também os efeitos secundários desse processo, impactando positivamente na qualidade de vida do paciente”, destaca Fernando Maluf, oncologista clínico e diretor médico do Centro Oncológico da Beneficência Portuguesa de São Paulo, membro do Comitê Gestor do Hospital Israelita Albert Einstein e Diretor do Centro de Oncologia do Hospital Santa Lúcia, em Brasília.
Expectativa e qualidade de vida
Na fase não-metastática, a doença pode ser silenciosa e manifestar sintomas após a progressão e o surgimento de metástases. Porém, quando essas se manifestam há uma significativa redução na expectativa de vida. Estima-se que, na fase metastática, a expectativa seja reduzida para até 3 anos[iii].
A metástase do câncer de próstata também pode causar dor óssea, provocar fraturas ou até compressão da coluna vertebral[iv], impactando diretamente no dia a dia do paciente. Durante o estudo clínico SPARTAN, parte significativa dos pacientes que receberam o medicamento não apresentaram tal impacto e mantiveram no tratamento a mesma qualidade de vida que tinham anteriormente.
Esse resultado demonstrado em pacientes não metastáticos e assintomáticos é decorrente do perfil favorável de segurança e de tolerabilidade da apalutamida, que apresenta poucos eventos adversos graves. Os eventos adversos no geral foram comparados ao do placebo e os mais comuns foram fadiga, hipertensão e rash cutâneo.
Inovação no país
“O Brasil é o quinto país a receber a aprovação de apalutamida”, conta Telma Santos, Diretora Médica da Janssen Brasil. Agora, o produto passará por processo de aprovação de preço na Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).
A Janssen possui história e expertise para a inovação e o desenvolvimento de medicamentos oncológicos. Além da apalutamida, a Janssen já possui em seu portfólio brasileiro o acetato de abiraterona, indicado para pacientes com câncer de próstata metastático recentemente diagnosticado e não tratado anteriormente, e também para pacientes com a doença metastática que falharam à castração.
No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, com uma estimativa de mais de 60 mil novos casos anuais[v]. A doença, que acomete normalmente indivíduos acima de 50 anos, ocorre quando células malignas se formam nos tecidos da próstata. A metástase acontece quando essas células se disseminam para outros órgãos, que normalmente são os ossos, linfonodos, fígado ou pulmão[vi].
Sobre a apalutamida
A apalutamida é um novo inibidor oral de receptor de andrógeno que bloqueia a via de sinalização dos andrógenos em células do câncer de próstata. O medicamento inibe o crescimento de células cancerosas de três formas: prevenindo a ligação de andrógenos ao seu receptor nas células; bloqueando a entrada dos receptores de andrógenos nas células cancerígenas; e impedindo os receptores de se ligar ao DNA da célula maligna.
Sobre o estudo clínico SPARTAN[vii]
SPARTAN, é um estudo clínico de fase 3, multicêntrico, randomizado, duplo-cego, com braço-controle por placebo, que incluiu 1.201 pacientes com câncer de próstata não-metastático resistente à castração e foi conduzido em 332 centros em 26 países na América do Norte, Europa, Ásia e Austrália. Os pacientes foram randomizados em 2:1 para receber apalutamida em combinação com terapia de deprivação androgênica (ADT) (n=803) ou placebo em combinação com ADT (n=398).
A apalutamida em combinação com ADT reduziu o risco de metástase ou morte em 72% em comparação com placebo em combinação com ADT (HR = 0.28; 95% CI, 0.23-0.35; p < 0.0001).
A mediana de sobrevida livre de metástase foi de 40,5 meses para apalutamida em combinação com ADT comparado a 16,2 meses com o placebo em combinação com ADT, prolongando a sobrevida livre de metástase em mais de dois anos. O benefício de sobrevida livre de metástase foi observado de maneira consistente em todos os subgrupos de pacientes.
Em outros achados do estudo, a apalutamida em combinação com ADT comparado ao placebo em combinação com ADT também reduziu em 94% o risco de progressão do PSA (Antígeno Prostático Específico) (HR = 0.06; 95% CI, 0.05-0.08; P <0.0001) e reduziu em 51%[viii] o risco da segunda progressão da doença (PFS2 – tempo de progressão da doença ou morte após o segundo tratamento), o que sinaliza que a apalutamida não interfere negativamente em tratamentos subsequentes.
Para saber mais acesse: www.janssen.com.
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