A pele negra é naturalmente mais firme e mais resistente aos sinais de envelhecimento, no entanto as manchas são muito comuns. “Além da diferença de tom, a pele branca e a negra têm estruturas que justificam a necessidade de cuidados diferenciados para cada uma. A primeira diferença diz respeito à quantidade de melanina, que é o pigmento da pele — a negra contém mais dessa proteína do que a branca, o que predispõe ao surgimento de manchas hiperpigmentadas na pele”, explica a dermatologista Dra. Thais Pepe, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “No entanto, a maior pigmentação confere proteção natural contra a radiação solar, além de reduzir os efeitos do fotoenvelhecimento e minimizar o aparecimento de rugas e a flacidez. Mas isso não significa que a paciente de pele negra não deve usar protetor”, diz.
A Dra. Thais Pepe lembra que a principal causa de pigmentação na pele negra é a maior quantidade de melanina, mais especificamente a eumelanina, que produz pigmentos acastanhados. “Essa proteína tem a capacidade de causar uma hiperpigmentação em qualquer parte do corpo, principalmente no rosto, axilas, joelhos, cotovelos e virilhas, que são as áreas mais expostas às intervenções externas, como atrito de roupas ou ação do clima. Qualquer agressão, irritação ou inflamação que acomete a pele negra pode resultar no aparecimento de áreas escuras. As principais causas que levam ao surgimento das manchas são: marcas de acne; foliculite; pelos encravados; queimaduras; procedimentos cirúrgicos; procedimentos estéticos (peeling, depilação); reação a produtos de cuidado para pele mais abrasivos”, afirma.
Para evitar que as manchas apareçam, o protetor solar é o principal recurso. “Recomenda-se o uso diário de protetor solar especial para o rosto com fator 15, mesmo em dias nublados e em ambientes fechados. No caso de exposição direta, o FPS pode ser 30 e deve ser reforçado a cada duas horas, para evitar manchas de queimadura solar.” Outro cuidado que não pode faltar é com relação à limpeza. “O maior nível de oleosidade da pele negra está relacionado ao surgimento da acne, que pode posteriormente causar o aparecimento de manchas escurecidas. Por isso, recomenda-se o uso de sabonetes antioleosidade para limpeza facial duas vezes ao dia, seguido do uso de tônicos especiais para essa área do corpo”, destaca.
Apesar da paciente de pele negra no geral ter o rosto mais oleoso, ainda assim é necessária a hidratação. “A pele negra tem uma epiderme mais espessa que a protege de agressões externas, porém também impede que todos os componentes dos hidratantes sejam devidamente absorvidos. Por isso, recomenda-se o uso diário de cremes, principalmente nas regiões mais secas, e deve-se evitar banhos muito quentes, pois eles ressecam mais a pele”, afirma.
Tratamentos – Para tratar manchas em pele negra, a paciente pode usar cremes clareadores. “Os produtos com ativo niacinamida são bem-vindos, pois a substância presente neles ajuda na regulação da produção da melanina. Sua ação é a de equilibrar a transferência do pigmento para a parte superior da pele, o que favorece a uniformização do tom da pele do rosto. Também é necessário formular produtos antioxidantes com Vitamina E, Alistin e Arct-Alg”, diz.
Outro tratamento que pode ser feito em consultório médico é o peeling químico. “Esse tratamento consiste na aplicação do ácido retinóico, também conhecido como vitamina A, com o intuito de promover a descamação progressiva da derme e estimular a produção de diferentes tipos de colágeno. Os resultados do peeling químico incluem: uniformização do tom da pele do rosto; clareamento de manchas; reorganização das fibras elásticas danificadas pela exposição solar; melhora da irrigação e hidratação da derme”, afirma.
Por fim, com relação aos lasers, é preciso ter cuidado, justamente devido à grande quantidade de melanina na pele negra — um laser mais agressivo pode até levar ao aparecimento de novas manchas. “Existem aparelhos especialmente indicados para esse tipo de pele, com tecnologias que privilegiam a maior penetração da luz, sem grande absorção na superfície da derme (local onde há maior concentração de melanina)”, destaca. Mas a médica alerta: “Todos os tratamentos de manchas na pele negra devem ser acompanhados por médicos especialistas, para que o problema não se torne mais grave!”
FONTES:
DRA. THAIS PEPE: Dermatologista especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, membro da Sociedade de Cirurgia Dermatológica e da Academia Americana de Dermatologia. Diretora técnica da clínica Thais Pepe, tem publicações em revistas científicas e livros, além de ser palestrante nos principais Congressos de Dermatologia.
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