Francis Augusto Goes Ricken
O resultado eleitoral da última semana pegou a todos de surpresa. Observamos algo sem precedentes em termos de resultados eleitorais: a ascensão de políticos conservadores, a derrota de políticos tradicionais, a falta de opções viáveis de centro e a sensação de abandono de setores progressistas da sociedade. Uma constatação de novos tempos.
Esse artigo não tem o objetivo de analisar o cenário atual, isso seria mais do mesmo. Este texto tem o objetivo de conclamar todos aqueles que se sentem órfãos em tempos de guerra, aos que têm propostas de uma vida melhor, aos que defendem o sistema democrático, o respeito aos direitos individuais do nosso texto constitucional.
Queremos ser representados, queremos novidades, queremos defensores dos nossos direitos, queremos astúcia, inteligência e respeito. Primeiro, não admito um candidato violento, brutalizado e desrespeitoso com os direitos alheios, e segundo não quero um candidato forjado às pressas por impedimentos com a Justiça Eleitoral, resultado de um cálculo político errado e de um partido que não soube fazer sua autocrítica. Eu quero uma terceira via viável, respeitosa, que me acalme e respeite meus direitos.
Os antigos políticos são os verdadeiros responsáveis por nossas maiores vitórias democráticas, mas também são responsáveis por um sistema que não se renovou. Foram egoístas demais e pisaram em tudo que floresceu como uma saída. Eles foram responsáveis e agora sentem na pele suas escolhas. Eles não foram reeleitos, eles não encontram nomes para substituí-los, eles morreram sem herdeiros políticos a sua altura, e agora nos deixaram um problema imenso para resolver.
Se você pensa como eu, faço um pedido: não abandone o público, não deixe ele ser dominado mais uma vez por aquilo que você não acredita, ou o que não te representa. É impossível que o Brasil não tenha mentes abertas capazes de fazer o diferente.
Várias democracias pelo mundo passaram por crises como a nossa, e elas se reinventaram, tiveram maturidade, puderam fazer o diferente. Vários países europeus passaram por ondas “idiotizadas” e conseguiram gerar brotos de esperança. Falo com você que se sentiu oprimido dentro do quadro político atual, que viu seus amigos tendo que tomar decisões estranhas em buscar uma saída. Esse é o momento de tomar posições em prol dos seus interesses.
Você quer sua liberdade de amar, de professar seus posicionamentos, de escolher suas crenças, de viver sua cidade, de escolher sua vida? Se junte nessa onda crítica que deve se formar daqui para frente. Os conservadores não te representam? Os políticos tradicionais te menosprezaram? Os políticos por vir não te dão futuro? Seja o diferente, seja sua cidade, seja seus amigos dentro da política.
Nas próximas eleições, junte seus amigos, discuta as questões que mais te afligem, faça o diferente. Não podemos ser governados por aqueles que nos deram as costas e por aqueles que dizem como devemos agir. Devemos ser o futuro que sempre almejamos, temos que ser a resistência para um cenário político melhor, não podemos nos contentar com o menos pior.
Somos culpados do quadro político presente, demos brecha para esses que estão no poder, nos colocamos numa armadilha sem saída. Hoje temos que tomar nossa decisão e amanhã temos que tomar as rédeas do nosso futuro. Minha ideia é que façamos da política algo agradável, algo propositivo, algo livre e voltado ao futuro. Nas eleições de 2022 temos que ter escolhas, precisamos de um presidenciável comprometido com nosso amanhã, não posso aceitar que o sinal de futuro seja de uma arma, ou alguém que cheira a mofo.
Como devoto da constituinte de 1988, me entristece muito ver um candidato que exalta um regime autoritário, e outro que se sente preso a um passado comprometido. Falo com você que ainda não entrou na política, que ainda não tomou lado, que ainda se sente em dúvida. Não se entristeça, seja a política do futuro. O dia 29 de outubro deve ser o dia de convocar seus iguais e começar a fomentar a política para 2020 e 2022. Não se abata, levaremos muitas pancadas pela frente, mas estaremos trilhando um caminho para o amanhã. Vamos construir a política de base, a política dos insatisfeitos, a política dos setores progressistas da sociedade brasileira.
Você que está fora, salve nossa política, levante-se, seja a crítica, pense em nosso país, supere essa fratura democrática. Você sempre terá como aliado pessoas que lutam pela educação, cultura, amor e conciliação. Não seja como os políticos, seja você, seja a sociedade do século 21.
*Francis Augusto Goes Ricken, advogado e mestre em Ciência Política, é professor do curso de Direito da Universidade Positivo.