A escritora gaúcha Veronica Stigger participa nesta quarta-feira (7/11), a partir das 18h30, da Festa das Linguagens do Colégio Medianeira, evento que promove o diálogo entre as múltiplas linguagens e expressões artísticas, celebrando a cultura, o respeito e a cidadania. Este é um tempo e espaço de experienciar e partilhar apresentações de dança, música e teatro, mostras de cinema e fotografia, além de palestras e bate-papos com importantes nomes da literatura brasileira.
A FLIM é um espaço de debate e reflexão sobre as questões do nosso tempo, permitindo o intercâmbio de ideias e vivências. As discussões, sempre pautadas pela pluralidade, pela consciência e pela compassividade, tematizam as relações entre a cultura e a vida cotidiana por meio da leitura, da música e de outras linguagens artísticas.
Vinícius Soares Pinto, coordenador de Midiaeducação do Medianeira, explica que a arte, antes de tudo, é responsável pela humanização e consciência de quem somos. “A arte nos permite visualizar e encarar a realidade a partir de ângulos diversos. E diante de um mundo com discursos tão maniqueístas, a arte tem o poder de explicitar aos nossos olhos que não existe apenas um discurso ou uma verdade. Somos humanos, somos complexos e em constante transformação”, comenta.
Ao promover a humanização, a arte se transforma em uma ferramenta fundamental de conexão e redescoberta da essência do sujeito.
Absurdo e cotidiano
Nascida em Porto Alegre, Stigger é jornalista, crítica de arte, professora universitária na USP e foi uma das convidadas do Litercultura deste ano. A arte, comentou em entrevista exclusiva ao Colégio Medianeira, tem como função principal a problematização das questões que afetam o ser humano, funcionando como uma catarse. “A violência está impregnada nas relações sociais, uma violência que decorre das grandes diferenças e da desigualdade social que nós temos”, refletiu a autora.
A literatura de Veronica Stigger é pautada pelo absurdo, um absurdo arraigado no cotidiano e que é capaz de chocar e sensibilizar. Nesse sentido, Opisanie swiata, sua estreia no romance, e Sul, coletânea de contos lançada há dois anos, fazem coro no conjunto de sua obra. “2035”, relato que integra Sul, ecoa o desmoronamento do futuro, o desfalecimento da memória e a ruptura entre o imaginário inocente da criança e o desapontamento constante da vida adulta.
As consequências dessa desilusão se materializam na decomposição da cidade e da vida em sociedade. “Não podemos perder de vista que se passa numa cidade destruída, abandonada, vazia, uma cidade que talvez tenha enfrentado uma guerra ou uma catástrofe, em que as pessoas que restam se escondem em suas casas”, explicou ao jornal Cândido, da Biblioteca Pública do Paraná.
Ainda assim, não existe distanciamento na obra de Stigger, ao contrário, é uma produção que aproxima. Como na canção que diz “se não for o amor, será a guerra que irá nos unir”, a literatura da escritora é acolhedora, como um consolo para o caos. Como Gonçalo M. Tavares, conhecido pela proficuidade, Veronica Stigger é capaz de escrutinar o cotidiano e não medir esforços para mostrar que, como diria Belchior, “as aparências não enganam”.
Entre a beleza e a barbárie, Stigger se confirma como uma das vozes mais interessantes e audíveis da literatura contemporânea, recendo os prêmios Machado de Assis, da Fundação Biblioteca Nacional (2013), São Paulo de Literatura (2014), e Jabuti (2017). Foi finalista do Prêmio Portugal Telecom (2014) e ficou em 3º lugar no Jabuti de 2014.
Serviço
Veronica Stigger na Festa das Linguagens do Medianeira
Quando: 7 de novembro
Horário: 18h30
Ingresso: gratuito
Local: Salão Nobre | Colégio Medianeira
Endereço: Av. José Richa (Marginal da Linha Verde), 10.546 | Prado Velho | Curitiba/PR
jonatanrs@colegiomedianeira.g12.br