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Cuidados dermatológicos para pacientes com câncer de mama

Assim como a importância do autoexame para a prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama, também é fundamental lembrar dos cuidados que devem ser tomados após a identificação da doença.

A dermatologista Renata Sitonio, da Clínica Sitonio, explica que a pele e seus anexos, como cabelos e unhas, são órgãos de impacto após o diagnóstico do câncer de mama, tanto pela própria doença, que debilita o organismo, quanto pelos efeitos colaterais do tratamento. Por isso, é necessário se atentar a alguns cuidados dermatológicos que esses pacientes precisar ter durante o tratamento.

“O diagnóstico do câncer de mama é um choque para qualquer mulher, com isso, o próprio estresse do diagnóstico já pode ter impactos na qualidade da pele, unhas e cabelos. Durante a quimioterapia, é preciso redobrar os cuidados com a pele, os cabelos, o couro cabeludo e as unhas”, orienta a dermatologista.

Cabelos

A dra. Renata Sitonio explica que os medicamentos podem levar à queda dos cabelos (alopecia), por esse motivo é essencial cuidar da proteção solar do couro cabeludo. O uso de filtro solar com fator de proteção acima de 30 é indispensável para evitar queimaduras. “Abuse também dos lenços e cores. Além de ajudarem a proteger do sol, eles podem contribuir para o seu estilo de se vestir. Chapéus, boinas e perucas são outras opções. Deve-se evitar, no entanto, colar a peruca no couro cabeludo para evitar alergias e manter a higiene adequada, evitando o risco de infecções”.

A perda dos cabelos pode ser um fator angustiante para pacientes com câncer que estão em fase quimioterapia, por esse motivo, muitas buscam tratamentos para evitar a queda. A dermatologista conta que muitos estudos têm sido realizados com a finalidade de encontrar recursos que previnam a perda ou que façam os cabelos crescerem mais rapidamente.

“Até agora, os melhores resultados foram identificados com o resfriamento do couro cabeludo durante a quimioterapia (scalp cooling /scalp hypothermia ou crioterapia). A ideia do tratamento é que o medicamento usado na quimioterapia não afete tanto os folículos do pelo, prevenindo a queda”.

O tratamento, que ficou mais conhecido após os relatos da apresentadora Ana Furtado, funciona da seguinte forma: uma touca de criogel é aplicada um pouco antes, durante e um pouco após a quimioterapia. A temperatura mais fria faz com que os vasos sanguíneos do couro cabeludo fiquem contraídos. Dessa forma, passará passe menos sangue, o que, consequentemente, levará menos quimioterápico. “Isso causa menos dano ao fio e o protege da queda. Os resultados são variáveis. Vai depender do esquema quimioterápico usado e da resposta individual de cada paciente. Um bom resultado é a prevenção da queda total de cabelos ou de mais de 50%”, diz a especialista.

Sobrancelhas e Cílios

Neste caso, a maquiagem pode ser a melhor opinião, afirma a dermatologista. Um bom lápis pode ajudar camuflar as sobrancelhas. Mas atenção: evite compartilhar a maquiagem com outras pessoas e não use produtos velhos ou fora da validade, isso pode ocasionar uma contaminação. Quanto aos cílios, os postiços são uma opção. Dê preferência aos magnéticos, que não usam cola e dessa forma evitam a irritação das pálpebras.

Pele

Nessa fase, será comum sentir a pele um pouco mais ressecada do que de costume. Beba bastante água, passe adote um hidratante para peles sensíveis no rosto e no corpo. “Alguns medicamentos usados no tratamento podem deixar a pele mais sensível e sujeita a manchas, por isso, não esqueça do filtro solar”.

Unhas

Renata alerta que as cutículas não devem ser retiradas durante o tratamento e, muito menos, usar o material de outra pessoa ou até mesmo da manicure. “As cutículas servem de proteção. A sua retirada pode ser a porta de entrada para um germe oportunista e, nessa fase, não deve haver brechas. Além disso, alguns medicamentos podem levar à inflamação ao redor das unhas e ao seu descolamento e a retirada das cutículas podem favorecer esse processo”.

Também evite ficar muito tempo com esmalte nas unhas sem retirá-lo. Isso pode mascarar algum sinal importante nas unhas e dificultar o diagnóstico de uma infecção, por exemplo. Antes de pintar as unhas, consulte seu oncologista. Além disso, com a medicação, as unhas ficam quebradiças ou sofrer alterações da cor. Nestes casos, a hidratação também é muito importante para mantê-las mais fortes e saudáveis.

Outras regiões

“Outra queixa importante e muito pouco relatada entre as mulheres que estão em tratamento de câncer de mama é o ressecamento vaginal que causa ardor, dor na relação sexual e até infecções urinárias. São sintomas semelhantes ao da menopausa, que acontecem ou se acentuam por causa dos medicamentos. Há um certo temor em usar estrogênios (indicados para esses sintomas), pois os tumores de mama geralmente são alimentados por esse hormônio. Felizmente, muitos estudos são feitos nessa área. Hoje, temos laser íntimos que tem demonstrado bons resultados, e, claro, uso de lubrificantes, géis vaginais, fisioterapia pélvica e dilatadores vaginais”, explica a médica.

Sobre Renata Sitonio

Médica dermatologista chefe da Clínica Sitonio, em São Paulo, e médica colaboradora no ambulatório de cosmiatria do Hospital do Servidor Público Municipal. Graduada pela Universidade Federal da Paraíba, Título de Especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, Especialista em Dermatologia no Conselho Federal de Medicina e Associação Médica Brasileira, Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia – SBD – e regional de São Paulo e Coautora do livro IPCA sobre técnicas cirúrgicas com agulhas. Mais informações: www.clinicasitonio.com.brmondonipress@gmail.com

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