Rio terá simpósio internacional para promoção de cirurgia segura

Rio terá simpósio internacional para promoção de cirurgia segura

Da mesma forma que um piloto de avião tem um checklist para verificar antes de decolar, antes da cirurgia o médico deve checar a lista de segurança recomendada pela Organização Mundial da Saúde, para reduzir os riscos inerentes a qualquer operação. Esse procedimento será apresentado e discutido com milhares de cirurgiões durante o 50º Congresso Brasileiro de Ortopedia e Traumatologia – CBOT, que começa dia 15 no Riocentro.

“O erro médico é a terceira causa de morte nos Estados Unidos”, explica o ortopedista Geraldo Motta, que vai dirigir o Simpósio Internacional de Cirurgia Segura, que acontecerá durante o CBOT. Ele acrescenta que só nos EUA são relatadas em média 20 cirurgias na parte errada do corpo a cada semana, o que comprova a necessidade de maior segurança nas cirurgias.

Geraldo Motta insiste que o tema é tão sério que foram convidados especialistas da Alemanha, como Akos Zahar, que abordará a ‘Preparação perioperatória da pele e ambiente cirúrgico’ e dos EUA, de onde virá Cyril Mauffrey para falar sobre ‘A segurança do paciente na cirurgia’. Especialistas brasileiros discorrerão sobre ‘Percepção do risco e cultura de segurança’ e ‘Perspectiva brasileira em segurança do paciente’.

Artigos científicos comprovam que mais de 60% dos erros em uma cirurgia são evitáveis através do uso de procedimentos para garantir a segurança e, estatisticamente, países onde o checklist é utilizado registraram queda de 11% para 7% na taxa de complicações cirúrgicas e de 5% para 0,8% na mortalidade hospitalar após cirurgias de grande porte.

Geraldo Motta defende uma mudança cultural para melhorar a segurança nas cirurgias pois, ‘ao contrário do que se poderia esperar, a maior parte dos erros em ambiente cirúrgico ocorre com profissionais mais experientes, devido ao excesso de confiança e à baixa percepção do risco”.

A segurança nas cirurgias aumenta consideravelmente quando são incluídos processos sistemáticos antes da realização do ato operatório, como a confirmação de que se trata do paciente certo e do local cirúrgico correto, da avaliação do risco de eventual perda de sangue excessiva, da confirmação da aplicação de antibióticos profiláticos para prevenir a infecção se for o caso, além de muitos outros itens importantes, como a necessidade do paciente ser encaminhado a UTI após a cirurgia por exemplo. A utilização deste checklist cirúrgico também promove a perfeita comunicação entre os vários profissionais na sala cirúrgica.

A presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – SBOT, Patrícia de Moraes Barros Fucs, reitera que a sistematização do uso do checklist só pode ser atingida através da educação, treinamento e capacitação dos especialistas, e neste sentido ressalta o lançamento há pouco tempo de um Tratado de Ortopedia assinado por Geraldo Motta e Tarcísio Barros, com um capítulo inteiramente dedicado à segurança do paciente no ambiente cirúrgico.

Outra iniciativa importante da SBOT para melhorar a segurança cirúrgica foi o lançamento da campanha Considere o Risco, que alerta o cirurgião para a possibilidade de erros na prática diária, enfatizando a necessidade do uso do checklist cirúrgico como barreira. A campanha tem como slogan a frase da Organização Mundial de Saúde: Lembre-se que cirurgias seguras salvam vidas.

 

SERVIÇO:

50º Congresso Brasileiro de Ortopedia e Traumatologia

Local: Centro de Convenções Riocentro, Rio de Janeiro/RJ

Datas: 15 a 17 de novembro de 2018

Informações: http://cbot2018.com.br/