O custo (e o lucro) da inovação

Para se manter no mercado e apresentar diferenciais aos clientes, empresas investem em tecnologia, serviços diferenciados e novos ambientes para desenvolver inovação

Inovar é premissa básica para se destacar em um mercado cada vez mais competitivo. Segundo o estudo “2018 Global Innovation 1000”, realizado pela PwC com as mil empresas mais inovadoras do mundo, houve um aumento de 11,4% no investimento em pesquisas e desenvolvimento, em relação ao ano passado. No total, essas empresas aplicaram $781 bilhões, sendo que a líder da lista, a Amazon foi responsável por quase 3% do montante. Só há cinco empresas brasileiras no ranking: Petrobras, Vale, B3 (Bovespa), Embraer e TOTVS.

Entretanto, implantar novas ideias nem sempre significa criar novos modelos de negócios ou grandes investimentos: muitas vezes, o foco na melhoria de processos, em atualizações tecnológicas e ficar atento às demandas dos clientes são iniciativas suficientes para fazer a diferença. Esse é o modelo que a rede de supermercados Festval leva em consideração na hora de promover mudanças em suas lojas.

Em 2016, o grupo varejista implantou em algumas de suas unidades o sistema de self-checkout, modelo já consolidado no exterior, mas ainda pouco utilizado no varejo brasileiro. O gerente de marketing do Festval, Fabiano Szpyra, comenta que a proposta foi acompanhar as tendências do mercado internacional. “Para encantar o cliente nós temos que dar opções que deixam a vida dele mais simples. Muitas pessoas preferem utilizar esse método de pagamento e precisamos atender a essas expectativas”, analisa o gerente.

Mas inovar nem sempre é fácil. Szpyra relata que o varejo é um grande laboratório e que é muito difícil conseguir prever a reação do cliente em relação às novas tecnologias e processos. “É uma grande aposta. Apesar de existirem vários estudos, adaptação de modelos e análise de resultados, é necessário investir para inovar e se diferenciar dos concorrentes. As marcas que pretendem se manter no mercado precisam investir cada vez mais em tecnologia”, argumenta.

Para gerar mais possibilidades para a inovação, há empresas que estão buscando espaços independentes para criar novos produtos e serviços sem impactar diretamente no core business. É o caso da PGMais, empresa de soluções em relacionamento que, em parceria com a SoftMarketing, criou uma spin-off com apenas um objetivo: desenvolver soluções de inteligência artificial (IA). O CEO da SoftInova, Juliano Tebinka, comenta que será possível ampliar as áreas de atuação das companhias sócias e desenvolver propostas de atividades que estejam alinhadas com as necessidades do mercado. “Você sai da rotina e consegue criar iniciativas diferentes, reinventando seu negócio. Essa é uma premissa para se manter competitivo e atender às expectativas dos clientes”, analisa o CEO. Para Juliano, as soluções com IA serão muito difundidas nos próximos anos e esse investimento inicial deve trazer bons retornos para a nova empresa.

Controle da inovação

Entretanto, para inovar, é preciso colocar o assunto em pauta e dar prioridade às mudanças necessárias. Márcio Viana, diretor executivo da TOTVS Curitiba, aponta que a inovação empresarial ainda esbarra em alguns obstáculos, como a falta de controle e de priorização em algumas companhias. “Pode parecer contraditório falar sobre inovação controlada, mas a verdade é que as ideias têm que ser tratadas como projetos. Há muitos casos de empresas que incentivam seus colaboradores a desenvolverem propostas de melhoria, mas no dia a dia muitos desses conceitos se perdem e as alterações não ocorrem. Nesse cenário, todos saem perdendo”, ressalta Viana.

Para o executivo, ferramentas que auxiliem no gerenciamento e desenvolvimento de novas propostas são essenciais, uma vez que a visualização constante dos desafios e das iniciativas ajuda a não deixar o espírito inovador em segundo plano. Sobre o assunto, ele comenta que a empresa firmou uma parceria com uma empresa de Portugal para lançar um board de inovação em modelo SaaS (software as service). “A ideia é juntar novos desafios tendo como base a recompensa, utilizando o modelo de gamification. Os colaboradores interagem com as ideias que acham mais válidas e ajudam a escolher as inovações aderentes ao negócio. É uma forma de manter a inovação viva e engajar a equipe”, finaliza o diretor da TOTVS Curitiba.

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