O Brasil está entre os países latino-americanos em que a pirataria de sementes mais se expande a cada ano. Estima-se que, de tudo que é colocado em campo no território nacional, 30% tenham sementes ilegais como ponto de partida. Os números apontam para porcentagens gritantes como a cultura do feijão, por exemplo, que chega a cifras de 90%. Já a popular soja, tem 35% de suas sementes adquiridas no mercado paralelo.
Os prejuízos para o agronegócio também são proporcionais. Segundo levantamento realizado em 2018 pela Associação Brasileira de Sementes e Mudas – ABRASEM, as cifras alcançam R$2,5 bilhões ao ano, sendo que, somente no Paraná o valor chega a R$464,1 milhões anuais.
Frente a esses números, a ABRASEM junto com a Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas – APASEM -,promovem no próximo dia 07/02, durante a realização do Show Rural Coopavel, o Painel ‘Os Desafios da Produção de Sementes no Brasil’.
Entre os convidados está o presidente executivo da ABRASEM, José Américo. O executivo será um dos palestrantes durante o painel, que ainda vai contar com a presença de Ildomar Ivan Fischer (MAPA), Marcílio Martins Araújo (ADAPAR) e Marco Palhano (PRF).
José Américo, que tem vasta experiência no mercado de sementes nacional e internacional, dará um panorama do setor, discorrendo sobre os principais desafios e as perspectivas para quem atua no mercado de sementes. Para a ABRASEM, inúmeros são os fatores que têm incentivado a prática da pirataria de sementes em todo o país. Entre eles está a falta de informação de quem adquire esses produtos no mercado paralelo, ignorando os riscos desta prática.
“Quem compra sementes ilegais está abrindo a porteira para inúmeros problemas que vão desde colocar em risco a sua própria lavoura, bem como não contribuir para o desenvolvimento mais rápido de toda a cadeia do agronegócio, uma vez que a prática desestimula a realização de novas pesquisas”, afirma José Américo.
Na sequência a sua explanação, as instituições farão o lançamento da campanha nacional contra a pirataria de sementes. Com o slogan “Semente Pirata Espanta a Produtividade”, a mesma vai trazer para discussão o quanto a pirataria no campo é corrosiva e os riscos que corre o produtor que opta por essa prática no mercado paralelo. “Nos anos anteriores, associações como APASEM (PR) e APASUL (RS), fizeram campanhas em seus estados e os resultados foram expressivos. Agora vamos tratar da pauta de forma integrada e em todo o Brasil. Os resultados deverão ser ainda mais expressivos”, destaca José Américo.
Campanha
Ao longo de 2018 as diferentes entidades brasileiras que representam o setor de sementes se uniram para discutir alternativas para barrar a prática da pirataria no campo. Entre as ações decidiu-se realizar a campanha de conscientização em âmbito nacional, uma vez que a problemática não se restringe a determinada região, mas é algo que atinge todos os estados.
Elaborada para ser trabalhada ao longo de 2019, a campanha leva o mote de “Semente Pirata Espanta a Produtividade”. A ideia é mostrar que quem utiliza o produto pirata pensa muitas vezes no fator econômico, e acaba não só se auto-prejudicando, como também repassando a conta para todo o agronegócio.
Apoio
A campanha contra a pirataria de sementes encabeçada pela ABRASEM em parceria com todas as associações estaduais, tem o apoio no Paraná de grandes instituições ligadas ao agronegócio paranaense, entre elas o Sistema Ocepar, Sistema Faep, Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná, Sindicato Rural, além da APASEM e BRASPOV. Também no Paraná, em 2019 a Polícia Rodoviária Federal fez a adesão à causa.