O Hospital Angelina Caron (HAC), em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, realizou 252 transplantes em 2018, mantendo-se como a instituição com mais procedimentos feitos no estado, segundo dados da Central de Transplante do Paraná. Os pacientes com transplantes de coração, córnea, fígado, medula óssea, pâncreas ou rim ganharam mais de 1,4 milhão de dias de vidas – cálculo feito a partir do dado de que 70% dos transplantados têm uma sobrevida média de cinco anos, segundo a Organização Brasileira de Transplantes de Órgãos.
Para o médico responsável pela Central de Transplantes do Hospital Angelina Caron, João Nicoluzzi, esse desempenho é resultado das ações continuadas contra a desinformação e alguns temores que ainda envolvem a doação de órgãos. “O ano de 2018 foi excelente, resultado das ações para a conscientização e reflexão das famílias. A doação de órgãos ainda é um assunto tabu na sociedade. É fato que os números podem melhorar. Precisamos continuar sensibilizando a população para a necessidade da doação de órgãos e mostrar quantas vidas podem mudar”, explica.
15% dos procedimentos no Paraná
A quantidade de transplantados pelo Angelina Caron representa 15% dos procedimentos realizados em todo o estado em 2018. Entre os órgãos de maior ênfase no hospital estão os transplantes de pâncreas/rim: dos 15 casos no Paraná em 2018, 12 ocorreram no HAC (80%). “Procedimentos complexos como esses reforçam a posição do Angelina Caron como referência para transplantes no estado e na Região Sul. Podemos mencionar ainda os números de procedimentos de fígado (23% de todo o estado) e rim (25% deste cenário)”, destaca Nicoluzzi.
“Com um modelo de gestão eficiente dos recursos que recebemos do SUS, conseguimos alavancar os procedimentos de alta complexidade, como na Central de Transplantes, investir em equipamentos e estrutura de todas as frentes do hospital, além de ampliar a qualificação tecnológica e de pessoal”, explica Bernardo Caron, diretor administrativo do hospital.
Superando a desinformação
No Brasil, a doação de órgãos depende da concordância da família. Após a morte encefálica do paciente, as equipes envolvidas no processo procuram os familiares e explicam sobre a possibilidade da doação dos órgãos. A estimativa é que 43% das famílias rejeitem a doação, segundo o Ministério da Saúde. Infelizmente, apesar do crescimento no número de doações, a quantidade de negativas continua alta. Na Espanha e Estados Unidos, por exemplo, o índice de recusa é de aproximadamente 20%. Por isso, a conversa com a família é fundamental para reduzir a rejeição.
Em 2018, a grande ação de conscientização realizada pelo HAC foi a campanha “Vidômetro”, em parceria com o Grupo Bitcoin Banco, que chamou atenção para o melhor investimento que se pode fazer: os dias de vida produzidos pelos transplantes, ajudando a reduzir as negativas no processo de doação – realidade que aumenta as filas de pacientes à espera de um órgão.
A campanha contou com um painel instalado no Aeroporto Afonso Pena que mostrava a quantidade de dias de vida gerados pelos transplantes de órgãos realizados pelo HAC. Além do “Vidômetro” físico e do videocase, foi criado um painel digital para a contagem diária de novos dias de vida, na landing page, e o filtro “invisto em vidas”, para ser adicionado à foto do perfil no Facebook. Ao todo, as etapas da campanha geraram um engajamento de 362 mil pessoas.
Como ser um doador
Qualquer pessoa pode doar órgãos. Para doadores vivos, é preciso concordância e que não prejudique sua saúde. Pessoas em vida podem doar um dos rins, parte do fígado, do pulmão ou da medula óssea. Já para doadores falecidos, é necessário que seja constatada morte encefálica e que ocorra o consentimento da família.