Ecossistema de TI de Maringá está com 600 vagas abertas

A falta de mão de obra qualificada para suprir a demanda das empresas é fator crítico, mas o setor encontra condições para se desenvolver cada vez mais. Este ciclo virtuoso atrai e qualifica profissionais em TI

Ecossistema de TI de Maringá está com 600 vagas abertas

Em Maringá, no noroeste paranaense, o setor de Tecnologia da Informação não para de crescer. O faturamento esperado pelo setor para 2019 é de R$ 1,2 bilhão. São 4 mil trabalhadores atuando em cerca de 400 empresas ligadas ao setor. Maringá se transformou na segunda cidade com mais expressão no setor de desenvolvimento de software do Paraná, atrás apenas de Curitiba, segundo o panorama realizado pelo Sebrae, com o setor crescendo em taxas de até 20% ao ano na cidade.

Para continuar crescendo o setor necessita de mão de obra. Hoje, há 600 vagas em aberto esperando para serem preenchidas. Frente a essa necessidade, empresas do setor investem em qualificação.

Para o presidente da Software By Maringá, criada em 2007 e que hoje conta com mais de 100 associados entre empresas e startups, Luis Marcos Campos, trata-se de um desafio constante a busca por profissionais. “Desde que começamos, foi possível diagnosticar que havia falta de mão de obra qualificada na cidade, então, desenvolvemos parcerias de capacitação com instituições de ensino superior, com o sistema S – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Serviço Social da Indústria (Sesi) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio (Senac) – e mesmo com o setor privado, as próprias empresas de software investem em programas de formação de mão de obra. Hoje, colhemos os resultados de uma ação planejada, mas ainda há carência de profissionais para o setor”. A Software by Maringá atua como facilitadora de conexões e de amadurecimento profissional.

Uma das empresas associadas à SbM é a Benner, que há 18 anos atua com foco no desenvolvimento de softwares para gestão de saúde. De acordo com Vanessa Viana Benevento, coordenadora de Recursos Humanos (RH) da unidade maringaense, há 25 vagas e mais de 60 vagas entre Maringá e a unidade de Curitiba. “A empresa tem contratado bastante. Falta mão de obra. Das últimas cinco contratações que fizemos, três delas são do interior de São Paulo e dois daqui. O próprio diretor é mineiro e atuava em outra empresa, dividindo o expediente entre as capitais paulista e mineira”, explica.

A Benner deverá lançar em junho um programa de contratação de estagiários e oferecer um curso de formação. “Alunos de primeiro ano graduação ou cursos técnicos, sem experiência, serão contratados, receberão um salário para uma carga de quatro horas diárias e ainda terão um curso de formação para aprender os processos. Essa é a maneira que pensamos para suprir a falta de profissionais. Com isso, temos sanado os problemas mais urgentes”, conclui. 

Outra empresa que promove cursos de capacitação na cidade é a SG Sistemas, especializada em soluções em software para gestão e automação comercial, com o programa SG Trainee. Desde 2007 a empresa busca descobrir talentos na área de desenvolvimento de software e ensina programação aos interessados com no mínimo 16 anos “do zero”. São até 10 vagas para os melhores classificados que são contratados pela empresa. O 1º colocado ganha uma bolsa de estudos no curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas na Faculdade Cidade Verde de Maringá. Até o momento, mais de 100 colaboradores foram contratados pela SG Sistemas por meio do projeto.

Já o Grupo DB1, formado por empresas de tecnologia sediadas em Maringá – PR, Presidente Prudente – SP e, em breve, Campo Grande – MS, está com 85 vagas abertas e há dois anos criou o DB1 Start, programa de capacitação em desenvolvimento de software, voltado para estudantes de computação ou engenharia que pretendem ingressar ou se desenvolver na área de TI, com possibilidade de contratação pela DB1 ao final do curso e/ou encaminhamento de talentos a outras empresas do setor. A empresa já contratou 34 estudantes que participaram de edições anteriores do DB1 Start, mas o setor precisa contratar mais mão de obra de forma mais rápida.

Para Cesar Rael, diretor executivo da SbM, hoje a demanda do setor de TI é suprida pelos cursos universitários, mas a maioria já está empregada em empresas do setor. “A cidade não está suprindo a carência de profissionais de tecnologia localmente. Precisamos de mais cursos universitários e técnicos, estes oriundos do ensino médio, para suprir as necessidades, além da atração de profissionais de fora, já que Maringá é considerada hoje uma das cidades com a melhor qualidade de vida do país”, finaliza.

Maringá tem atingido índices dos mais favoráveis em termos de qualidade de vida certificados pela ONU, com base no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). A cidade também se destaca como o melhor município do Paraná e um dos melhores do Brasil para criar os filhos, segundo um ranking avaliado pela Delta Economics para o site Exame.com.

Foi em busca de qualidade de vida que Edoil Barros, Gerente de Projetos do Grupo DB1, decidiu mudar para a cidade em 2012, fazendo de Maringá o melhor lugar para a criação de seu primeiro filho sem deixar a vida profissional de lado. “Aqui em Maringá posso ter uma qualidade de vida melhor e trabalhar em uma empresa antenada com o que há de melhor em padrões organizacionais e tecnológicos. Não tenho mais aquela vida maluca de São Paulo, gastamos menos tempo no trânsito e conseguimos estar em casa antes das 19 horas, assim temos mais tempo para viver em família”.

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