Pesquisa simultânea realizada pela Carcycle com os participantes do debate realizado pelo Colégio Brasileiro de Executivos de Saúde – Capítulo Paraná (CBEXs-PR) em Curitiba apontou que a maioria acha que a indústria deve liderar a transição do setor de saúde para o VBHC (Value-Based Healthcare), ou seja, os cuidados à saúde baseados em valor. A discussão sobre “Como a Indústria está participando da Saúde Baseada em Valor” foi realizada em 25 de abril na FAE Business School e reuniu aproximadamente 100 pessoas do setor e os debatedores – o diretor do Grupo de Saúde da 3M Brasil, Marcelo de Camargo; o membro do time de liderança da Medtronic Brasil, Marcos Hume; e o coordenador de Serviço de Intervenções Cardiovasculares do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Hélio José Castello Junior, além do mediador, o sócio-diretor em Healthcare da KPMG, Daniel Greca.
Com 29 anos de experiência no mercado de saúde, o diretor do Grupo de Saúde da 3M Brasil reafirmou a importância de trazer a indústria dentro do conceito de valor e a necessidade de colocar a discussão para todos os setores da saúde. Destacou ainda que para isso é preciso ter ética e a preocupação em melhorar a vida do paciente sem aumentar o custo da cadeia de saúde. “Para sentar na mesa e discutir saúde de valor é preciso ter confiança e por isso citei a ética e a preocupação legítima com o paciente, que deve acontecer a todo o momento”, sentenciou Camargo.
Castello Junior destacou que a única forma de mudar o sistema para saúde em valor é envolver todos os players como operadoras, hospitais, associações médicas, fornecedores, prestadores de serviços, inclusive pacientes, entre outros. Segundo ele, o mercado de saúde é o maior do mundo e envolve 7,2 bilhões de clientes. Hume destacou que a saúde de valor é um tema que está em alta e apontou a necessidade de a indústria se transformar. Ele informou que a Associação da Indústria de Produtos para a Saúde (Abimed) já formou um grupo de trabalho para discutir os cuidados da saúde de valor.
O presidente do CBEXs-PR, Claudio Enrique Lubascher, ressaltou que a transformação do setor só será realizada quando houver responsabilidade de todos os envolvidos. “Temos que assumir e compartilharmos as responsabilidades”, destacou. Lubascher acredita para dar sustentabilidade ao setor de saúde não há outro caminho senão se reinventar. Também destacou o caráter apartidário do evento e que um fórum amplo permite discussões mais ricas sobre a saúde baseada em valor.
Resistência
Durante o evento foi discutido também quais as maiores resistências ou barreiras para se engajar em modelos VBHC com a indústria. A pesquisa simultânea da Carycle apontou que 45% dos participantes responderam que é a confiança entre as partes e a transparência; 32% disseram que é a ausência de dados; 10%, a disposição a risco financeiro da instituição; 6%, a dificuldade de implantação interna de modelos de VBHC na instituição.; 6%, cobertura regulatória da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e modelo de pagamento; 0%, disposição à cobertura a risco clínico da instituição; e 0%, nível de risco financeiro a ser assumido pela indústria.
Outra pesquisa realizada com participantes do evento foi sobre qual o tipo de contribuição que eles esperam da indústria para implementar projetos em VBHC. O resultado foi que a maioria apontou financiamento de pilotos, metodologia (definição e episódios de cuidado, métricas, mensuração de desfecho, modelos de acompanhamento por área e treinamento) e ferramentas. Com relação sobre qual a percepção da disposição da instituição que esses participantes trabalham de se engajar em pilotos VBHC com a indústria nos próximos seis meses, a maioria respondeu que tem “Alta disposição”. Em segundo lugar, ficou a informação de que a instituição que eles trabalham já tem pilotos VBHC em negociação e/ou andamento sem a indústria.
O debate teve o patrocínio da Sodexo (gestão) e o apoio institucional da FAE Business School, Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), KPMG, Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Paraná (Fehospar), Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Paraná (Femipa), Associação Brasileira de Planos de Saúde do Paraná e Santa Catarina (Abramge PR-SC) e do Instituto Brasileiro de Valor em Saúde (Ibravs).