“Latinidades Curitibanas” reúne pesquisa histórica, receitas, fotografia e entrevistas
“A comida é expressão da cultura não só quando produzida, mas também quando preparada e consumida. As pessoas não utilizam apenas o que é oferecido pela natureza, mas criam alimentos, preparam-nos seguindo técnicas, escolhendo o que lhes convém conforme critérios também culturais”. (MONTANARI, 2008)
Assim, se forma o conceito de Cultura Alimentar, que expressa à identidade de povos e grupos sociais ao longo do tempo. No Brasil matizado pela colonização, a Cultura Alimentar de Curitiba está fortemente relacionada às culturas indígena, africana e portuguesa. Em outro momento, a presença da imigração de famílias de origem italiana, alemã, espanhola, polonesa, ucraniana, japonesa, síria, entre outras, introduziu outros hábitos na nossa alimentação. Os novos movimentos migratórios e imigratórios dos dias de hoje continuam a introduzir características aos hábitos alimentares dos povos nesta cidade.
Com o objetivo de dar mais visibilidade aos saberes culinários, verdadeiro patrimônio imaterial de Curitiba, surgiu o projeto Latinidades Curitibanas, idealizado pela produtora especialista em projetos de cultura alimentar, Lai Bottmann Pereira. Com o objetivo de mapear e promover a cultura alimentar de comunidades latino-americanas de Curitiba, o projeto vem apresentar saberes da culinária de 12 países da América Latina.
“Vale ressaltar que, entre os países representados, foram incluídos o Brasil e o Haiti. Neste nosso continente, tendo a maioria dos países de língua oficial espanhola, acaba-se deixando à parte os outros países de língua latina. Este projeto tem como objetivo a difusão e união dos países latino-americanos, especialmente em Curitiba, uma cidade identificada por outras características culturais. Queremos mostrar que a América Latina está em Curitiba, assim como Curitiba faz parte deste continente maravilhoso, com vários alimentos enraizados na culinária de diversos países pelo planeta”, conta Lai.
Durante os períodos das navegações europeias, muitas espécies nativas e originárias da América Latina acabaram por ser plantadas e difundidas em outros países. Segundo o historiador Magnus Pereira “todo esse movimento alterou drasticamente as dietas humanas de todas as regiões do planeta. A batata dos Andes foi introduzida na Europa, inicialmente como comida de porcos, pois as pessoas consideravam seu sabor horrível. Só no século XVIII, após muita pressão das coroas europeias, o consumo humano da batata se difundiu e hoje é ‘típico’ da culinária de muitos países europeus. O que seria da culinária portuguesa sem o bacalhau do Ártico e a batata dos Incas? O que seria da culinária italiana sem o molho dos tomates e pimentões astecas? O que seria da nossa culinária sem o feijão e a mandioca domesticados pelos indígenas e o arroz, trazido da Ásia no século XVIII? Os animais e plantas domesticados e difundidos ao logo da história humana são um dom de nossos antepassados, compartilhados com toda a humanidade.”
Durante a execução do projeto, uma ampla pesquisa foi realizada pela historiadora Meg Mamede, a qual possui vasto currículo de pesquisa com foco em cinema e alimentação, que mapeou as comunidades, bem como os personagens e pratos que contam essa história.
O resultado será apresentado no dia 18 de junho (terça-feira), às 19h, no teatro Londrina, no Memorial de Curitiba, com entrada gratuita. Será publicado também na Coluna Comida É Cultura, do portal Cultura 930, em formato de texto, fotos e áudios que serão veiculados na Rádio Cultura de Curitiba, AM 930, contando sobre um prato tradicional de um país latino-americano com comunidade instalada em Curitiba, garantindo assim a difusão dos saberes tradicionais das comunidades a que fazemos referência neste projeto para o grande público.
Além disso, as histórias e saberes das comunidades representadas estarão disponíveis para consulta no site www.cultura930.com.br, ao longo do segundo semestre de 2019, como contrapartida do projeto.
Os participantes estão com bastante expectativa dos resultados e contam que a iniciativa do Latinidades Curitibanas é positiva porque divulga a comunidade e valoriza o trabalho. “Poder contar sobre o nosso trabalho foi muito importante, e esperamos que a comunidade conheça cada vez mais um pouco da nossa cultura”, conta o venezuelano Samuel Paez. Além disso, a ALAG – Associação Latino Americana está sendo constituída em Curitiba, para que o trabalho dessas pessoas seja fortalecido e reconhecido na cidade.
Participam do projeto:
País | Nome | Prato |
Argentina | Pablo Aimar | Lomito |
Bolívia | Carmen Espejo | Sopa de Maní |
Brasil | Doralice Messias | Tacacá |
Chile | Ximena Leon | Caldillo de Congrio |
Colômbia | Claudia Rueda | TamalSantafereño |
Cuba | Teresita Campos | Yuca em Mojo e Plátano Maduro Frito |
Haiti | Gabriele Philogène | Legume Haitiano |
México | Daniela Garcia | Enchiladas Verdes |
Paraguai | Maria Elena Khouri | Chipa-Guasu |
Peru | Fernando Montenegro | Locro Peruano |
Uruguai | Jorge França | Pasta Flora |
Venezuela | Samuel Paez | Majarete |
Serviço:
Lançamento do projeto Latinidades Curitibanas
Data: 18 de junho
Horário: das 19h às 21h
Local: Teatro Londrina, no Memorial de Curitiba, com entrada gratuita.
PORQUE COMIDA É CULTURA!
Equipe: Lai Pereira (coordenação geral), Marcelo Empinotti (curadoria), Meg Mamede (pesquisa histórica), Juana Dobro (fotografias e entrevistas), Rádio Cultura de Curitiba (edição e veiculação)
PROJETO REALIZADO COM O APOIO DO PROGRAMA DE APOIO E INCENTIVO À CULTURA – FUNDAÇÃO CULTURAL DE CURITIBA E DA PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA