Um levantamento realizado pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, sobre mortes e internações por fogos de artifício, com base nos registros de hospitais públicos ou conveniados ao SUS, revelou que 228 pessoas perderam a vida em contato com fogos de artifício no Brasil, desde 1996, quando o levantamento começou a ser realizado.
A notícia positiva é que de 2016 para 2017 o número de mortes caiu em cerca de 35% passando de 21 para 14 óbitos. “Para cada pessoa morta, três sobrevivem, em média, com queimaduras no rosto e nas mãos e terão que conviver com sequelas pelo resto da vida”, alerta o presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, José Rodrigues Laureano.
O Sudeste é a região com o maior número de mortes, desde 1996, com 91 mortes, seguido do Nordeste, onde as festas juninas são bastante tradicionais, com 79 mortes. Depois aparecem as regiões Sul (35), Norte (19) e Centro-Oeste (8).
O número de internações permaneceu praticamente estável, com 488, no ano passado. Em 2017 foram 486 internações e em 2016 foram 613. O total de internações entre 2010 e 2018 foi de 4.882. Nesse mesmo período, 2.040 pessoas foram internadas por queima de fogos de artifício na região Sudeste, seguida do Nordeste com 1.691 casos, do Sul com 451, Norte com 386 e Centro-Oeste com 314 internações.
“As quedas tanto nas internações quanto nas mortes por fogos de artifício são muito positivas, mas infelizmente existe uma grande probabilidade que haja uma subnotificação e os dados reais sejam maiores”, afirma o presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, José Rodrigues Laureano Filho. Ele conta que a face, as mãos e braços são as regiões mais atingidas do corpo pelos fogos de artifício. “É preciso ter cuidado ao manipular esses artefatos e se proteger”, orienta o especialista.
No mês de junho, o número de pacientes com entrada nos hospitais por queimaduras com fogos triplica, por conta das tradicionais festas de Santo Antônio (13/06), São João (24/06) e São Pedro (29/06). O levantamento do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, entidade que congrega os cirurgiões-dentistas especializados em cirurgia buco-maxilo-facial, registrou, no período de 2010 a 2017, que o estado recordista de internações foi a Bahia com 997, seguida por São Paulo (908) e Minas Gerais (671). Em quarto lugar aparece o Rio de Janeiro (387 internações), depois o Pará (234), Paraná (189), Paraíba (185), Santa Catarina (142), Ceará (131) e Rio Grande do Sul (120), Goiás (112) e Rio Grande do Norte (107). Os demais estados têm menos de 100 casos de internações/cada.
O Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial lembra que as queimaduras no rosto podem envolver diversos especialistas para a reconstrução de uma face ferida por fogos de artifício. “O melhor é evitar ou seguir recomendações do fabricante, além de comprar sempre em lojas credenciadas. Embora a legislação proíba que menores de idade manipulem fogos de artifício, cerca de um em cada quatro internado era menor de 18 anos. “Os pais precisam redobrar a atenção, principalmente nessa época do ano, e conversar sobre o assunto com os filhos”, recomenda o especialista.