Na tentativa de largar o cigarro ou então diminuir os danos que o tabaco causa ao organismo, muitas pessoas têm optado por fumar os cigarros eletrônicos, dispositivos criados justamente para funcionarem como uma alternativa ao cigarro convencional. Isso por que os chamados dispositivos eletrônicos para fumar (DEF) possuem benefícios sobre o cigarro convencional, já que não geram fumaça, apenas vapor, e não contam com compostos químicos como alcatrão e monóxido de carbono, principais causadores de doenças pulmonares. Porém, isso não quer dizer que esses aparelhos não causem malefícios ao organismo. “Além de também conterem nicotina, droga de alto poder viciante, um estudo recente publicado no Jornal da Academia Americana de Dermatologia concluiu que os cigarros eletrônicos podem causar manifestações dermatológicas prejudiciais, incluindo estomatite, queimaduras, coceira e vermelhidão nos lábios e mãos”, explica a dermatologista e tricologista Dra. Kédima Nassif, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Os resultados do estudo, que teve como objetivo ampliar o conhecimento e conscientizar a população sobre os danos causados pelo uso dos cigarros eletrônicos, foram alcançados através da análise de pesquisas anteriores que apresentavam os efeitos do uso desses dispositivos na pele ou mucosa. Após avaliação dos dados obtidos, os pesquisadores observaram que dermatite de contato, queimaduras térmicas e lesões da mucosa oral, como estomatite, são condições constantemente associadas ao uso dos cigarros eletrônicos. “Em um dos casos relatados, por exemplo, observou-se que a paciente usuária dos cigarros eletrônicos desenvolveu erupção eritematosa e coceira na mão, além de eritema e inchaço dos lábios, devido ao níquel que é liberado pela bobina responsável por aquecer o dispositivo”, destaca a dermatologista. “Lesões térmicas, como queimaduras, também foram relatadas pelos usuários de DEF, sendo causadas pela falta de regulação térmica interna dos aparelhos. Além disso, notou-se ainda um grande número de casos de estomatite por nicotina, condição que causa inchaço e feridas no interior da boca.” Dessa forma, os autores do estudo concluíram que o cigarro eletrônico não é uma alternativa totalmente segura ao cigarro convencional.
Porém, a Dra. Kédima Nassif ressalta que não existem pesquisas suficientes para que se possa afirmar de forma definitiva se o uso do cigarro eletrônico, cuja a venda é proibida no Brasil, é seguro ou não. “O assunto gera grande controvérsia entre os especialistas. Por isso, ainda são necessários mais estudos para avaliar os danos desses dispositivos tanto na pele quanto em outras áreas do corpo. O recomendado então é evitar o uso desses produtos até que fiquem mais claro quais são os efeitos dos dispositivos eletrônicos para fumar no organismo”, finaliza.
DRA. KÉDIMA NASSIF: Dermatologista e Tricologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e da Associação Brasileira de Restauração Capilar. Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais, possui Residência Médica em Dermatologia também pela UFMG; realizou complementação em Tricologia no Hospital do Servidor Público Municipal, transplante capilar pela FMABC e em Cosmiatria e Laser pela FMABC. Além disso, atuou como voluntária no ensino de Tricologia no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo. www.kedimanassif.com.br
Estudo: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30965061
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