Ok, você tomou a vacina contra a gripe, mas na próxima semana pega um resfriado. Isso é possível sim e o Dr. Alexandre Colombini, otorrinolaringologista, explica o porquê. É bastante comum no inverno, com as sucessivas frentes frias, muitas pessoas sofrerem com alergias respiratórias, refriados e gripes, que aumentam em 40% a incidência, por conta das oscilações climáticas. Ele explica que aqui o grande vilão não é o vírus, mas o ar frio, seco, as fumaças e a poluição do ar. Tomar a vacina é fundamental, por que diminui o risco de gripes e suas complicações, mas são a frente fria, o tempo seco e a baixa umidade relativa do ar que contribuem para o aumento das doenças respiratórias devido à alta concentração de poluentes na atmosfera e maior concentração das pessoas em lugares fechados.
Além disso, as constantes queimadas que vem sendo noticiadas e que em um único dia transformou os céus em noite, trazem ainda mais prejuízos a nossa respiração. A fumaça inalada contém substâncias tóxicas que se instalam na cavidade nasal e predispõe quadros graves de alergia respiratória. Com isso tudo, o organismo vê reduzido o seu mecanismo de defesa, que propicia o aparecimento de doenças respiratórias como rinite, sinusite, asma e bronquite.
De acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde, as doenças respiratórias atingem, em média, 30% da população mundial. Porém, durante o inverno a atenção deve ser ainda maior. Por conta da inversão térmica, quando uma camada de ar frio, que é mais pesada, acaba descendo à superfície terrestre e impedindo que o ar quente, mais leve e que por isso fica retido acima, promova a circulação deste ar, aumentando a concentração de poluentes bem próximo de nós, o que resulta na irritação das vias respiratórias.
Além disso, como a temperatura interna do nosso corpo deve ser em torno de 37 graus, em dias muito frios ocorre a vasoconstrição que desloca o sangue para o centro, deixando as extremidades mais frias, a fim de manter os órgãos e músculos em funcionamento, mais aquecidos. Já, através da respiração, há grande perda de água e calor. Quando as vias respiratórias são atingidas por um ar mais seco e frio há uma piora do sistema respiratório por que ele deve trabalhar sempre úmido para que haja a correta produção de muco no qual estão as enzimas e anticorpos protetores. O ar frio também atua como irritante das vias aéreas, o que acarreta em mais sintomas respiratórios, como a falta de ar, coriza e até sangramento nasal. Desta forma, o correto transporte do muco das vias aéreas inferiores para as superiores é comprometido, favorecendo a entrada de fungos e bactérias que iniciam um processo inflamatório que propicia a proliferação das doenças.
“Nessa época do ano, as queixas crescem em 40% e piora bastante também em função da má circulação de ar, em ambientes fechados e da poeira que se acumula e entra com facilidade em nosso corpo devido ao ressecamento das vias respiratórias”. Segundo pesquisa, estima-se que cerca de 10% dos brasileiros apresentem quadros variados de asma, enquanto30% sofram com rinite alérgica.
“A faixa etária que mais sofre nessa época do ano são as crianças, com idade abaixo dos 5 anos e os idosos acima dos 60 anos, isto por que o sistema imunológico nestas faixas é menos funcional. Com isso as chances de as gripes e resfriados voltarem a cada semana é maior, o que também acaba levando a um gasto maior dos anticorpos, abaixando ainda mais a resistência para que peguem mais e mais doenças respiratórias”, explica o Dr. Colombini.
Por conta disso, o Dr. Colombini recomenda algumas dicas que podem ajudar a fortalecer o corpo e evitar as alergias respiratórias nessa época do ano:
O que fazer então:
– Beber bastante água: o ideal é ingerir dois litros por dia para manter o organismo hidratado. Isso vai ajudar muito a hidratar as vias respiratórias também.
– Faça limpeza nasal com solução fisiológica ao menos duas vezes ao dia. Caso trabalhe em ambiente com ar condicionado, redobrar o uso por que ele resseca ainda mais as vias respiratórias.
– Umidifique o ar, seja com aparelhos próprios para isso ou mesmo com toalhas úmidas e/ou grandes bacias para que haja uma grande superfície a ser evaporada para tornar o ar mais úmido.
– Guarde brinquedos de pelúcia em embalagens à vácuo depois de higienizados.
– Procure manter os ambientes arejados.
– Evite usar vassouras para limpar a casa, pois elas podem espalhar a poeira. Prefira utilizar panos úmidos.
– Troque a roupa de cama a cada semana.
– Procure ter uma boa alimentação. A alimentação deve ser balanceada com sopas e caldos ricos em verduras e legumes. As frutas são essenciais, principalmente aquelas que contêm vitamina C, como a laranja. Elas ajudam a prevenir gripes e resfriados.
– Lave as mãos com álcool gel e evite o contato com a boca, nariz ou olhos por que é a porta de entrada dos vírus e bactérias.
– Tenha um bom sono e um bom descanso.
– Evite o contato com pessoas gripadas ou com resfriados, pois essas doenças são adquiridas pelo ar. Ao espirrar, coloque um lenço ou a mão só se puder lavá-la em seguida, ou vai transmitir a doença assim que tocar qualquer superfície.
– Mantenha a respiração sempre pelo nariz e não pela boca, pois as narinas têm a função de filtrar o ar e aquecê-lo;
“Os vírus da gripe podem ficar até cerca de três dias em superfícies impermeáveis, por exemplo, um corrimão, de metrô, trem, uma maçaneta de uma porta e por aí vai. Por conta disso, mouses, touchpads e teclados de todo o tipo também armazenam vírus, por isso ele recomenda evitar usarmos de outras pessoas, ou sempre lavar as mãos com álcool gel após utilizarmos.
Já aqueles que são alérgicos ou que têm rinite alérgica, bronquite ou asma são mais sensíveis nessa época do ano e sofrem mais. Devem previamente consultar o médico para poderem se fortalecer, evitando quadros mais graves. “A ida ao pronto-socorro pode prejudicar ainda mais qualquer quadro, pois ali com certeza é um ambiente fechado onde há acúmulo de doenças respiratórias de todo tipo, portanto só vá em casos de febre, acima de 37.8 graus, mal-estar, catarro muito escuro ou comportamento apático”, recomenda o Dr. Colombini.
Bio:
Dr. Alexandre Colombini Pellegrinelli Silva
Formado em Medicina pela Universidade de Marília, Dr. Alexandre Colombini escolheu como sua especialidade a Otorrinolaringologia, cuidando de ouvidos, nariz e garganta. Fez sua especialização em Otorrinolaringologia no renomado Instituto Felippu, tendo como foco a Rinologia e a Cirurgia Endoscópica das patologias nasais e paranasais.
Áreas de atuação: Otorrinolaringologia clínica e cirúrgica com enfoque nas patologias nasais, cirurgia endoscópica, ronco e apneia
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